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Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 70

A escuridão parecia ter peso.

Lyra abriu os olhos com dificuldade, os cílios grudados pela umidade que escorria de sua testa. Sua respiração saiu fraca, o peito arfando com dor. Estava deitada sobre algo frio e duro, o chão de pedra. Um cobertor rústico cobria parte de seu corpo, ainda estava nua por baixo, afinal, foi assim que eles a tiraram de sua casa, de sua alcateia. Tentou se mover, mas o menor esforço fez os pulsos arderem em carne viva.

As cordas estavam apertadas, ensanguentadas, rasgando sua pele delicada e fazendo o cheiro de sangue se misturar com a podridão daquele lugar..

Ela arfou de dor ao se arrastar alguns centímetros. O cheiro do ambiente era insuportável, e não apenas pelo mofo ou pela sujeira do local. Havia algo mais, algo ácido, fétido, que penetrava em suas narinas e revirava seu estômago.

— Mata-lobos... — murmurou, a voz rouca.

Era um odor inconfundível. Uma erva venenosa para os de sua espécie, que enfraquecia os sentidos, corrompia os instintos, minava qualquer tentativa de reação. Normalmente era usada por caçadores para conter e matar lobisomens.

Seu olhar percorreu o espaço ao redor. As paredes eram de pedra escura, úmida, com manchas esverdeadas nas frestas. Um calabouço, tinha certeza disso. Grades de ferro fechavam o ambiente. Havia um balde sujo no canto, restos de ossos amarelados espalhados pelo chão, e uma única tocha enferrujada presa à parede lançava uma luz trêmula sobre tudo.

Ao seu lado, alguém se mexeu.

Lyra girou lentamente a cabeça, sentindo o pescoço doer, e seus olhos se arregalaram ao reconhecer o rosto machucado e inchado de Petra. Parecia ter lutado, ou tentado lutar, antes de apagarem ela.

A loba estava inconsciente, mas começou a resmungar.

— Petra... — Lyra sussurrou, com a garganta seca. — Petra, acorda...

A garota gemeu baixinho, virando o rosto para o lado oposto. Seus cabelos estavam colados à pele com suor e sangue seco, o ombro coberto por hematomas escuros. Depois de alguns segundos, ela soltou um suspiro engasgado e abriu os olhos, piscando diversas vezes.

— Onde... onde estamos? — a voz dela saiu baixa e trêmula. — Tinha um lobo estranho e… Eu não lembro de nada…

— Num calabouço... — Lyra respondeu, com esforço. — Preciso que fique calma... fomos sequestradas.

Petra se sentou com dificuldade, o cobertor escorregando até a cintura, revelando as roupas sujas e algumas marcas pela pele. Seus olhos, cheios de medo, buscaram os de Lyra.

— Sequestradas? Lyra… Como vamos sair daqui? O que vão fazer com a gente?

— Eu não sei… Mas vamos dar um jeito, fique calma.

Petra começou a chorar.

— Oh, deuses... — ela soluçou, desesperada. — Eles vão nos matar, Lyra... Vão nos usar pra atrair Solomon e River!

— Ei, olha pra mim — disse Lyra, a voz firme apesar da dor. — A gente vai sair daqui. Eu prometo. River. e Solomon vão encontrar a gente!

— Vocês duas são moedas valiosas. Especialmente você, Lyra... — Seus olhos percorreram o corpo dela por debaixo da manta. — A fêmea do alfa supremo… Foi mais fácil pegar você do que imaginamos que seria.

— Ancião Berak... — Lyra sussurrou, horrorizada.

— Sim, minha querida — ele respondeu, debochado. — Esperavam que nós nos curvassemos a seu companheiro? Que deixássemos ele destruir a ordem que levamos anos para estabelecer?

— Você é um traidor… A deusa da lua nunca aprovaria o que vocês chamam de leis! — rosnou Lyra, mesmo fraca.

— Ah, não. Eu sou um visionário, as leis da deusa da lua não funcionam mais, as nossas são muito melhores. E logo, seu amado alfa estará morto... — O sorriso dele se alargou, venenoso. — Então ninguém mais vai entrar em nosso caminho… Depois da morte dele, talvez eu tenha pena e jogue vocês na alcateia de um alfa qualquer para voltarem a fazer o que devem, servir outros lobos.

Ele se virou para subir as escadas, sua risada ressoando entre as pedras.

Lyra ficou ali, ofegante, sentindo o corpo tremer. Mas mesmo ferida, mesmo nua, mesmo com o cheiro do veneno dominando o ar... seus olhos brilharam com fúria.

Ela sobreviveria.

Nem que precisasse matar com as próprias mãos.

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