Subiu as escadas devagar, os passos ecoando pelo corredor escuro da mansão. A única coisa que desejava era um banho quente. Precisava se livrar da sensação de estar sujo por dentro, como se cada segundo dentro daquela delegacia tivesse deixado marcas em sua pele.
Quando abriu a porta do quarto, no entanto, parou.
E ficou ali. Sem respirar por alguns segundos.
Laura estava ali.
Dormia em sua cama como se sempre tivesse pertencido àquele espaço. Estava encolhida entre os travesseiros, o lençol subindo até a metade das coxas, e vestia apenas uma camisa dele — larga, folgada, mas que deixava visíveis as linhas suaves de suas pernas nuas e a curva sutil do quadril.
Heitor piscou, confuso. Achava que ela havia ido embora. Depois da discussão, depois de tudo o que viveram... estava certo de que ela não queria mais nada com ele. Acreditava que ela o julgava como todos os outros , como um assassino, um monstro, alguém do qual devia se afastar.
Mas ali estava ela.
E dormia em sua cama.
Ele fechou a porta com cuidado, como se qualquer ruído fosse capaz de espantar aquela visão inesperada. Caminhou em silêncio até a poltrona no canto do quarto e sentou-se, observando-a. Laura dormia profundamente, os lábios entreabertos, os cabelos bagunçados pelo travesseiro. Seu rosto parecia mais jovem, mais sereno... quase inocente.
Ele a observou por longos minutos, em silêncio, sentindo a mente e o corpo entrarem em conflito. Desejo, exaustão, raiva, confusão. Era uma mistura perigosa e, mesmo assim, familiar.
Ela era o centro de tudo. A origem do caos, mas também o único ponto de equilíbrio que ele conhecia.
Seu olhar percorreu as pernas dela, os dedos delicados pousados sobre o lençol, a camisa que deixava à mostra parte de um ombro nu. O coração bateu mais forte, traidor, e seu corpo respondeu como sempre respondia à presença dela, mesmo depois do inferno que foi aquela noite.
Como podia desejá-la naquele estado? Como podia ainda sentir vontade de tocá-la, de tomá-la nos braços, quando tudo ao redor parecia desmoronar?
Porque era ela.
E, mesmo sem entender o motivo, Laura ainda estava ali.
Talvez não acreditasse nele. Talvez tivesse dúvidas. Mas, ainda assim, não foi embora.
E naquele momento, isso bastava.
Heitor se recostou na poltrona, os olhos fixos nela, como se estivesse vigiando um segredo precioso que o destino, por alguma razão, ainda não havia lhe tirado.
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