Apenas River permaneceu em sua forma de lycan, imenso e ameaçador, e Lyra, ainda em forma de loba, a cabeça erguida, observava em silêncio.
— O ritual consiste em compartilhar o mesmo sangue. — explicou Solomon, sua voz grave ressoando clara — O sangue de vocês se une ao do alfa, e todos se tornam uma só alcateia.
Não havia cálice de prata, como manda a tradição. Então, Solomon uniu as mãos em concha, formando um cálice improvisado com a própria carne.
— Venham, um por um — disse ele, os olhos sérios. — Cortem as mãos e deixem o sangue cair aqui.
Ethan foi o primeiro. Com a propria garra, fez um corte na palma da mão. O sangue escorreu, denso e quente, caindo nas mãos de Solomon. Depois dele, uma loba de cabelos desgrenhados, o olhar firme apesar do medo, repetiu o gesto. O sangue dela se juntou ao dele. Então vieram outros: velhos lobos, jovens hesitantes, fêmeas de olhar duro e machos de postura abatida. Cada gota, uma história, uma dor, um pedido silencioso de aceitação.
O cheiro de sangue tomou a clareira, misturando-se ao aroma da terra úmida e das folhas. Era o cheiro da verdade, da vulnerabilidade. Não havia mais orgulho, apenas desejo de pertencer.
Quando todos tinham deixado seu sangue, Solomon ergueu os olhos até River, aguardando. O lycan avançou, o passo pesado fazendo o chão estremecer levemente. Então, com uma de suas garras negras, fez um corte profundo na pata. O sangue escorreu, mais escuro e espesso que o dos outros, misturando-se ao que já havia nas mãos de Solomon.
Os renegados observaram, sentindo que algo antigo estava sendo refeito. Aquele não era apenas o sangue de um alfa: era o sangue do supremo, um lycan, a força que uniria todos.
River inclinou a cabeça levemente, aceitando. E então, numa explosão de poder, ergueu a cabeça para o céu e uivou. O som atravessou a floresta, espantou os corvos nas árvores, estremeceu o ar. Era um uivo de vitória, mas também de promessa.
Quando ele terminou, algo mudou na clareira. Os renegados sentiram o calor invadir seus corpos, como se a força da alcateia os abraçasse. River sentiu também: o laço se firmara, e agora eram mais fortes, todos unidos. Ao lado dele, Lyra ergueu a cabeça, uivando também, sua voz se juntando à dele, selando o ritual.
O ciclo se completava ali: sangue, espírito, lealdade. Uma nova alcateia surgia, não apenas de lobos, mas de almas que escolheram mudar. A Lua Sangrenta tinha novos membros, e River e Lyra sabiam, no fundo, que estavam prontos para tudo que viria. Porque quanto mais lobos leais, mais forte é o alfa, mais forte é a luna e mais forte é a alcateia.
E naquele instante, todos sabiam: não estavam mais sozinhos.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...