— O que aconteceu? — a voz de Lyra cortou o ar como uma lâmina.
Ninguém respondeu.
O pátio ainda estava coberto por neblina e uivos feridos morrendo em sussurros pelas alas do hospital de campanha. A lua começava a aparecer lentamente, o eclipse recuando, mas a sombra do que aconteceu durante ele nunca seria esquecida. Lobos cambaleavam com bandagens improvisadas, crianças eram levadas às pressas para as casas mais ao fundo. O cheiro de metal, fumaça e medo.
— Eu perguntei — insistiu Lyra, os olhos faiscando em prata — o que aconteceu?
Solomon estacou a poucos passos dela, sujo, peito arfando, uma ferida enorme no ombro que parecia cortar até o osso, e mesmo sangrando, ainda estava de pé, o queixo erguido, tentando mostrar força.
— Atlas… — começou ele, garganta seca. Engoliu. — Atlas fez algo, ele tinha um colar enfeitiçado, algo que nunca vimos. Ele conseguiu… Conseguiu controlar River.
O mundo dela pareceu desaparecer, ficar minúsculo, confinado naquele único momento.
— Como assim? — o tom de Lyra veio baixo, perigosamente baixo. — Você está me dizendo… que ele o controla? Está me dizendo que aquele monstro levou meu marido?
Solomon sustentou o olhar dela, não desviou, não ousou mentir.
— Isso mesmo.
Lyra respirou uma vez, outra, o ar entrou frio e ácido, queimou, voltou como fogo. Por um instante, o campo pareceu se curvar em torno dela, o coração bateu de um jeito que não era humano. Não era só fúria. Era perda. Desequilíbrio. Sua outra metade, seu companheiro foi levado e, junto com ele, a maior prova do amor deles, sua menininha.
— Eu preciso chegar até ele e até a minha filha — falou, já virando, os passos firmes — Agora!
— Lyra — Petra se aproximou de novo, se colocando no caminho da Luna tentando puxar a amiga de volta para a realidade, mesmo que esta fosse difícil demais de aceitar. — Você precisa se acalmar, respirar e vir comigo agora. Vamos resolver tudo eles precisam de nós, eu sei, mas você precisa vir. .
— Se a minha filha…
— Confie em mim… — Petra pediu, os olhos brilhando levemente, o olhar que elas conheciam de tantos anos, eram fieis uma a outra não pelo vínculo de Luna e membro da alcateia, mas porque eram amigas, melhores amigas. . — Por favor.
Lyra a mediu num segundo, depois assentiu com um gesto curto.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...