Laura despertou cedo naquela manhã, o celular ainda sobre o criado-mudo, sem nenhuma nova mensagem de Heitor. Um estranho vazio ficou no ar, como se algo estivesse suspenso entre os dois. Mas ela tentou afastar o pensamento enquanto tomava banho e se arrumava para o trabalho.
Vestiu uma saia envelope preta, na altura dos joelhos, e uma camiseta branca simples. Optou por usá-la sem sutiã — o tecido era encorpado o suficiente, e ela nunca gostara da sensação de alças apertando os ombros. Por cima, jogou um blazer cinza-claro que lhe conferia um ar sóbrio e profissional.
Enquanto passava batom diante do espelho, a memória da "ordem" de Heitor do dia anterior voltou com força total: "Quero você de vermelho amanhã." Ele não havia dito aquilo como um pedido. Foi uma exigência, carregada de tensão sexual e domínio. A lembrança da voz dele em seu ouvido, a forma como a fazia sentir-se exposta e desejada, provocou uma fisgada em seu baixo-ventre.
Sem pensar muito, ela abriu a gaveta de lingerie e trocou a calcinha preta de algodão que já vestia por uma vermelha, mínima e delicada. Um sorriso se formou nos lábios. Ela sabia que ele não veria, que jamais saberia... mas, de algum modo, ela estaria fazendo a vontade dele. E isso era excitante demais para resistir.
Bianca a chamou da cozinha, já vestida e com duas xícaras de café na mão. Tomaram um café rápido, dividiram uma fatia de bolo e logo pegaram um táxi até a sede da empresa, no coração de São Paulo — um dos prédios mais altos e luxuosos da região, que dominava a paisagem com sua fachada de vidro espelhado e arquitetura arrojada.
Assim que entraram no saguão principal, Laura percebeu que algo estava errado. Os funcionários não estavam em seus postos habituais. Em vez disso, formavam pequenos grupos dispersos pelo salão, cochichando uns com os outros com expressões tensas.
— O que está acontecendo? — Bianca perguntou a um segurança, curiosa.
— A madrasta do senhor Heitor está aqui desde cedo. Veio atrás dele com uma notícia bombástica — respondeu o homem, em voz baixa.
— Sério? Que notícia? — Laura interveio, sentindo o estômago se contrair.
— O pai dele... parece que sofreu um AVC. Está internado e ainda corre risco de vida.
Laura congelou. O burburinho ao redor virou um zumbido abafado em seus ouvidos. Não era da sua conta, ela sabia. Heitor era apenas seu chefe. Mas a informação mexeu com algo dentro dela, algo que ela não soube nomear de imediato. Preocupação? Empatia? Ou era só o efeito colateral de estar emocionalmente envolvida com um homem que a deixava tão vulnerável?
Caminhou com Bianca até o elevador, mas sua mente estava em outro lugar. Enquanto subiam, ouviu novos trechos da história sendo sussurrados nos corredores:
— ...dizem que ele não fala com o pai há anos...
— ...a madrasta implorou para que ele fosse vê-lo...
— ...o velho foi trazido de helicóptero ontem à noite, direto para o Sírio-Libanês...
— ...ela ainda está na sala dele. Disseram que ela chorou, gritou... e ele nem se abalou.
Quando chegaram ao andar da diretoria, o ambiente estava tenso. A recepcionista mantinha os olhos baixos, digitando nervosamente no computador. Dois assistentes cochichavam ao lado da copiadora, como se temessem que até as paredes ouvissem.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Prazer sem limites: Sob o domínio do meu chefe.