O sol começava a surgir timidamente por entre as frestas das cortinas espessas da enorme suíte. Um brilho suave e dourado tocava os lençóis escuros, contrastando com a paz silenciosa que preenchia o quarto.
Laura ainda dormia, encolhida sob o cobertor macio, com uma expressão de leveza no rosto que Heitor raramente via. Havia algo de puro ali, mesmo depois de tudo o que haviam vivido na noite anterior. Ele a observava, deitado ao lado, o rosto apoiado em uma das mãos, como se o simples ato de olhá-la fosse suficiente para acalmar seu próprio caos interno.
Mas a paz durou pouco.
O som insistente do celular cortou o silêncio da manhã como uma navalha. Heitor resmungou baixo, deslizou para fora da cama sem acordar Laura e caminhou até a poltrona onde havia deixado suas roupas na noite anterior. Pegou o aparelho e atendeu, sem sequer olhar o nome na tela.
— O que foi? — murmurou, com a voz ainda rouca de sono.
— Heitor, é o Henrique.
O nome bastou para que ele despertasse por completo. A voz do advogado vinha tensa, sem rodeios.
— As coisas se complicaram.
Heitor fechou os olhos por um segundo, inspirando fundo.
— Fala.
— Surgiu uma testemunha. Uma mulher.
Heitor se recostou na parede, os olhos fixos no nada, sentindo o peso da informação antes mesmo de ouvir o resto.
— Ela afirma que já esteve com você... no clube.
Silêncio.
— Diz que você quase matou ela durante uma das sessões. Que você perdeu o controle. Ela só não morreu porque conseguiu reagir e te acertar com alguma coisa antes de fugir.
O coração de Heitor deu um salto duro no peito. Ele se afastou da porta, andou pelo quarto, tentando controlar o sangue que pulsava violento em suas têmporas.
— Isso é um absurdo. Eu nunca perdi o controle com nenhuma das submissas que tive ,e elas sempre diziam a palavra de segurança se caso achassem que as coisas estavam além do que podiam suportar.
— Eu sei como funciona ,também prático BDSM,ou se esqueceu .Mas ela tem marcas. Cicatrizes e diz que foram feitas por você.
Heitor sentiu uma onda de calor subir pelo corpo — não de vergonha, mas de raiva. Cerrou o punho livre. Aquilo era uma bomba. E ele sabia que, em tempos de julgamentos públicos, bastava uma faísca para tudo virar incêndio.
— Isso é um absurdo, Henrique. — sua voz saiu baixa, mas tensa. — Você sabe como funciona. Todas as sessões no clube são consensuais. Elas tinham o direito de usar a palavra de segurança. Se não usaram, é porque queriam continuar. Eu nunca passei do limite com nenhuma.
— Eu sei disso. — o advogado respondeu, com um tom mais calmo, tentando manter o profissionalismo.
— Eu também pratico BDSM, lembra? Mas o problema não é o que você diz. É o que ela está dizendo... e o que está afirmando.
— Afirmando o que exatamente?
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