Rejeitada: A Luna do Alfa supremo romance Capítulo 77

A noite estava silenciosa, como se até os ventos temessem invadir o território da Lua Sangrenta. A escuridão envolvia a floresta ao redor da alcateia, e as luzes acesas nas casas pouco iluminavam a tensão que pairava sobre todos os lobos. O sequestro da Luna não era apenas um golpe contra River, era um ataque direto à essência daquela matilha, e todos estavam desestabilizados.

Mas ninguém parecia tão fragilizado quanto o alfa supremo ninguém estava tão desesperado quanto ele.

A casa estava mergulhada em penumbra, a porta da frente, que tinha sido colocada no lugar no dia anterior, havia sido deixada entreaberta, como se River não tivesse força para fechá-la. O vento frio cortava o ambiente, trazendo o cheiro úmido da terra e das folhas da floresta. As coisas ainda estavam exatamente como foram deixadas, o simbolo da alcateia central ainda estava pintado no chão de madeira, com sangue que agora estava seco.

No quarto do casal, River estava sentado na beirada da cama com os olhos fixos no nada. As mãos grandes seguravam com força um vestido branco de Lyra, o mesmo que ela usara na primeira festa da alcateia, meses atrás. O tecido fino ainda exalava o perfume dela, doce, floral, perfeito para ele.

O supremo pressionou o nariz contra o tecido, inspirando fundo.

Era como se ela ainda estivesse ali.

— Merda... — murmurou, os olhos vermelhos de raiva e dor. — Eles sabiam, sabiam que mexer com ela era a única forma de me quebrar.

O vestido escorregou um pouco pelas mãos dele, amassado entre os dedos.

— Eu deveria estar aqui, meu amor… — sussurrou, escondendo o rosto nas mãos — Deveria estar aqui para te proteger…

River não chorava, nunca chorava, mas aquele silêncio estava aos poucos corroendo sua mente. A única coisa que conseguia fazer era sentir.

E foi exatamente isso que aconteceu.

De repente, uma dor atravessou o peito dele como uma lâmina quente, era seca, crua, sufocante. River ofegou, o corpo arqueando para frente como se tivesse sido atingido por algo invisível.

A respiração travou, o ar lhe faltava, o mundo girou.

Tentou se levantar, mas seus joelhos cederam, o fazendo cair no chão com um baque seco. A palma da mão aberta se apoiou no piso de madeira para não tombar de vez, o vestido caiu ao seu lado, e então ele sentiu.

Cheiro de mata-lobos. Forte, quase insuportável.

A dor não vinha dele.

Era dela.

De Lyra.

E então, a voz doce e fraca ecoou em sua mente

Por favor, meu amor… venha me buscar...

A voz de Lyra.

Fraca.

Quebrada.

Desesperada.

Os olhos de River se arregalaram, aquilo era o vinculo deles, os unindo tanto que ele podia ouvi-la, sentir o que ela sentia, sentir o medo, a dor, o corpo fraco, a alma se apagando como a chama de uma vela em ventania.

Ele ficou imóvel por longos segundos, o coração martelando com tanta força que parecia rasgar o peito. Seu rosto estava pálido, os olhos fixos no nada.

Ela estava morrendo.

Lyra estava morrendo…

Solomon aproximou-se com cuidado, colocando a mão no ombro do alfa.

— Nós vamos trazê-la de volta, você não vai perder sua Luna.

— Eles escolheram a pior forma de me atingir — disse River, entre os dentes. — Se era guerra que queriam... vão ter.

— Eu sei, e os guerreiros já estão se armando. Mas River...

— O quê? — ele perguntou, erguendo os olhos com raiva, cansado de esperar queria partir naquele exato momento.

— Temos um visitante.

— Eu não dou a mínima pra visita agora, Solomon!

— Eu sei, sei que não é hora. Mas você vai querer ver quem é, e ele disse que tem informações sobre Lyra.

River congelou.

— O quê?

— É isso mesmo. Ele está na sala de reuniões, disse que tem informações sobre os anciãos e sobre onde estão mantendo Lyra.

River respirou fundo, os olhos ainda ardiam, mas uma chama de esperança começava a brilhar no meio do inferno que o consumia.

— Então por que ainda está esperando? — rosnou River, saindo ainda um pouco cambaleante. — Vamos agora!

Solomon assentiu, e os dois saíram do quarto às pressas, descendo as escadas. Os lobos que passavam por eles paravam e abaixavam a cabeça em respeito. Todos sabiam o que estava acontecendo, todos estavam prontos para lutar.