Uma semana depois
Kael acordou com um incômodo estranho no corpo. O quarto estava abafado, e o cheiro adocicado das duas ômegas que dormiam ao seu lado o deixava enjoado. O suor delas ainda impregnava os lençóis e sua pele, mas ele não se importou em levantar imediatamente. Permaneceu deitado por alguns minutos, olhando para o teto como se aquilo fosse resolver o peso em suas costas.
Suspirou pesado, afastando o braço de uma das mulheres que o envolvia e se sentou na beira da cama. Passou a mão pelos cabelos desgrenhados, praguejando baixinho. Estava exausto, mais do que o normal. Aquela noite havia drenado suas forças de um jeito incomum, mas o orgulho de macho alfa não permitia que ele admitisse sequer para si mesmo que algo não estava certo.
Levantou-se nu, sem se preocupar com a visão que deixava para trás. Pegou uma calça escura do chão e a vestiu sem pressa, ignorando o leve tremor em suas mãos. Caminhou até a porta de seu quarto e a abriu, saindo para o corredor frio e silencioso.
Não havia barulho algum naquela parte da casa, tudo parecia sufocantemente calmo.
O quarto de Camilla ficava no fim do corredor. Era separado do seu por opção, uma exigência velada que ele jamais confessaria em público. Havia começado a detestar o cheiro dela há alguns dias, e a presença constante da loba o deixava infinitamente irritado. Tê-la como Luna era um peso, um fardo que ele mesmo havia escolhido por conveniência, e agora se via preso a ela, afinal, não podia rejeitar a mulher que já havia marcado.
Abriu a porta sem bater.
Camilla estava deitada na cama, com os cabelos soltos em volta do rosto, a pele pálida quase se fundindo com os lençóis. Seus olhos se abriram lentamente ao ouvi-lo entrar, e ela não esboçou reação alguma.
— Você está horrível — ele disse, com desdém na voz. — Parece que vai morrer a qualquer momento. Está emagrecendo… Virou um saco de ossos.
Camilla ergueu os olhos lentamente, os lábios ressecados se comprimindo em uma linha fina. Não respondeu de imediato.
— Estou apenas cansada — murmurou. — É só isso.
— Isso o quê? Gripezinha? Olhando de longe parece até aquela omega que rejeitei por você… — ele disse, olhando-a de cima a baixo com desprezo. — Que decepção.
Quando ele se afastou, ela apenas suspirou e voltou a se deitar com dificuldade.
— Chame a anciã quando sair — disse, com a voz fraca.
Kael não respondeu, apenas bufou e saiu, fechando a porta com força desnecessária. No caminho até o andar de baixo, encontrou uma das servas e ordenou com frieza:
— Vá até os aposentos da anciã e diga que Camilla está chamando.
— Sim, senhor — respondeu a mulher, apressando-se em obedecer.
Kael continuou seu caminho até o escritório, a sala de madeira escura, com paredes forradas por estantes de livros antigos e relíquias de caça, era o lugar onde ele mais se sentia no controle. Sentou-se em sua cadeira de couro e recostou-se, ainda com o cansaço pesando em seu corpo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...