— Ok, vou ter que assinar novamente os papéis da minha contratação?— disse ela, com um leve sorriso nos lábios, aceitando, de forma silenciosa, voltar ao cargo.
Heitor sorriu de lado, satisfeito.
— Pode esquecer os papéis. Já tá contratada. E, dessa vez, sem chance de fugir.
Saíram juntos minutos depois. Heitor abriu a porta do carro para ela com naturalidade, e Laura entrou, sentindo um certo calor no peito. Tudo parecia estranho e ao mesmo tempo... certo.
Mas assim que o carro virou a esquina e se aproximou da avenida principal, a tranquilidade daquela manhã foi rasgada por gritos, flashes e o som insistente de microfones batendo no vidro.
— Heitor! Heitor Arantes! É verdade que você matou a mulher no clube de BDSM?Perguntou um dos repórteres.
— Senhor Arantes, há quanto tempo o senhor é adepto desse tipo de prática sexual? O BDSM sempre fez parte da sua vida íntima? Agora a pergunta veio de uma mulher .
— Acredita que essa vida secreta ,recém descoberta , vai afetar seus negócios?
As perguntas não paravam.
E então veio o golpe mais baixo, feito com uma voz feminina, aguda e sensacionalista:
— Senhorita! A senhorita não tem medo de ser a próxima vítima? Acha que pelo dinheiro dele vale a pena arriscar a sua vida ?
As palavras ricochetearam no ar como um tapa. Heitor parou imediatamente, os olhos flamejando. Girou o corpo na direção da repórter, prestes a explodir, mas Laura o segurou pelo braço.
Heitor cerrou os dentes, as mãos apertando com força o volante. O cerco era insano, microfones batendo no capô, flashes estourando a cada segundo, repórteres quase se jogando sobre o carro.
Laura, sentada ao lado dele, mal conseguia respirar. Não era apenas o susto, era o impacto das palavras. Aquela última pergunta ainda ecoava em sua mente como um soco no estômago:
“A senhorita não tem medo de ser a próxima vítima?”
Ele girou o rosto lentamente em direção à repórter que havia feito a pergunta, os olhos faiscando como brasa viva, e por um instante, a jornalista recuou um passo, intimidada apenas pelo olhar dele.
— Abutres... — murmurou Heitor entre os dentes.
Mas ele não cedeu. Não gritou. Não explodiu.
Em vez disso, arrancou com o carro. O motor rugiu como um aviso, e os pneus cantaram no asfalto, obrigando os jornalistas a se afastarem às pressas para não serem atropelados.
— Saí da frente! — ele vociferou dentro do carro, sem abaixar o vidro.
O carro acelerou, ganhando velocidade, enquanto os flashes se tornavam borrões atrás deles. Laura se segurou no apoio do teto, o coração disparado, mas calada. Heitor conduzia o carro com precisão, mas havia tensão demais em cada gesto.
— Idiotas sensacionalistas... — ele murmurava, os olhos fixos na pista.
— Não sabem nada. E ainda querem transformar minha vida íntima num espetáculo de horror.
Laura o observou de lado, ainda com o sangue fervendo, mas também com uma pontada de orgulho. Heitor podia ser muita coisa, arrogante, controlador, dominador , mas ele jamais a deixaria exposta. E quando viu que ela estava prestes a ser humilhada diante das câmeras, não hesitou: reagiu, protegeu, e a tirou dali.
— Obrigada. — ela disse, baixinho.
Ele olhou rapidamente para ela, depois voltou os olhos para a pista.
Flashes. Gritos. Repórteres e fotógrafos que pareciam ter brotado do asfalto.
Como se tivessem farejado o escândalo e montado acampamento à espera do momento certo.
— De novo não... — murmurou Laura, apertando a bolsa contra o peito, com os olhos arregalados.
— Não se preocupe. — disse Heitor, a voz baixa, mas firme. — Eu estou aqui.
Assim que o carro parou e os dois desceram, o caos se instalou. A segurança da empresa correu para conter a multidão, mas os paparazzi já se empilhavam diante deles, os flashes estourando como fogos de artifício em plena luz do dia.
— Senhor Arantes, a polícia já o considera réu ou ainda é apenas suspeito?
— E você é só a secretária ? Ou mais um de suas submissas ,não teme por sua vida ?
— Senhor Arantes, quantas vezes por semana frequenta o clube de BDSM?O boato que nunca se esclareceu de ser gay , era só para esconder algo que muitos condenam?
— É verdade que você pagava para manter essas mulheres caladas?
A cada passo, era como se fossem empurrados por vozes cortantes, inquisitivas, famintas por um deslize.
Laura mantinha os olhos fixos para frente, o rosto erguido, tentando não demonstrar abalo. Mas por dentro, suas pernas tremiam. Não era só medo — era raiva. Era vergonha. Era o mundo querendo transformar a intimidade deles em manchete suja.
E então, novamente, veio o golpe abaixo da cintura:
— Senhorita, não têm medo de estar envolvida com um suspeito de assassinato? —perguntou uma repórter loira, enfiando o microfone quase no rosto dela.

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