Kael a beijou no topo da cabeça, apertando-a contra si com uma mistura de excitação e possessividade.
— Nosso filho vai ser o lobo mais poderoso que essa alcateia já viu. Ele terá o mundo aos pés. Nada o impedirá.
E naquele instante, Camilla soube que havia conquistado exatamente o que queria.
Camilla sorriu, encaixando o rosto na curva do pescoço de Kael, absorvendo a vibração do peito dele como quem queria eternizar aquele momento. A dor latejante que sentia no ventre se intensificou por um instante quando ele a apertou mais contra si, mas ela manteve a expressão serena.
— Vai ser um menino, sim… — murmurou, acariciando de leve a nuca dele com os dedos. — Um lobo forte… digno da alcateia dele.
Kael sorriu de volta, satisfeito com a afirmação, mas antes que pudesse dizer algo, ela soltou um suspiro longo e se afastou um pouco, apoiando-se na moldura da cama.
— Kael… — disse em um tom mais frágil, passando a mão pela lateral do corpo como se sentisse um incômodo. — Desde que descobri que estou grávida, venho me sentindo fraca. Meus ossos doem, meu corpo está cansado, acho que preciso de repouso.
Kael arqueou uma sobrancelha, desconfiado.
— Repouso?
— É… — Ela desviou o olhar, como se hesitasse. — Inclusive… a anciã Belia me orientou a não ter relações enquanto estiver gestando nosso filhote. Disse que o esforço pode prejudicar o desenvolvimento… e que, nesse início, é especialmente arriscado.
Kael a fitou por alguns segundos. A expressão outrora calorosa começou a se transformar, os olhos ganhando um brilho gelado. Ele deu um passo para trás, o maxilar travado.
— Não poderemos mais…? — Ele deixou a pergunta no ar, como se a própria ideia o ofendesse. — Durante toda a gravidez?
Camilla apenas assentiu, mordeu o lábio inferior e tentou parecer o mais vulnerável possível.
— É para o bem do nosso filho… — sussurrou, baixando os olhos.
A porta rangeu atrás deles e, por um instante, Camilla congelou. Belia surgiu no batente, como se o destino tivesse lhe preparado a entrada perfeita. Seus olhos analisaram a cena com rapidez e inteligência.
— Está tudo certo, meu alfa? — perguntou, com a voz arrastada e cansada, mas sem esconder o leve interesse em saber o quanto havia ouvido.
Kael se virou de imediato.
— A sua recomendação foi mesmo essa, anciã? De abstinência completa? — Sua voz carregava um tom de crítica velada. — Lunas grávidas sempre serviram aos seus alfas, mesmo gerando filhos.
Belia ergueu o queixo, caminhando lentamente até eles. Parou ao lado da cama e pousou a mão ossuda no ombro de Camilla, que tremia levemente por dentro, mas mantinha a máscara serena.
— Cada gravidez é diferente, meu alfa. — A anciã escolheu bem as palavras, sua mente trabalhando rápido. — Mas o filhote que cresce no ventre de uma Luna escolhida por um alfa tão poderoso quanto o senhor… requer muito mais da mãe. Essa criança consumirá a energia dela para formar um corpo digno de seu sangue. Seria imprudente colocá-la em esforço físico desnecessário, é uma medida de proteção.
Kael ainda parecia relutante, mas Belia o conhecia bem demais. Alimentar seu ego era sempre o caminho mais curto para convencê-lo.
— Estamos falando do herdeiro do senhor, Kael. Um futuro alfa — continuou, com firmeza. — Tudo deve ser feito para garantir que ele nasça forte, saudável e invencível como o pai.
Um silêncio tenso se formou. O alfa respirou fundo, seus olhos voltando para Camilla, que mantinha o olhar baixo e a expressão de dor contida. Por fim, ele assentiu com a cabeça.
— Tudo pelo bem do meu filho.
Camilla assentiu, tentando esconder o incômodo crescente.
— Como quiser, meu alfa.
Kael caminhou até a porta, parando no batente, olhou por cima do ombro e franziu o cenho, apontando para ela com um gesto breve.
— Quero você apresentável. Use uma maquiagem decente, algo que combine com o momento.
— Claro…
— E sorria. — Ele enfatizou a palavra como se fosse uma ordem militar. — Você será mãe do próximo alfa. E precisa parecer à altura disso.
Sem esperar resposta, saiu, fechando a porta atrás de si.
Belia permaneceu parada ao lado da cama por alguns segundos, observando Camilla em silêncio. Quando a porta se fechou completamente, a anciã arqueou uma sobrancelha.
— Usando até mesmo a gravidez como arma, não é, Luna? Ele vai descobrir da doença, cedo ou tarde, senhora.
Camilla virou o rosto devagar, com um meio sorriso contido nos lábios.
— Estou apenas garantindo meu lugar. O que começa com sangue… termina com poder.
Belia não respondeu, apenas deixou o quarto em silêncio, sem olhar para trás.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...