O pátio inteiro pareceu congelar quando a voz monstruosa de River ecoou, grave e arranhada, como rochas se partindo:
— Cale-se!
A voz dele saiu lenta, gutural, difícil de entender, mas ainda assim tão poderosa que fez alguns lobos recuarem instintivamente, abaixando a cabeça. Era raro ver um lycan falar na forma de lobo, quase impossível, um esforço que mostrava o quanto ele queria que cada palavra fosse ouvida.
Kael ergueu o rosto, o sangue escorrendo pelo canto da boca, os olhos cheios de um ódio febril. Ele tentou rir, uma gargalhada rouca, falha, mas o som morreu em meio a um acesso de tosse.
Lyra deu um passo à frente, os cabelos dourados caindo sobre os ombros, o olhar firme queimando no rosto do alfa caído. Apesar de pequena, havia uma imponência em sua postura que Kael nunca havia visto, ela não parecia mais um animal acuado, agora tinha noção de seu poder ao menos de parte dele.
— Cale essa boca imunda — disse ela, a voz firme, clara, que ecoou pelo pátio inteiro. — Está falando com a companheira do alfa supremo, a luna da alcateia Lua Sangrenta.
Kael riu de novo, um som fraco e doente, cuspindo mais sangue na terra. Mesmo caído, mesmo derrotado, tentava feri-la como sempre fizera, as palavras afiadas como lâminas:
— Luna? Você não passa de uma cadela marcad...
Então, antes que ele terminasse de falar, a loira avançou em direção ao lobo e acertou um tapa em seu rosto. O tapa que Lyra deu nele ecoou como um estouro, o rosto de Kael virou de lado, o sangue respingando no chão. Os olhos dela brilharam num prateado intenso, quase ofuscante, e quando ela falou, a voz saiu trêmula de raiva, mas carregada de autoridade:
— Você é o lixo aqui, Kael.
Kael respirou com dificuldade, sentindo o gosto amargo do sangue e da derrota. O pátio inteiro estava mudo, todos os olhos fixos na jovem que um dia fora apenas uma omega e agora falava com o peso de uma luna.
Lyra respirou fundo, o peito subindo e descendo rápido, os punhos cerrados. Então ergueu a voz, tão firme que parecia ressoar nas paredes de pedra ao redor:
— Estou aqui para cobrar o que me devem.
Um silêncio pesado caiu sobre todos. Algumas ômegas baixaram a cabeça, os ombros tremendo. Outras levaram as mãos ao rosto, soluçando baixinho, o medo misturado à vergonha. Todos sabiam do que ela estava falando, todos sabiam que aquela alcateia devia a ela algo que só poderia ser saudado com sangue. Mas seria apenas o sangue do alfa ou da alcateia inteira?
Lyra olhou ao redor, o olhar firme.
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