Augusto, imóvel, observava.
Mais um gole. E mais outro.
Ela largou a xícara pela metade e apoiou-se na bancada, piscando os olhos. Algo estava… errado.
— Que droga… — murmurou, tentando manter o equilíbrio.
Cambaleou.
Augusto não se moveu. Ainda.
Laura subiu as escadas com dificuldade. Cada degrau parecia se multiplicar, o chão ondulava sob seus pés, e o mundo rodava como um carrossel desgovernado. Sentia-se quente, confusa, embriagada sem ter bebido nada além de café.
As roupas começaram a pesar. O corpo suava.
No quarto, empurrou a porta semiaberta e entrou. Deixou os sapatos pelo caminho. A bolsa caiu em algum lugar entre a parede e a cama. Sentou-se na beirada do colchão, os olhos fixos em um ponto qualquer do guarda-roupa. Os pensamentos embaralhados, a lógica fugindo de seu alcance.
E foi nesse momento que Augusto surgiu na porta.
Observou-a por alguns segundos. Ela estava com as pupilas dilatadas, a respiração irregular. Não havia resistência alguma, nem mesmo consciência plena. Era como se estivesse em um sonho estranho, desconectada da realidade.
Novamente a culpa quis tomar conta de Augusto por está armando contra Laura ,mas a alta quantia que Patrícia lhe prometeu , ecoava em sua mente como um sussurro hipnótico,fazendo pensar em um novo começo. Uma nova vida. Com dinheiro suficiente para desaparecer e viver muito bem pelo resto da sua vida,fazendo alguns investimentos .
Deu alguns passos e entrou no quarto.
Laura sequer o olhou.
Estava sentada, os olhos pesados, os dedos tremendo enquanto tentava soltar os botões do próprio blazer. Os movimentos eram lentos, quase infantis.
— Laura… — ele disse, baixinho.
Ela ergueu os olhos lentamente, sem foco. Por um instante, sorriu, como se estivesse vendo alguém que nem estava ali.
— Você… voltou? — murmurou ela ,a voz arrastada.
Augusto sabia que ela não o reconhecia de verdade. Sabia que a droga estava falando por ela. Sabia que era uma tremenda sacanagem o que estava fazendo com Laura , mas, assim que Heitor os flagrasse, ele apenas cumpriria seu papel naquela farsa e depois sumiria da vida dela.
Aproximou-se. Gentil, cauteloso. Ajudou-a a tirar o blazer, depois a blusa. Laura não protestou. Estava entregue, inconsciente de tudo.
Quando ela se deitou, apenas de lingerie sobre os lençóis bagunçados, ele respirou fundo, tirou sua própria camisa, os sapatos… e deitou-se ao lado dela.
A porta do quarto ficou entreaberta.
Exatamente como Patrícia ordenara.
Augusto passou a mão pelos cabelos, olhando o teto, com um aperto no peito.
—Não é nada pessoal , Laura… — sussurrou.
— Eu sei que isso é baixo demais até para mim . Eu sei. Mas eu não vou me aproveitar de você .
E eu… preciso desse dinheiro por isso terei que deixar meus escrúpulos de lado.
Para que tudo parecesse mais real, Augusto ajustou o corpo de Laura, ainda inconsciente, de forma que ela ficasse por cima dele, os cabelos soltos caindo pelos ombros, os lábios entreabertos.
Ela estava de lingerie. As pernas abertas sobre ele.
Heitor congelou.
O sangue ferveu em suas veias como lava. O coração se partiu com violência. O rosto perdeu a cor em segundos. Ele sentiu como se o chão tivesse sumido sob seus pés.
Laura murmurava algo incompreensível, os olhos desfocados, enquanto o homem passava as mãos por sua cintura, pelo quadril, como se ela fosse sua.
A mente de Heitor gritou para ele fazer alguma coisa. Gritou para ele reagir. Mas o corpo... travou.
“TRAÍÇÃO.”
“ENGANO.”
“DECEPÇÃO.”
A raiva veio como um tsunami.
Ele se lançou para dentro do quarto, os olhos flamejando de dor e ódio.
— Vagabunda! Como eu fui imbecil em confiar em você, Laura! — cuspiu, a voz deformada pela mágoa. Seu peito ardia. O orgulho, despedaçado. O amor, dilacerado.
Nesse momento, Bianca surgiu no corredor, assustada com a movimentação. O coração dela já batia em pânico ao ouvir a voz dele. Quando viu a cena, seus olhos se arregalaram, e um nó se formou em sua garganta. Correu até o quarto, a respiração falha.
— O quê? Meu Deus… Laura? AUGUSTO? — ela gritou, com o choque estampado no rosto.
— O que você fez com a minha amiga?!

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