Enquanto isso, a poucos metros dali, o cheiro de sangue e álcool medicinal dominava a enfermaria.
As macas estavam alinhadas, entre os feridos, alguns corpos imóveis que infelizmente perderam a vida em batalha. O som das curandeiras se misturava aos murmúrios das enfermeiras: orações, ordens, suspiros cansados.
No centro, Caleb.
Ele se debatia, o corpo arqueando de dor enquanto duas enfermeiras e Tommy tentavam segurá-lo. O peito dele subia e descia num ritmo descompassado, o suor escorrendo pela têmpora.
— Segura firme! — gritou uma das curandeiras. — Se ele arrancar os pontos, vai sangrar até morrer!
Tommy pressionou o ombro do rapaz com força, o braço tremendo.
— Caleb! — chamou. — Me escuta, garoto!
Mas o olhar dele estava distante, fixo em algo que só ele via.
— Lua… — murmurava, ofegante. — Lua… não…
A voz quebrava, ele se debatia mais, as enfermeiras gritaram outra vez.
Tommy olhou para o lado, onde uma das curandeiras preparava uma infusão verde.
— O que é isso?
— É um tranquilizante — respondeu ela, rápida. — Vai deixar ele sem dor por algumas horas, mas não faz milagre..
— Faz logo! — ordenou.
A mulher enfiou a agulha na veia do rapaz, que gemeu alto antes de ceder. O corpo dele relaxou, o peito ainda subindo e descendo rápido, mas sem lutar ou sofrer.
O alfa da ventos sombrios respirou fundo, passando uma das mãos nos cabelos, sua testa sangrava com um corte profundo, mas ele não se importava com sua dor queria salvar o filho.
— Ele vai viver? — perguntou, com a voz rouca.
A curandeira o encarou, hesitante.
— Não sei. — respondeu. — O corpo quer lutar, mas a alma está cansada, ele viu sua companheira ser levada…
Tommy ficou em silêncio. Observou o rapaz um instante, o peito enfaixado, o pescoço roxo. A lembrança do campo de batalha lhe atravessou como um fantasma, o rugido do Supremo, a ordem de Atlas, o som da carne se rasgando.
— Ele vai viver. — murmurou, mais pra si mesmo do que pra ela. — Ele tem por quem viver.
***
Na cabana, Lua andava em círculos, os pés descalços raspando no chão de madeira.
— Não podemos ficar parados! — dizia, agitada. — Renee está nas mãos dele! E meu pai… — parou, olhando para a mãe — se Atlas o controla, então ele vai usá-lo contra nós. Contra mim.
Lyra permaneceu sentada, observando a filha. Petra encostada na parede, braços cruzados, olhava sem dizer nada.
— Eu sei — disse Lyra, enfim. — E é por isso que vamos planejar.
Lua riu sem humor.
— Planejar? Enquanto ele mata? Mãe, ele tem o papai!
— E eu tenho você. — respondeu Lyra, levantando-se. — E enquanto eu tiver você, Atlas não venceu.
O olhar das duas se encontrou, o mesmo brilho prateado, o mesmo traço de teimosia. A mais nova parecia prestes a correr mata a fora numa missão suicida, mas os olhos não da mãe, mas da Luna, brilharam com uma ordem impossível de ignorar.
— Senta. — ordenou Lyra.
Lua obedeceu, contrariada, respirando fundo.
Petra se aproximou, estendendo uma caneca com um líquido fumegante.
— Bebe. Vai ajudar com a febre.
Lua pegou, sem olhar, e tomou um gole. Tossiu forte, a garganta queimando.
— Credo, o que é isso?
— É um chá para ressaca. — respondeu a bruxa. — Vai ajudar com a dor de cabeça.
Os outros estavam amontoados na pequena sala, espalhados pelo chão. Havia um clima de falsa vitória no ar, afinal, mesmo que Lua estivesse ali, perderam o supremo e River era uma força grande demais para se combater.
— E se não houver mais o que salvar? — Solaris perguntou, erguendo os olhos, preocupada.


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Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...