Laura abriu os olhos devagar.
A cabeça latejava como se houvesse um tambor batendo dentro do crânio. O estômago embrulhado, a garganta seca, a pele sensível. Sentia-se fraca, desconectada da própria realidade. Como se sua alma tivesse sido arrancada e devolvida amassada.
Virou o rosto e viu Bianca sentada ao seu lado, os olhos cansados, a expressão carregada de angústia e alívio ao mesmo tempo.
— Bia...? — murmurou, com a voz rouca e falha.
— O que... o que aconteceu comigo?
Bianca se aproximou com cuidado, como quem teme tocar em algo frágil demais para suportar mais um choque.
— Você foi drogada, Laurinha. O Augusto... ele colocou algo no seu café. — A voz saiu embargada, controlada com muito esforço.
— Era uma substância pesada. Você perdeu a consciência e… ele te levou para o quarto.
Laura piscou várias vezes, tentando juntar os pedaços da memória. Um calafrio correu por sua espinha.
— Não… não pode ser. Eu… eu lembro do café… depois subi… e… mais nada.
Bianca assentiu, lágrimas se acumulando nos olhos.
— Ele planejou tudo. Foi uma armação. E eu cheguei tarde demais. Quando entrei no quarto… ele estava com você. Você… estava sobre ele, de lingerie. Ele te posicionou assim, Laura. Como se… como se estivessem juntos.
Laura levou as mãos à boca, o olhar tomado por horror.
— Meu Deus… — murmurou com a voz falhando.
— O Heitor… ele…Esteve aqui ...eu lembro vagamente .
Bianca fechou os olhos, incapaz de evitar o impacto daquela pergunta.
_Sim ,quando eu cheguei ele estava aqui.Ele te viu na cama o Augusto . Viu o Augusto te tocando. E... surtou. Teve certeza que vocês estavam juntos. Que você estava com ele e com o Augusto ao mesmo tempo.
Laura se sentou com esforço, o corpo ainda trêmulo, o rosto pálido.
— Ele achou que eu... estava traindo ele?
— E ele… ele ficou devastado. Gritou, deus um socos muito merecido no Augusto e depois das foi .
Laura apertou os lençóis com força, como se fosse possível arrancar dali toda a indignação que a tomava. Seus olhos se arregalaram, tomados por uma mistura sufocante de vergonha, raiva e incredulidade.
— Ele me viu... daquele jeito? — sua voz saiu como um sopro, quase sem vida. — Ele... achou que eu estava transando com o Augusto?
Bianca assentiu, tentando conter as próprias emoções.
— Ele surtou, Laura. Gritou, xingou, deu um soco no Augusto — e olha, foi pouco — e depois saiu feito um furacão. Dava pra ver que ele estava completamente destruído.
As lágrimas voltaram aos olhos de Laura, mas dessa vez, não eram só de dor — eram de fúria.
— Aquele desgraçado... — ela sussurrou, com os dentes cerrados, referindo-se a Augusto. — Como ele pôde fazer isso comigo? Como pôde me usar de um jeito tão nojento, tão cruel?
Bianca respirou fundo e disse com cuidado:
— Eu tenho quase certeza que ele não fez isso sozinho, Laura, com certeza a bruxa da Patrícia deve estar nessa com ele.
Laura assentiu lentamente, como quem recebe a confirmação de uma verdade que já sabia no fundo.
— A Patrícia… claro. Ela é obcecada pelo Heitor e fazer com que ele me odeie é a melhor forma de manter ele bem longe de mim.
Seus olhos se acenderam com uma chama determinada. Laura inspirou fundo, limpou as lágrimas do rosto e olhou para Bianca com firmeza.
Bianca respirou fundo e, antes que ela saísse pela porta, completou com firmeza:
— Mas antes de qualquer coisa… você está bem? — Bianca perguntou com doçura, observando a amiga com preocupação.
— Sim… estou. Ainda com um pouco de dor de cabeça, mas antes de sair, vou tomar um analgésico. — Laura respondeu, tentando transmitir calma, apesar da tensão que latejava por dentro.
— Ok… eu queria poder ficar com você mais um pouco, mas preciso ir para o trabalho. — Bianca suspirou, ajeitando a bolsa no ombro.
— Se vai mesmo conversar com o Heitor… por que não vamos juntas? Você sabe que essa hora ele já tá na Holding.
Laura balançou a cabeça com firmeza, seus olhos determinados.
— Não, Bia. Se eu tiver que conversar com ele, será na casa dele. Lá na empresa tem gente demais, testemunhas demais. Essa conversa… — ela suspirou
— não vai ser nada fácil.
Bianca assentiu devagar.
— Você tem razão. E ele vai ter que ouvir. Vai ser obrigado a olhar nos seus olhos e entender a verdade.
— É tudo o que eu quero. Que ele ouça. Depois disso… o que ele decidir, será por conta dele.
Bianca se aproximou e a abraçou apertado mais uma vez, sem dizer nada. Apenas passou todo o carinho e força que podia através daquele gesto.
— Vou indo. Qualquer coisa, me liga. E… se precisar de mim na hora que for até ele, é só chamar.
— Eu sei. Obrigada, Bia.
Laura acompanhou a amiga até a porta e a observou desaparecer no corredor.

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