— Kael... — insistiu Camilla, a voz mais baixa agora. — Eles não vão segui-lo, estão apavorados.
O alfa girou, apontando para todos os que o rodeavam, a voz ecoando alta, carregada de poder:
— VOCÊS VÃO LUTAR! — ordenou, a voz de comando vibrando pelo peito de cada lobo, prendendo a respiração de muitos. — OU VÃO MORRER PELAS MINHAS MÃOS!
Os corpos se encolheram, o medo estampado em cada olhar. Alguns trocaram olhares incertos, mas ninguém ousou contestar. O poder de Kael ainda era forte o bastante para dobrar corações e silenciar línguas.
Camilla desviou o olhar por um instante, encontrando os olhos de Tommy, que se misturava a multidão. Ele apenas balançou a cabeça de leve, quase imperceptível, e ela entendeu. Seus dedos apertaram a toalha que a omega segurava, buscando forças.
Kael respirava com dificuldade, o peito arfando. Tossiu, levando a mão à boca e sujando os dedos com sangue escuro. Limpou com raiva na roupa, como se quisesse ignorar a doença que o consumia.
— Amanhã ao amanhecer partiremos! Vamos esmagar o maldito supremo! Vou arrancar o coração daquele bastardo com as minhas mãos!
As palavras ecoaram, mas não trouxeram coragem a ninguém, apenas mais medo. Lobas se encolheram, anciões engoliram em seco e jovens tremeram, sentiam que estavam entre a cruz e a espada, entre morrer agora e morrer no dia seguinte, como poderiam escolher algo assim?
Enquanto o burburinho crescia, Tommy se movia entre as pessoas lentamente, avançando pelos jardins longe dos olhos do alfa, se aproximando do portão. Seu coração pesou, sabia que rair seu alfa era errado, que todos os ancestrais se envergonhariam dele, mas estava fazendo o que achava certo, o que precisava ser feito. O ranger do portão ecoou tão alto que pareceu calar até o vento.
Tommy empurrou a madeira pesada devagar, mas firme, e todos que estavam reunidos no pátio se afastaram, abrindo espaço como se soubessem, no fundo, que aquilo não tinha mais volta.
Kael ficou estático por um instante, as veias do pescoço latejando, o rosto vermelho de fúria, enquanto seu beta, o homem em quem mais confiava, ou ao menos confiara um dia, expunha a alcateia ao inimigo.
— TOMMY! — o grito saiu mais rouco do que forte, mas mesmo assim fez algumas ômegas se encolherem. — O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, SEU INÚTIL?! FECHA ESSE PORTÃO AGORA!
Tommy não respondeu. Os olhos dele estavam fixos no trinco que cedia, no ar pesado que começou a entrar pelo vão aberto, trazendo consigo um cheiro que todos ali reconheceram: sangue, poder e morte.
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