Atravessaram a terra de ninguém como um pequeno exército, as patas afundando na terra seca, o cheiro de sangue e magia ainda impregnado em seus pelos. River, Lyra e Solomon iam à frente, liderando o caminho, e atrás deles vinham os bão mais renegados, agora lobos da Lua Sangrenta. Não eram mais errantes, não carregavam mais apenas vergonha e exílio nos ombros, mas um novo nome, um novo laço que ardia quente nas veias. E aquele calor os fazia erguer a cabeça com orgulho.
O sol já começava a se esconder atrás das montanhas quando, ao longe, os portões altos da Lua Sangrenta surgiram. Os guardas na muralha se entreolharam ao ver aquele grupo imenso avançando em passo firme. Por um segundo, o medo brilhou nos olhos deles, até que reconheceram a pelagem negra e poderosa do lycan à frente. River, ainda transformado, seguia sem hesitar.
Quando chegaram perto o bastante, River voltou à forma humana, os ossos se reorganizando, a pele cobrindo a fera. Ele respirou fundo, erguendo o queixo, o olhar firme como aço. Ao lado dele, Lyra também se transformou, os cabelos loiros escorrendo pelos ombros, os olhos prateados reluzindo. Solomon, já em forma humana, segurava a respiração, atento aos movimentos de todos.
Os portões se abriram com um ranger longo, e o som pareceu ecoar por toda a alcateia. Um a um, os membros da Lua Sangrenta surgiram nos jardins, atraídos pelo cheiro, pelos sons, pelo chamado silencioso que dizia que algo grande havia acontecido. O ar ficou pesado, a expectativa era quase palpável.
River avançou alguns passos, ficando no centro do grande pátio, o vento balançava seus cabelos escuros, e o silêncio que caiu parecia prender até a respiração das crias mais novas. Atrás dele, os ex-renegados, agora em forma humana, se reuniram, inseguros. Alguns mantinham a cabeça baixa, outros olhavam ao redor, tentando entender se seriam bem recebidos ou não.
— Irmãos! — A voz de River cortou o ar, profunda, carregada de autoridade. — Finalmente voltamos para casa!
Ele olhou ao redor, seus olhos vermelhos encontrando cada rosto. Havia alegria nos olhos de todos, afinal, o temor de perder novamente seu alfa sempre acompanhava cada saida de River.
— Kael está morto. — falou, cada palavra carregada de algo mais forte do que simples vitória. — Ele pagou por tudo que fez. E a Ventos Sombrios… agora é nossa aliada.
Um murmúrio correu entre os lobos, alguns se entreolhando, surpresos. River ergueu a mão, e o silêncio voltou a se impor.
— A Luna foi vingada. — completou ele, a voz mais baixa, mas ainda firme. Então virou-se, puxando Lyra suavemente pela cintura, abraçando-a diante de todos. — E ela voltou mais forte do que nunca.
Os olhos de Lyra brilharam, mas ela manteve o semblante firme. Sabia que aquele momento não era apenas dela, mas de todos. Os membros da alcateia olharam para ela com respeito renovado, agora, não apenas como companheira do alfa supremo, mas como aquela que enfrentou seu passado e venceu.
Solomon deu um passo à frente, o braço direito do alfa olhava todos com seriedade, mas também com um leve orgulho contido.
— No caminho, encontramos lobos renegados. — disse ele, a voz ecoando pelo pátio. — Lobos que carregavam a vergonha do exílio, mas que escolheram mudar, que escolheram jurar lealdade ao nosso alfa, à nossa luna e à Lua Sangrenta.
Ele estendeu o braço, apontando para o grupo parado mais atrás.
— Agora — continuou Solomon — são nossos irmãos. Não são mais renegados, são Lua Sangrenta.
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