A respiração de Lua mudou primeiro, um som curto, rouco, o ar raspando entre os lábios. Depois, o corpo se mexeu, um espasmo leve, o suficiente para que Lyra erguesse a cabeça num segundo. O silêncio da cabana pareceu se retrair, tenso, como se o próprio ar esperasse.
— Lua…? Querida? — a voz de Lyra saiu em sussurro, entre medo e esperança.
A jovem se mexeu de novo, o corpo estremecendo, os dedos se contraindo sobre o lençol. Um gemido baixo escapou, e então, finalmente, os olhos se abriram, brilhando em lilás enquanto ela tentava se lembrar do que tinha acontecido. Sua cabeça era um turbilhão de memórias confusas.
Por um instante, a menina ficou perdida, piscando várias vezes, tentando entender onde estava. O teto de madeira, a vela tremendo, o cheiro forte de ervas. Depois, a lembrança veio, como uma lâmina atravessando a mente. Sua mãe havia sumido… Atlas estava vindo… Então ela veio para a cabana e…
— Mãe… — ela arfou, a voz rouca, trêmula. — Mãe!
Lyra se ajoelhou ao lado dela, o rosto tenso, o corpo inteiro se inclinando para ampará-la.
— Estou aqui, amor. — disse, encostando a testa na dela. — Você está segura agora, entendeu? Segura.
Lua olhou ao redor, o olhar correndo até Petra, parada a alguns passos da cama, e depois para a bruxa, sentada com o rosto pálido, as mãos ainda manchadas de sangue seco.
— O que… — Lua tentou se erguer, mas o corpo cedeu. — O que aconteceu? Onde está o pai? Cadê a Renee?
Lyra segurou seus ombros com cuidado, ajudando-a a se recostar no travesseiro.
— Depois falamos disso — murmurou, tentando parecer firme. — Você precisa descansar.
— Não! — Lua negou, forçando o corpo a se levantar outra vez, as pernas trêmulas. — Eu quero saber agora! Eu lembro… lembro de vir pra cá… A tia Petra estava aqui com essa bruxa a outra loba e a Renee…
O olhar dela correu de novo até Petra, que não disse nada. A expressão da tia era um misto de dor e cansaço.
— Tia Petra — a voz de Lua saiu num fio. — Onde está Renee?
Silêncio.
A bruxa baixou o rosto, Amber, na porta, cruzou os braços, inquieta, Tailon desviou o olhar.
— Tia… — Lua repetiu, mais forte, os olhos marejando. — Onde está ela?
Petra respirou fundo, fechou os olhos e levou a mão até a testa, passando as mãos nos cabelos antes de abrir os olhos novamente sabendo que aquela seria uma conversa difícil, afinal, Lua tinha o mesmo gênio da mãe e a impulsividade do pai correndo em suas veias. Quando falou, a voz saiu baixa, quebrada.
— Foi ela… — disse. — Foi Renee quem Atlas levou.
A respiração de Lua parou por um segundo.
— Como…? — murmurou, sem entender.
— Usamos um feitiço para deixá-la igual a você querida. — Petra completou, tentando manter a voz firme. — Foi o único jeito de enganá-lo. Renee se ofereceu, disse que podia suportar o feitiço, que aguentaria tempo o bastante para darmos um jeito de vencer Atlas, foi por isso que ela veio.
Lua piscou, incrédula. O mundo girava e o chão parecia sumir sob seus pés.
— Não… — a voz falhou. — Não, ela… ela não faria isso.
— Ela fez. — Lyra respondeu, firme, mas com os olhos brilhando. — Ela escolheu, filha, para proteger você.
O corpo de Lua reagiu antes da mente, ela jogou as cobertas para o lado e se levantou, cambaleando, a febre ainda a fazia suar frio, mas a raiva queimava mais.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...