A floresta parecia não ter fim, o vento frio cortava a pele de River enquanto ele corria em sua forma de Lycan, os músculos retesados e o coração disparado. Em seus braços, Lyra parecia leve demais, como se estivesse desaparecendo diante dele, escorrendo sob seus dedos. Sua pele estava uma mistura de suor sangue e lágrimas, lágrimas que escorriam do queixo de River e pingavam nela, molhando-a, e cada batida fraca do coração da companheira ecoava no peito do supremo como um lembrete de que ele não tinha tempo, de que precisava correr mais rápido, de que precisava dar mais que o seu maximo, ou iria perdê-la.
— Fica comigo… Amor, fica comigo, por favor… — ele rosnou entre os dentes, a voz desesperada.
No meio da corrida, River sentiu os dedos delicados acariciando seu rosto molhado pelas lágrimas. Lyra não falou nada, não com os lábios, mas instantes depois River a ouvindo em sua mente, a voz baixa, quase desaparecendo.
“Está tudo bem… nada disso é culpa sua…”
— Não fala assim! — River respondeu em voz alta, quase tropeçando em seu próprio desespero. — Você vai sobreviver, meu amor! Eu não vou deixar você partir…
Cada salto entre as raízes e galhos era movido por pura urgência. O cheiro de mata-lobos era forte nela, um veneno que ele sabia ser letal, e o medo o dilacerava. River conseguia sentir pelo vínculo que a vida dela estava se apagando, e isso era pior do que qualquer ferida física que já tivera.
“Eu te amo… Te amo tanto…”
A frase cortou sua alma como uma lâmina. River sentiu o estômago afundar, os pés tentando se mores ainda mais rápido.
— Eu vou proteger você — rugiu, mesmo quando percebeu que a consciência dela estava sumindo aos poucos. — Fica comigo, Lyra! Fica comigo!
Quando finalmente as construções da Alcateia Ventos Sombrios surgiram à frente, o grande portão ainda fechado, River não diminuiu o ritmo. Inicialmente, os guardas rosnaram e dois deles se transformando ao verem aquele homem ensanguentado correndo com uma mulher nos braços, mas quando perceberam ser o supremo, abriram o portão no mesmo instante, sem sequer perguntar nada.
River entrou nos jardins completamente desesperado, lobos o cercando sem entender o que estava acontecendo e sem saber o que fazer.
— SALVEM MINHA COMPANHEIRA!
Lyra já estava completamente desacordada. O corpo mole, a cabeça pendendo para trás, os lábios azulados. River, completamente desperado, exausto, caiu de joelhos com sua luna nos braços, o corpo colado ao corpo inerte dela.
Da mansão principal, passos apressados ecoaram, a bagunça do lado de fora chamou atenção de quem estava do lado de dentro e Camilla e Petra surgiram na porta, os olhos arregalados com a cena que se desenrolava diante delas.
Ali, enquanto Lyra era levada, uma chuva fina começou a cair, o céu fechando-se com nuvens carregadas trovões soando ao longe como se a deusa chorasse por sua loba, assim como o supremo chorava por sua companheira. A chuva começou a engrossar, e River caiu de joelhos no pátio, com os punhos cerrados contra as pedras frias.
— Deusa da Lua… — ele murmurou, quase sem voz. — Por favor… salve a minha companheira…
Petra se aproximou devagar, ela ainda tinha marcas de hematomas pelo corpo, mas estava visivelmente melhor, os olhos marejados ao ver o estado em que sua amiga foi levada..
— Supremo… ela é forte, vai resistir. — A voz dela era suave, tinha fé na amiga e na força dela. — Vocês dois passaram por coisas piores do que qualquer um conseguiria suportar.
— Ela estava morrendo nos meus braços… — ele disse, sem levantar o olhar. — Eu senti. Se ela morrer, eu…
— Ela vai voltar pra você, River. Eu sei que vai.
Ele respirou fundo, fechou os olhos e se agarrou àquela esperança frágil, rezando para que a deusa estivesse ouvindo.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...