Naquela mesma manhã, Heitor acordou com a cabeça latejando. A enxaqueca era resultado direto da garrafa de uísque que ele praticamente devorou sozinho na noite anterior, afogado em dor, raiva e frustração. Após a cena horrenda que presenciara — ver Laura sobre Augusto, como se fossem amantes — ele foi direto ao clube de BDSM. Precisava extravasar. Precisava esquecer. Precisava apagar a imagem dela da mente.
Mas nem isso funcionou.
Nenhuma das mulheres, por mais belas, experientes ou provocantes que fossem, conseguiu arrancar dele uma ereção. Seu corpo simplesmente... recusava. Porque nenhuma era ela. Maldita Laura.
Ele acreditava que o pior daquela manhã seria a ressaca. Mas a dor de cabeça era um agrado perto do que o esperava.
Ao abrir os olhos, estranhou o movimento vindo do banheiro. Pensou que fosse sua governanta. Até que uma figura feminina surgiu na porta, envolta em uma toalha, enxugando os longos cabelos loiros com outra.
Patrícia.
Heitor gelou.
Ela exibia um sorriso sacana, quase vitorioso, enquanto caminhava em sua direção, tentando lhe roubar um beijo. Ele se esquivou no mesmo instante, pulando da cama.
— O que está fazendo aqui? Que porra de brincadeira é essa, Patrícia?
— Calma, amor... Você estava de pilequinho ontem, mas não a ponto de esquecer a noite maravilhosa que tivemos. A forma como você me amarrou, como me fez sua de todas as formas possíveis... não deixa dúvidas de que sabia muito bem o que estava fazendo.
Heitor recuou, vestindo rapidamente sua cueca e uma calça de moletom.
— Eu não acredito em você. Sabe por quê? Porque eu nunca transaria com você. Nunca! Ainda mais sendo a mulher do meu pai! Vista essa droga de roupa e suma da minha frente!
Ela não se abalou. Apenas sorriu, deixando a toalha cair e revelando seu corpo nu, em provocação calculada.
— Olha bem pra mim, Heitor. Me diz que não sente nada. Que esse seu corpo não me quer.
Ele a olhou por um segundo. O corpo dela era lindo. Sempre foi. Mas não sentiu nada. Nenhuma reação. Nada. E isso só confirmava o que já sabia: Patrícia não significava mais nada.
Desviou o olhar com nojo, pegou as roupas dela no sofá e as jogou em sua direção.
— Vista isso. E saia daqui. Agora.
— Você pode até fingir que nada aconteceu, mas não pode apagar a verdade: nós fizemos amor loucamente a noite inteira, e você terá que aceitar isso.
— Já disse que não lembro de nada. E conhecendo você como eu conheço, é muito provável que esteja mentindo. Vou tomar um banho agora e me arrumar para ir à empresa. Quando sair, espero que você já tenha ido embora.
— Tudo bem, eu vou. Mas não pense que vai se livrar de mim tão fácil, Heitor. Ainda mais agora que posso muito bem ter engravidado de você.
Heitor estacou na porta do banheiro, sentindo o sangue gelar. Um pânico silencioso tomou conta dele. Se realmente havia transado com ela, tinha acabado de cair em uma armadilha suja e muito bem planejada.
Por um segundo, tudo ficou em silêncio. Apenas os olhos dos dois travados numa guerra muda. E, naquele instante, não havia mais sedução, charme ou manipulação. Só desprezo. Frio. Cortante. Mortal.
— Ele pode até me expulsar, mas você vai ter que me assumir. A mim... e ao nosso filho. Ou se prepare para viver o maior escândalo da sua vida. Vai perder negócios bilionários quando todos souberem que dormiu com a mulher do próprio pai e depois a abandonou grávida.
— Chega! Faça como quiser. Eu já disse que não sou homem de ceder a chantagens. Agora suma daqui.
Encerrando o assunto, Heitor entrou no banheiro e bateu a porta atrás de si.
Depois de fazer sua higiene matinal, saiu do banho e agradeceu aos céus por Patrícia já não estar mais ali. Vestiu-se rapidamente, mas não conseguia afastar a sensação sufocante de inquietação.
Ela era ardilosa. Fria. Uma víbora.
Fingiu que não estava preocupado, só para não dar a ela o gosto da vitória. Mas a verdade era outra. Sim, estava preocupado. Terrivelmente. Se ela estivesse dizendo a verdade... sua vida estaria arruinada.
Se ela realmente tivesse feito tudo de caso pensado e engravidado, sua relação com o pai estaria destruída para sempre. E não apenas isso. Estava prestes a fechar um contrato bilionário e qualquer escândalo pessoal — especialmente esse — poderia acabar com tudo.
Além disso, ele odiava ter sua vida pessoal exposta. Sempre viveu com discrição. Mas Patrícia era do tipo que usaria qualquer meio para conseguir o que queria.
Só lhe restava torcer para que ela estivesse mentindo. E que não tivesse ido longe o suficiente para engravidar de propósito.

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