O silêncio da sala era tão espesso que poderia ser cortado com as garras. As tochas acesas projetavam sombras dançantes nas paredes de pedra e nos rostos rígidos dos anciãos sentados em seus tronos dourados, olhando para todos como se as palavras de Kael fossem a coisa mais certa dita naquele momento. Isso até que alguém pareceu ter coragem o bastante para se erguer e, principalmente, para falar.
— O alfa supremo sempre foi uma força entre nós — disse ele, a voz grave ecoando pela sala. — Uma força que manteve o equilíbrio, a justiça, a honra, isso é sussurrado pelos mais velhos desde que me tornei alfa. Eu não entendo por que insistem em mantê-lo adormecido quando a própria deusa escolheu despertá-lo.
Houve um murmúrio entre os presentes. Alguns alfas abaixaram os olhos, outros ergueram as sobrancelhas, desconfortáveis. A companheira de Ronnie, de pé ao lado dele, tocou seu braço com delicadeza e completou:
— Se foi a deusa quem o colocou para dormir... e agora foi ela quem o trouxe de volta, então talvez este seja o plano dela. Interferir nisso... é desafiá-la.
O olhar de Luter foi como uma lâmina cravando na pele. O mais velho dos três anciãos se inclinou para a frente, sua voz áspera e imponente:
— Faça sua ômega se calar, Ronnie, essa espécie não tem direito de falar aqui.
Ronnie girou os ombros, deixando o peito inflar com o orgulho de lobo ferido. Seus olhos âmbar brilharam com raiva quando avançou um passo.
— Ela é a minha Luna. Tem o direito de estar aqui, tem o direito de falar, assim como todas as outras. Se não gostam disso, o problema não está nela... está em vocês.
O silêncio retornou, mais pesado que antes.
— Eu não vou mais fazer parte desta cúpula podre — continuou Ronnie, a voz firme como rocha. — Me recuso a sentar à mesa com aqueles que usam o nome da deusa para justificar suas próprias decisões, é já penso nisso há muito tempo. Ela não fala mais por vocês, vocês esqueceram o que é honrar a Lua.
Os olhos de Caliu faiscaram, a fúria se manifestando em rugas e dentes cerrados. Ele se levantou com lentidão calculada, fazendo sua longa túnica arrastar no chão de pedra.
Mas antes que mais líderes pudessem se levantar, Kael se ergueu de sua cadeira. Seus olhos semicerrados brilhavam de irritação e satisfação ao mesmo tempo. Tommy, sentado ao seu lado, observava tudo com os punhos cerrados, sem mover um músculo. A tensão em seu maxilar era visível.
— Vocês estão cometendo um erro — disse Kael, a voz gélida, os olhos fixos no vazio deixado por Ronnie. — Os anciãos são os escolhidos da deusa. Sempre foram sua manifestação na terra, sempre falaram com sua voz e comandaram com sua bênção. Se dizem que o supremo precisa ser parado... então essa é a vontade da deusa.
Ele pausou, olhando para os anciãos como se esperasse um aceno de aprovação. E ele veio. Luter assentiu com um movimento lento da cabeça, seguido por Caliu e Berak. Era a primeira vez em décadas que os três anciãos concordavam de forma tão visível e unânime diante de todos.
Kael ergueu o peito, o orgulho transbordando pelos olhos. Sua voz cortou o ar:
— Aqueles que escolhem duvidar... não estão indo contra os anciãos. Estão indo contra a própria deusa.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...