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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 35

Belia mal conseguia respirar enquanto percorria os corredores de pedra, estreitos e úmidos, do lado leste da mansão da alcateia. Seu coração martelava no peito com força, o véu escuro sobre os ombros esvoaçava como uma sombra viva atrás de si. A notícia que carregava queimava em sua língua, e ela sabia que não podia esperar um segundo sequer.

— Abram caminho! — gritou, empurrando duas ômegas assustadas que carregavam bandejas com frutas que cairam e rolaram pelo chão. — Saiam da frente, é urgente!

Não havia tempo para pedidos educados ou explicações. A anciã atravessou o saguão principal da ala nobre como um raio, pisando com força sobre os tapetes bordados, atropelando qualquer um que tentasse desacelerá-la. Alguns guerreiros arregalaram os olhos ao vê-la em tal estado, Belia jamais perdia a compostura. Diferente de Lilian, a antiga anciã que dizia tudo com palavras duras e não se importava em erguer a voz quando achava necessário, Belia era sempre muito sutil, por isso aquele comportamento soava tão estranho.

Sem parar, subiu os três degraus do hall que levava ao escritório de Kael e empurrou a pesada porta de madeira com as duas mãos, invadindo o ambiente como se fosse uma questão de vida ou morte.

Kael se levantou imediatamente da poltrona de couro, seus olhos dourados faiscando com fúria ao ver a interrupção repentina. O beta Tommy, que revisava alguns mapas junto ao alfa, se virou com a testa franzida, tentando entender a urgência da situação.

— O que merda significa isso?! — Kael rugiu, sua voz ecoando pelas paredes de pedra. — Você perdeu o juízo, anciã? Entrar aqui assim, sem bater?

— Perdoe a insolência, meu alfa, mas… — Belia ofegava, apoiando-se na lateral da mesa. — A Luna precisa falar com o senhor, agora.

— Camilla? — ele bufou, passando a mão pelos cabelos. — Ela te mandou até aqui como uma serviçal desesperada só pra me chamar?

— É mais sério do que parece — Belia insistiu, tentando controlar o ritmo da respiração. — Ela ordenou que eu o chamasse imediatamente, disse que era urgente.

— Urgente? — Kael soltou uma risada sarcástica. — A última vez que ela achou algo urgente, me tirou de uma reunião para reclamar que o vestido dela estava justo demais.

— Kael… — Tommy interveio, a voz ponderada. — Talvez seja melhor ir ver o que ela quer. Se for uma bobagem, você volta, mas se for algo mais grave…

Kael revirou os olhos, claramente contrariado. Bateu a palma contra a mesa, empurrou a cadeira para trás e se ergueu num movimento brusco.

— Que seja, mas espero sinceramente que ela tenha uma excelente justificativa para me tirar daqui no meio da manhã.

Com passos pesados, atravessou o corredor junto de Belia, que tentava acompanhar seu ritmo sem perder o fôlego. Ele parou diante da porta do quarto, olhou por sobre o ombro para a anciã e resmungou:

— Se for outra crise de vaidade, eu juro que…

Mas não terminou a frase, empurrou a porta e entrou sem bater.

Camilla estava de pé no centro do quarto, o longo robe acetinado dourado esvoaçando ao redor do corpo. Seus cabelos estavam soltos, caindo em ondas até a cintura, e o rosto carregava um brilho estranho, não era maquiagem, nem charme forçado. Era algo mais… perigoso.

Ela se virou devagar, os olhos castanho-claros fixos nos de Kael. Então, com uma expressão quase triunfante, estendeu o braço e lhe entregou algo pequeno.

Kael franziu o cenho e pegou o objeto, era um bastão branco com uma janelinha transparente.

— Camilla… — sussurrou, a voz embargada — você está… grávida!

— Estou — ela repetiu, sorrindo enquanto o abraçava de volta.

Kael afastou-se apenas o suficiente para segurar o rosto dela entre as mãos. Seus olhos brilhavam, como se vislumbrassem o futuro ali mesmo.

— Vai ser um menino, tenho certeza. Um lobo forte, com sangue de alfa. Ele herdará tudo isso — gesticulou ao redor, com orgulho. — Será meu sucessor, o próximo alfa da Ventos Sombrios.

Camilla assentiu, mas seu sorriso era mais contido, quase forçado.

— E se for uma menina?

Kael hesitou. Depois deu um sorriso que não alcançou os olhos.

— Vai ser um menino, sei que vai.

Camilla apenas o abraçou de novo, sem discutir.

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