Entrar Via

Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 23

Camilla atravessou a fronteira da alcateia antes do amanhecer, envolta por sua capa escura que mal conseguia esconder o tremor das mãos. O rosto coberto pela sombra do capuz, os olhos fundos, carregados pelo medo e pela febre constante que a consumia por dentro. Caminhava curvada, como se o próprio corpo tivesse esquecido como se manter ereto, a dor a impedia de ter a mesma postura de sempre e a mesma elegância.

Desviou dos patrulheiros e farejou o vento como um animal em alerta, nenhum sinal de outros lobos. O alívio que sentiu foi breve, substituído pela dor latejante em seu ombro e pescoço, a ferida havia piorado. O tecido em volta da mordida escurecera, a pele estava quente, e um odor de podridão se espalhava por debaixo da capa.

Quando chegou a uma clareira silenciosa, longe o suficiente para não ser ouvida ou sentida, Camilla tirou a capa e se permitiu cair de joelhos por um momento. O chão frio e úmido da floresta pareceu sugar sua energia, mas ela não hesitou. Cerrando os olhos, concentrou-se em sua transformação.

O estalo dos ossos ecoou fraco, quase abafado, e a dor da transformação foi intensa, algo que ela nunca sentiu. Sua loba surgiu de forma instável, os pelos acinzentados mais opacos do que antes. Ela estava mais magra, mais fraca, e a ferida… agora era uma massa de carne necrosada, onde o sangue escuro escorria espesso, quase negro, deixando um rastro que a floresta parecia repelir.

Camilla correu.

O som das patas contra a terra molhada se misturava ao bater acelerado de seu coração. Árvores passavam por ela como vultos. Pássaros se afastavam com gritos agudos, sentindo o cheiro da morte em seu encalço. O sangue continuava a cair, gota após gota, como se a floresta estivesse sendo marcada por sua presença.

Ela correu por quase duas horas.

O mundo parecia girar a sua volta, mas ela não parava. Só havia um lugar onde poderia encontrar respostas, só havia um tipo de pessoa que precisava das respostas que ela precisava. Bruxas.

Ao chegar na parte mais densa da mata, os galhos das árvores se entrelaçavam de tal forma que a luz mal atravessava. Mas, no fim da trilha quase invisível, ela a viu. Era uma cabana de madeira antiga, coberta por musgo e cercada por flores que não deveriam crescer ali. Girassóis, lírios, margaridas, um jardim vívido no meio da decadência da floresta das terras de ninguém.

Em frente à cabana, uma mulher colhia flores. Os cabelos ruivos, soltos e selvagens, desciam em ondas até a cintura. Ela usava uma calça jeans escura e uma camiseta colorida com manchas de terra nas bordas. Sua presença parecia deslocada demais para aquele lugar, e ainda assim… era como se ela pertencesse à floresta.

A mulher levantou os olhos e parou de colher flores. Observou a loba machucada à sua frente sem qualquer expressão de surpresa.

Ergueu uma das mãos, com a palma aberta.

— Pare aí mesmo. — Sua voz era firme, mas tranquila. — Eu só falo com lobos em forma humana.

Camilla recuou um passo, as patas trêmulas. O instinto queria que ela fugisse, mas já não tinha forças. Com esforço, começou a mudança de forma, o estalo dos ossos foi ainda mais doloroso do que antes. Quando terminou, estava ajoelhada no chão, nua, o corpo sujo de sangue e terra, o rosto pálido, o peito arfando com dificuldade.

A mulher arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços, observando a ferida na lateral de seu pescoço com uma expressão quase curiosa.

— Ah… — disse, sorrindo levemente. — Você tem um grande problema, em.

Camilla ergueu os olhos, a voz rouca, quase implorando:

— Você sabe o que é isso? Você… você sabe o que eu tenho?

Capítulo 23: Você sabe o que eu tenho? - parte 1 1

Capítulo 23: Você sabe o que eu tenho? - parte 1 2

Verify captcha to read the content.Verifique o captcha para ler o conteúdo

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo