Heitor ficou ali por um segundo, parado, imóvel. O rosto ainda ardia do tapa. Os lábios ainda sentiam o gosto dela.
E então… veio o caos.
Ele chutou a cadeira com força, jogou o telefone contra a parede, empurrou os papéis, a pasta, o notebook… tudo voou.
Gritou. Um grito abafado, preso no peito. Raiva. Frustração. Dor.
Mas o que mais doía… era o que ele sabia, no fundo, e que agora gritava dentro dele como uma sentença cruel:
Ele estava apaixonado
E havia perdido a única mulher que ousou desafiar seu controle.
A única que não implorou para ficar.
A única que o amou… e ainda assim escolheu partir.
Mais do que Patrícia.
Muito mais.
Laura era a mulher que ele não queria…
Mas agora sabia que precisava.
E talvez já fosse tarde demais.
O som dos saltos de Laura ecoou alto pelo saguão da Holding Arantes.
Dessa vez, não havia pressa.
Nem medo.
Apenas a certeza de que não voltaria mais.
Cada passo que dava era uma despedida silenciosa.
Dos corredores.
Das paredes de vidro.
Dos olhares curiosos.
E, principalmente, de Heitor.
Ao atravessar a porta giratória, o vento frio da tarde acariciou seu rosto, como se a cidade a recebesse de volta.
Ela parou na calçada, inspirou fundo e fechou os olhos por um breve instante.
Estava livre.
Do homem.
Do jogo.
Do labirinto emocional que a consumia dia após dia.
Foi quando o celular vibrou.
Ela abriu os olhos devagar e, por um segundo, seu coração disparou.
A tela brilhava com o nome dele: Heitor Arantes.
O polegar parou sobre o botão verde.
Por um instante, pensou em atender.
Ouvir sua voz.
Talvez… uma desculpa.
Uma confissão.
Mas então… a realidade caiu como um balde de água gelada.
Ele era um ciclo. Um vício. Uma prisão.
E ela…
não era mais um brinquedo.
Abaixou o telefone, respirou fundo e apertou o botão vermelho com firmeza.
Desligar.
O aparelho tremeu de novo. Nova ligação.
Ela apenas o colocou no silencioso e enfiou na bolsa.
— Não, Heitor. — murmurou para si mesma, caminhando pela calçada.
— Você não vai me usar quando quer…
E depois vir me recuperar como se nada tivesse acontecido.
O celular continuava vibrando lá dentro, abafado, insistente.
Mas Laura seguia em frente.
Com o coração ainda machucado.
Mas a cabeça erguida.
E a alma… cada vez mais leve.
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