— Não quero te fazer mal, só quero que você venha comigo, assim posso te proteger e, quando chegarmos, vou te dar um lugar na minha alcatéia — as palavras dele eram sérias e diretas. — É só isso que estou pedindo, Lyra.
Ela respirava com dificuldade, o peito subia e descia em um ritmo irregular. O olhar estava perdido, como se estivesse em dois lugares ao mesmo tempo, ali, diante dele, e dentro da lembrança das mãos que a machucaram.
— Eu não quero lutar, River — ela murmurou, exausta. — Não quero mais fugir, nem me esconder, nem fazer parte de nada. Só quero esquecer, me enfiar em algum canto, sumir do mapa, me limpar de tudo o que fizeram comigo.
Ele abaixou a cabeça, por um segundo, mas quando levantou novamente, sua expressão estava resoluta.
— Você pode fazer isso. E ainda assim estar segura. Não precisa se comprometer com nada. Só… venha comigo, até o a alcateia. E se ter um lugar na alcatéia mais poderosa que já existiu não é o suficiente para te convencer, eu posso te ajudar a se vingar — disse, com a voz baixa, mas firme. — De quem quer que tenha feito isso com você. Posso fazer com que paguem. Um por um.
Lyra arfou, como se tivesse sido atingida por uma flecha invisível. O coração acelerou, era como se ele tivesse aberto a porta de um cômodo que ela tentava manter trancado dentro de si. E por trás daquela porta... só havia dor. E raiva.
— Você não pode — ela retrucou, virando-se para ele. — Ninguém pode. A justiça dos clãs é fraca. Os anciãos estão corrompidos e quem fez aquilo comigo está protegido demais para pagar. Nem mesmo o mais forte conseguiria.
River se aproximou mais, até que estivessem a menos de um passo de distância. Seus olhos a perfuravam como lâminas invisíveis.
— Tem certeza?
— Claro que tenho — ela respondeu, firme. — Você não faz ideia de quem eles são.
— Não? — O tom dele mudou, e algo em sua presença pareceu crescer, expandir. Era como se a floresta silenciasse ao redor, sufocada por aquela energia bruta que emanava dele. — Então olhe bem para mim.
Antes que ela pudesse reagir, os olhos dele começaram a brilhar em um tom vermelho intenso, como brasas vivas consumindo tudo em seu interior. Não era só fúria. Era um poder cru, ancestral, denso como sangue coagulado. Algo que parecia arrancado das lendas mais antigas.
Lyra recuou um passo, o ar lhe faltando por um instante.
— Você… — sussurrou. — Você é mesmo o Alfa das histórias?
River assentiu devagar, o olhar ainda aceso como se estivesse prestes a se transformar ali mesmo.
— Aquele que os anciãos enterraram, mas não conseguiram destruir. Aquele que dormiu sob maldição até que a lua o chamasse de volta, até que você me chamasse de volta. — Ele deu um leve sorriso torto, sombrio. — Sim, sou eu.
Ela o encarou em silêncio, o coração aos pulos, o corpo dividido entre o medo e algo que ela não queria nomear. Uma centelha de esperança... sombria, sim, mas real.
— Se eu te levar pelos caminhos dos renegados… se eu arriscar minha vida mais uma vez… você vai cumprir sua parte?
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