Ao abrir, deu de cara com dois homens. O mais velho usava roupa civil, mas carregava um distintivo pendurado no pescoço. O outro, mais jovem, estava uniformizado. Nenhum dos dois sorria.
— Boa noite. — disse o homem do distintivo. — Senhor Heitor Arantes?
— Sim, sou eu. O que houve?
— Sou o delegado Rubens Ferreira, e este é o cabo Oliveira. Precisamos que o senhor nos acompanhe até a delegacia para prestar esclarecimentos.-Ele faz uma pausa para respirar , depois continua.
__ Uma mulher foi encontrada morta ontem à noite, em um clube privado na zona sul da cidade. O dono do local afirmou que o senhor foi a última pessoa vista com ela com vida.
Por um momento, Heitor não soube reagir. Sentiu o chão desaparecer sob seus pés. Uma mulher morta? Clube privado? O dono afirmando que ele foi o último a vê-la? Era como se palavras desconexas tentassem se encaixar em um quebra-cabeça impossível.
Laura, parada a alguns passos atrás, soltou um ar engasgado.
— O quê? — ela sussurrou, os olhos arregalados, o rosto perdendo a cor.
Heitor deu um passo para trás, como se precisasse de espaço para processar. Passou a mão pelos cabelos, o copo de uísque ainda tremendo em sua mão. Um nome surgiu em sua mente, trazendo uma lembrança sombria.
— Vocês estão falando da... da mulher que eu conheci ontem no clube de BDSM que frequento ? — perguntou, tentando manter a compostura.
— Isso só pode ser uma mal entendido porque eu nem se quer toquei nela...fomos para um dos quartos mas depois eu fui embora e a deixei bem e muito viva como estava quando a encontrei.
— Essa mulher foi encontrada morta poucas horas depois da sua saída. — disse o delegado, firme.
— E o dono do clube afirmou que, além de você, ninguém mais esteve com ela.
Heitor sentiu o sangue fugir do rosto. Não era possível. Aquilo era um pesadelo.
— Eu... — ele olhou para Laura, procurando apoio, compreensão, mas tudo que encontrou foi choque e dúvida nos olhos dela.
— Eu juro que não fiz nada! Não sou um assassino ... Fiquei cnversando com ela por alguns minutos e depois eu fui embora.
— Mesmo assim, o senhor terá que nos acompanhar. — insistiu o delegado.
__Se quiser ligar para seu advogado esteja a vontade ,mas tem apenas algumas horas vamos esperar lá fora e não se demore.
O silêncio após a fala do delegado parecia ter sido despejado como concreto sobre os ombros de Laura.
Uma mulher morta. BDSM. Heitor sendo o último a ser visto com ela. Cada palavra era uma adaga cravada fundo demais para ser ignorada.
Ela não conseguia acreditar. Não queria acreditar. Mas as peças... por mais distorcidas que parecessem, estavam ali, se encaixando em uma narrativa aterrorizante.
Ele parecia confuso, sim. Chocado, sim. Mas... seria isso o suficiente para absolvê-lo?
— Mesmo com ódio, mesmo me sentindo traído... eu não consegui. Eu não tive tesão. Fiquei lá, no quarto, olhando pra ela, e só pensava no quanto eu te odiava. E no quanto te queria ,apesar de tudo. Eu levantei e fui embora e ela continuou lá viva apenas com o orgulho ferido por eu ter a rejeitado.
Ela levou as mãos ao rosto, apertando os olhos com força, como se aquilo fosse capaz de silenciar a tempestade interna.
— Se for verdade o que diz, pode não ter tido tesão por ela,mas ela Patrícia você teve pois transou com ela — sussurrou ela, quase como uma acusação fraca, lançada ao ar apenas para ferir.
Heitor passou a mão pelos cabelos, visivelmente impaciente, tomado pela frustração.
— E eu já disse que não lembro de nada! Estava bêbado, vulnerável! Ela pode muito bem estar mentindo, Laura! Você sabe do que ela é capaz! Mas o fato de você está aqui, me acusando que eu matei uma mulher não tem nada a ver com a Patrícia.
Ela engoliu em seco.
— Não estou te acusando... eu só... — suspirou, olhando para a porta da frente, onde os dois policiais ainda aguardavam.
— Tem dois policiais esperando. Eles não vieram aqui por acaso. E se você estiver mentindo ? Ou se você ter tido uma amnésia alcoólica e esqueceu do que fez ?
Heitor se aproximou dela, olhos intensos, respiração pesada.
— Se você não acredita em mim, se acha mesmo que sou capaz de matar uma mulher, então saia por aquela porta e esqueça que eu existo Laura .
Ele fez uma pausa e depois continuou.

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