Por mais que quisesse negar, algo em seu peito se contorcia. Uma mistura de raiva e medo, sentimentos que ele raramente permitia que florescessem.
***
Do outro lado da casa principal, na ala leste, a luz tênue filtrava-se pela cortina do quarto da Luna. O ambiente estava silencioso, exceto pelo som de água sendo fervida em uma chaleira. Belia entrou devagar, carregando uma bandeja com uma xícara fumegante.
— Trouxe o chá, minha Luna — disse, com a voz suave, acostumada à rotina cuidadosa dos últimos dias.
Camilla estava encolhida na cama, o rosto mais pálido que nunca. Seus olhos pareciam afundados e a respiração era fraca. Ainda assim, quando viu Belia, ergueu-se com esforço, tentando manter alguma dignidade.
— Obrigada — murmurou, aceitando a xícara com as mãos trêmulas.
Belia a observou com pesar. A doença consumia Camilla aos poucos, mas ela se mantinha em silêncio, orgulhosa demais para se permitir desmoronar diante de qualquer um… mesmo que fosse apenas uma anciã.
— Preparei o banho como pediu — disse Belia. — Está pronto.
Camilla assentiu, deixando a xícara de lado. Arrastou-se até o banheiro e Belia a seguiu, mantendo distância. Quando a jovem retirou a camisola, o cheiro pútrido espalhou-se pelo ar. A anciã conteve a náusea, já acostumada com a podridão da marca envenenada.
O ombro de Camilla estava apodrecido. A cicatriz escura tomava metade de suas costas agora, as veias negras e inchadas pulsando sob a pele azulada e morta. Era como se a doença estivesse viva… como se algo a corrompesse de dentro para fora.
Camilla entrou na banheira com um suspiro de alívio, fechando os olhos por um momento. Quando os abriu novamente, sua expressão havia mudado. Havia um brilho de esperança, tênue, mas real.
— Belia… — chamou, com voz baixa. — Preciso que prepare um teste de gravidez para mim.
A anciã a encarou, surpresa.
— Estou grávida — sussurrou, os olhos marejando de uma alegria silenciosa. — Finalmente…
Belia se aproximou, emocionada.
— Isso é maravilhoso, minha Luna!
Camilla assentiu, apertando o teste contra o peito como se fosse um talismã. Pela primeira vez em semanas, ela sorriu de verdade.
— Chame Kael. Agora.
Belia não hesitou. Saiu apressada, deixando a Luna sentada ali, contemplando o próprio reflexo no espelho, o sorriso no rosto magro chegava a ser perturbador. Ela finalmente via uma luz no fim do túnel, havia conseguido e com sorte, haveriam duas crianças uma para manter sua linhagem e a outra… Bem, a deusa saberia o que fazer com a outra.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...