River desviou como se não fosse nada, e, com outra patada, atirou Kael de costas contra a terra batida. O impacto arrancou o ar de seus pulmões, e ele ficou alguns segundos sem conseguir respirar, sentindo a dor tomar conta do corpo.
Mesmo assim, o alfa louco não desistiu. Tentou se arrastar, se erguer, mas as patas fraquejaram sob o peso da doença e do medo que corroía suas entranhas.
River rosnou baixo, a voz grave ecoando na mente de todos como um trovão:
“CHEGA!”
Mas Kael, cego de ódio, ergueu as garras mais uma vez. River avançou com força, a mandíbula se abrindo, mas ao invés de matá-lo, bateu com força contra ele, esmagando-o contra o chão.
Os ossos de Kael rangeram, o som seco ecoou pelo pátio, e um silêncio pesado tomou conta de todos. Nenhum lobo da Ventos Sombrios se moveu, nem mesmo os mais antigos ousaram desobedecer. Ficaram ali, assistindo seu alfa ser humilhado.
Kael tentou rosnar, mas saiu apenas um chiado fraco. As forças dele o abandonavam rápido demais.
River não matou, ainda não.
A cada golpe, a cada patada, River o mantinha vivo apenas o bastante para sentir o peso da derrota. Para que todos vissem o fim do reinado de tirania.
Sem conseguir mais manter a forma de lobo, Kael começou a se contorcer, os ossos rangendo ao voltar à forma humana. Quando terminou, estava nu, caído de lado na terra fria, o rosto sujo de sangue e poeira. Tossiu, cuspindo sangue escuro, os olhos cheios de um medo que nunca mostrara antes.
River continuou transformado, o corpo enorme projetando uma sombra que cobria Kael por inteiro. Então, ao lado dele, Lyra também voltou à forma humana.
O choque percorreu todo o pátio.
Algumas ômegas taparam a boca, os soldados arregalaram os olhos. Ver aquela loba prateada tornar-se mulher foi como ver um segredo se revelar. Nunca haviam visto a loba de Lyra quando ela morava ali, e Kael apenas a reconheceu pelo cheiro, já que ela era sua companheira.
Lyra ficou ali, nua, os cabelos dourados caindo pelos ombros, o peito arfando. Ela olhou ao redor, encarou cada rosto da Ventos Sombrios. Não havia mais medo em seus olhos, apenas firmeza.
River, ainda em sua forma bestial, aproximou-se devagar. O rosnado cessou, e ele se ajoelhou diante dela, dobrando as patas dianteiras até quase deitar. Encostou o focinho contra o rosto dela, o toque leve, reverente.
O gesto foi tão claro quanto palavras: ela não era apenas uma loba qualquer, era sua companheira.
Kael ergueu o rosto, o olhar tomado por um ódio quase doentio. O peito subia e descia, cada respiração era uma vitória contra o próprio corpo. Os cabelos grudados na testa pelo suor e sangue.
— SUA PUTA! — cuspiu, a voz rouca, falhando, mas ainda assim audível o bastante para ecoar por todo o pátio. — VOCÊ É O LIXO QUE EU REJEITEI! APENAS ISSO!
Lyra estremeceu, mas não desviou o olhar. Os olhos dela brilharam com uma raiva contida, diferente daquela que tivera antes. Era uma força nova, nascida do amor próprio e do apoio que sentia atrás de si.
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