O silêncio se estendeu por mais alguns segundos, até que ele quebrou a calmaria com um novo assunto.
—Eu quero você o tempo todo ao meu lado ,Laura, aliás... quero que você volte a ser minha secretária.
— O quê? — ela levantou a cabeça, surpresa.
— Isso mesmo. Desde que você saiu, não consegui encontrar ninguém tão competente quanto você.
— Heitor... — ela suspirou, voltando a deitar-se.
— Não sei se é uma boa ideia. A gente misturou demais as coisas. O profissional e o prazer. Não é certo.
Ele soltou uma risada rouca.
— É o melhor de tudo. Você sabe disso.
— Claro. Melhor pra você. Pode agarrar sua secretária no meio do expediente e ainda não corre o risco de ser processado por assédio. — disse ela, divertida.
— Exatamente. Porque você, além de minha secretária... é minha mulher.
Laura levantou o rosto e o encarou, séria.
— Eu não sou sua mulher, Heitor. A gente é só um caso. Uma fase. Daqui a pouco, você enjoa... e me dispensa.
Ele virou-se de lado, apoiando-se no cotovelo, e passou os dedos pela bochecha dela com lentidão.
— Isso nunca vai acontecer.
— Eu preciso de você como o ar que eu respiro.
a voz de Heitor saiu baixa, rouca, como uma confissão arrancada das profundezas do peito. Seus olhos estavam fixos nos dela, intensos, carregando uma urgência crua, uma verdade que ele já não conseguia esconder nem de si mesmo.
Laura sentiu o coração tropeçar no peito. Por um segundo, o ar pareceu falhar nos pulmões. Aquela frase, dita com tanta sinceridade, a atingiu como um soco no estômago , um daqueles bons, que tiram o fôlego só para depois devolver em forma de calor no peito.
— Não sabia que era tão romântico e piegas, senhor Heitor Arantes.
Tentou brincar, disfarçando o nó na garganta com um sorriso leve. Mas até sua voz tremia, denunciando que por trás do sarcasmo havia algo se desmoronando dentro dela... ou talvez se construindo.
— Nem eu... até conhecer você. — respondeu ele sem hesitar, os olhos ainda cravados nos dela. Um silêncio cheio de significado caiu entre os dois, carregado de tensão, de desejo e de um sentimento que os dois pareciam evitar nomear.
— Está se declarando para mim? É isso? — perguntou ela, o tom provocativo tentando esconder o nervosismo. O coração batia acelerado, como se esperasse por uma resposta que mudaria tudo.
— Se espera ouvir um “eu te amo”, esquece, Laura. — ele passou a mão pelos cabelos, impaciente, como se lutasse com as próprias emoções.
— Porque eu prefiro não nomear o que sinto. Só sei que eu te quero. E muito. Como nunca quis mulher nenhuma.
Era entrega.
Ela o olhou por um instante, e o silêncio entre eles se transformou em algo denso. Carregado. Quase uma confissão não dita de ambos os lados. O medo de se entregar. A coragem de permanecer.
E, naquela noite, mesmo sem promessas ou juras eternas, sabiam que estavam exatamente onde deveriam estar: um nos braços do outro.
A luz suave da manhã invadia o quarto através das cortinas entreabertas, tingindo o espaço com tons dourados. Laura despertou antes dele. Por alguns segundos ficou apenas ali, deitada, observando o homem ao seu lado. Heitor dormia com a expressão serena, diferente da tensão que o consumia nos últimos dias. Havia uma vulnerabilidade rara naquele rosto másculo. Um traço humano por trás da armadura que ele vestia para o mundo.
Ela não resistiu e passou os dedos suavemente por sua mandíbula. Ele abriu os olhos devagar, como se já soubesse que ela estava ali.
— Bom dia. — murmurou, a voz ainda rouca de sono.
— Bom dia. — ela respondeu com um sorriso discreto. — Dormiu bem?
— Com você ao meu lado, sempre. — disse, puxando-a de leve pela cintura até colar o corpo dela ao seu.
Depois, em silêncio, se levantaram e foram para o banheiro, cada um respeitando o espaço do outro, como um casal que já conhecia a rotina alheia. Um café foi preparado na cozinha, simples e silencioso, mas cheio de significado. Compartilharam a mesa, o pão, os olhares , e, sem dizer muito, sabiam que algo ali tinha mudado.
— Tenho uma reunião na empresa às nove. Posso te deixar no seu apartamento no caminho. - disse Heitor enquanto colocava a camisa social, ajeitando os punhos com movimentos automáticos.
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