Três meses depois
As cortinas estavam meio abertas, deixando a luz da lua entrar pelas frestas e iluminar parcialmente a sala. Lyra estava deitada no sofá com as pernas sobre o colo de River, os dois cobertos por uma manta macia enquanto assistiam a um filme qualquer na televisão. Era algo que ela nunca conseguia fazer muito na antiga alcateia, mas aqui tinham uma tv grande só para eles e Lyra estava adorando, mas River ainda achava um tanto... estranho. Ele a observava mais do que ao filme, tentando entender como aquelas imagens em movimento podiam prender tanto a atenção dela.
— Isso não faz sentido — murmurou ele, franzindo o cenho quando o protagonista saltou de um carro em movimento para o telhado de outro. — Humanos realmente acreditam que isso é possível?
Lyra soltou uma risada baixa, puxando a mão dele para beijá-la.
— É entretenimento, amor. Você precisa desligar a mente e só... assistir.
— Difícil desligar a mente quando estão constantemente inventando essas baboseiras — resmungou ele, mas seu tom era mais curioso do que irritado. — Não consigo acreditar que em setecentos anos tanta coisa mudou…
Ela virou o rosto para ele, sorrindo.
— Você perdeu muita coisa... Mas está recuperando o tempo agora. Comigo.
— Algumas coisas ainda me confundem. — River suspirou. — Como essas luzes pequenas no controle. Pra que servem?
— Isso? São os botões... de função. — Ela sorriu, divertida. — Você aperta e coisas acontecem. Máquinas obedecem. É tipo mágica... mas humana.
— A magia deles é feia — murmurou ele. — Mas, se te faz sorrir, posso tolerar.
O sorriso dela se alargou. River nem sempre sabia demonstrar o que sentia, mas sempre que o fazia era como se o mundo parasse por um momento e só existissem os dois.
Mas um barulho seco do lado de fora quebrou o momento.
— Você ouviu isso? — Lyra ergueu a cabeça.
River já estava de pé, o corpo rígido e alerta. O som voltou, mais intenso, batidas fortes na porta. Sem hesitar, ele correu até a entrada, enquanto Lyra o seguia, preocupada.
— Quem é?! — River rosnou, a mão na maçaneta.
— Solomon! — gritou uma voz abafada do outro lado. — Abra! Precisamos de você agora!
River escancarou a porta.
Solomon estava ali, suado, parecia que havia acabado de sair da cama, completamente bagunçado, mas havia uma urgência em seu olhar que deixou o alfa em alerta. Atrás dele, vários soldados aguardavam, igualmente armados e em alerta.
— O que aconteceu? — River perguntou, abrindo espaço para que seu beta entrasse.
— Eles atacaram — disse Solomon, sem fôlego. — O lado norte da fronteira... vieram com tudo. Estão tentando romper nossas defesas, precisamos ir, Supremo, os soldados precisam de nós!
Lyra sentiu o estômago revirar ao ouvir aquilo. Era como se cada minuto daqueles meses doces estivessem sendo roubados, destruídos. Aparentemente, a guerra havia chegado até eles e na calada da noite, sem que estivessem esperando.
— Eu vou com vocês — disse, determinada.
River virou-se para ela, o olhar firme.
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