Rubens se aproximou um pouco mais, os olhos cravados nos de Heitor como lâminas.
— Por que não confessa logo, hein? — a voz agora carregava uma nota de provocação.
— Me poupa o trabalho de ter que investigar tudo isso só pra, no fim, descobrir que foi você o assassino de Bruna Santos.
Heitor finalmente respirou fundo, o peito arfando, como se tivesse sido esfaqueado em silêncio.
A raiva, a humilhação, o medo... tudo queimava por dentro, e ainda assim, ele precisava se controlar.
Por isso mesmo Heitor sempre se esforçara para manter sua vida privada envolta em anonimato. Não por vergonha do que era ou do que desejava, mas porque sabia que o mundo ainda era cruel com o que não entendia. Havia muitas pessoas como aquele delegado, rápidas em julgar, lentas em compreender. Gente que rotulava como "perversão" qualquer prática fora do convencional, como se alcançar o prazer de forma diferente fosse crime.
Ele tinha vontade de mandar aquele delegado arrogante e preconceituoso para o inferno ,mas ele representava a lei , por tanto era melhor se manter frio e controlado ,como sempre foi.
Não era um monstro. Não era um sádico descontrolado. Era apenas um homem que havia encontrado no BDSM uma forma mais profunda de conexão , de entrega, de confiança, de prazer real. E agora, ver tudo aquilo sendo distorcido, tratado como prova de culpa, doía mais do que ele podia explicar.
Quando ia responder o delegado , a porta se abriu com força. Seu advogado, Henrique Castro, entrou, visivelmente irritado.
— O Heitor não vai confessar nada. — disse ele, dirigindo-se diretamente ao delegado.
— E, aliás, eu posso denunciá-lo à Corregedoria por estar tratando dessa forma o meu cliente. Pelo que eu saiba, o senhor não tem nenhuma prova concreta contra ele. Nenhuma gravação, nenhuma testemunha, nenhum laudo que o ligue diretamente à morte da vítima.
Rubens sorriu de lado, sem humor.
— Temos uma vítima, um corpo algemado, uma janela de tempo muito conveniente, e um cliente assiduo de um clube de BDSM,que se nega a admitir que passou do ponto e acabou matando uma mulher.
— Ele já disse o que aconteceu. — rebateu Henrique.
— Ele não teve relação física com a mulher. Apenas conversaram. Se o senhor quer mesmo conduzir essa investigação, comece verificando os outros acessos do clube, as outras pessoas que entraram sem lá , e principalmente quem desligou as câmeras de segurança.
Rubens se levantou, recolhendo os papéis.
— Por enquanto, ele está liberado. Mas não poderá deixar a cidade. E vamos continuar investigando. Em breve, eu volto a conversar com o senhor, senhor Arantes.
Henrique assentiu.
— Quando quiser. Mas da próxima vez, terá que falar comigo primeiro.
Rubens saiu da sala. O silêncio se instalou.
Heitor afundou o rosto nas mãos. Respirava com dificuldade. Tudo doía. O corpo, a cabeça, a alma. Sua mente repetia as palavras do delegado como um eco cruel.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Prazer sem limites: Sob o domínio do meu chefe.