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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 36

O céu ainda estava tingido de cinza-azulado quando Kael e Tommy deixaram os limites do território. A floresta parecia silenciosa, como se pressentisse a importância daquele dia. O jato particular os aguardava na clareira reforçada com concreto, longe dos olhos humanos. Pilotos treinados por e para lobos preparavam os motores, e assim que os dois embarcaram, a aeronave subiu rapidamente, rompendo as nuvens com rapidez.

A viagem foi breve, silenciosa. Kael pouco falou, mantinha os olhos fixos no horizonte, enquanto Tommy observava atentamente o tablet com os relatórios enviados por um dos betas responsáveis pela segurança da Casa da Deusa. O alfa estava completamente imerso em seus próprios pensamentos sobre o futuro, agora que teria um filho, finalmente seria um alfa completo, com um herdeiro.

Se sentia cansado naquele dia, o corpo dolorido parecia implorar por descanso, mas ele se recusava a demonstrar tal coisa. Alfas não precisavam de descanso muito menos ficavam doentes.

Ao pousarem, foram recebidos por uma brisa úmida e carregada do cheiro de madeira antiga. O aeroporto era escondido em meio à mata fechada, um círculo perfeito de tecnologia disfarçada, protegida por runas ancestrais.

Um carro preto, blindado, os aguardava na beira da pista. Um motorista de terno escuro e expressão neutra desceu para abrir a porta traseira.

— Senhores — disse apenas, antes de voltar ao volante.

Durante o trajeto, os lobos mantinham a postura ereta. Nenhuma palavra foi trocada no interior do veículo. Os pensamentos de Kael estavam dispersos, mas sua expressão era impenetrável. Finalmente, a floresta se abriu para revelar uma mansão imensa, cercada por colunas de pedra esculpida e vitrais que contavam a lenda da Deusa da Lua. Um símbolo ancestral da união entre os clãs: a Casa da Deusa. Erguida no coração da mata, protegida por magia e segredo, mas que agora era apenas um antro de hipocrisia onde lobos velhos tentavam a todo custo se colocar uns sobre os outros.

O carro parou na escadaria principal, Kael desceu primeiro, seguido por Tommy. Seus passos ecoaram nas pedras, firmes e decididos, enquanto atravessavam o pátio até o grande salão de reuniões. As portas foram abertas por dois guardiões com mantos escuros, e o cheiro de incenso de raiz e mirra tomou o ar. No interior do salão, dezenas de alfas já estavam posicionados em seus respectivos lugares, acompanhados de suas lunas e betas.

Todos os olhares se voltaram para Kael.

Havia respeito, sim, mas também desconfiança.

— Olhem só quem finalmente apareceu, o herdeiro de Luther, seu pai foi um grande amigo meu — comentou um alfa alto, de cabelos grisalhos, um sorriso amigável surgindo em seus lábios. — Kael.

Kael caminhou até ele com calma. Seus olhos escuros encontraram os do homem.

— Ronnie.

— Tommy. — Ronnie estendeu a mão para cumprimentar o beta com firmeza.

Tommy assentiu em respeito, mas manteve o queixo erguido, atento a tudo ao redor.

— Onde está sua luna? — Ronnie perguntou, franzindo o cenho. — Esperávamos vê-la hoje. Era o momento ideal para apresentar oficialmente sua companheira aos outros líderes.

— Essa é minha luna, Seline — disse Ronnie, com orgulho na voz.

Seline parou ao lado do companheiro, e ele a envolveu com o braço, puxando-a para um abraço apertado, beijando-lhe a têmpora com carinho genuíno. Era uma cena incomum entre alfas. Diante de tantos, muitos preferiam manter uma fachada de superioridade, mas Ronnie era diferente, ele a olhava como se fosse o próprio coração fora do corpo. Um costume mantido por poucos lobos naquela época.

Kael observou sem demonstrar qualquer emoção.

— Ela é… dedicada — comentou, após alguns segundos.

— É mais que isso. — Ronnie sorriu. — A deusa a escolheu para mim, é minha destinada. Muitos me criticaram por marcar uma ômega, mas… não me arrependo nem por um segundo.

Tommy sorriu levemente, encontrando beleza na forma com que o outro alfa falava. Kael, no entanto, manteve os olhos fixos no casal.

Seline se manteve colada ao marido, seus olhos azuis varrendo o ambiente com certa insegurança. Estava visivelmente deslocada entre as demais lunas, todas de postura altiva e sangue beta ou alfa. Ainda assim, ela ergueu o queixo quando os olhares pairaram sobre seu ventre coberto pelo tecido lilás, estava grávida, a barriga começava a aparecer timidamente nas roupas. Era uma ômega, sim, mas também Luna da Alcateia dos Lobos do Eclipse. E isso dizia muito.

Ronnie envolveu a cintura fina da companheira e a puxou para mais perto, como se fizesse questão de mostrá-la ao mundo. Beijou-lhe o rosto e em seguida a testa, num gesto doce, alheio aos julgamentos. A maioria dos alfas desviava o olhar, mas Kael cruzou os braços com um meio sorriso no canto dos lábios.

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