O pátio da Lua Sangrenta estava silencioso, exceto pelo farfalhar do vento entre as árvores e os uivos ocasionais vindos da floresta. A lua iluminava cada pedra e cada sombra, como se o próprio céu assistisse ao que estava prestes a acontecer. River caminhava lentamente entre os guerreiros, sentindo o peso da responsabilidade em seus ombros, até que parou ao lado de Lyra.
— Precisamos conversar — disse ele em voz baixa, puxando-a para um canto mais afastado, entre a muralha e um barril de suprimentos.
Lyra arqueou uma sobrancelha, mas o seguiu em silêncio, sabia que estavam todos tensos. River segurou suas mãos, firmes, olhando diretamente em seus olhos.
— Lyra… quero que vá para a Vila das Bruxas.
— O quê? — Ela franziu o cenho, surpresa e indignada. — Você está me mandando fugir agora?
— Você está grávida, meu amor, gravida… — disse ele, com a voz pesada, mas ainda carinhosa. — Não posso te ver aqui quando a batalha começar. Não posso arriscar vocês dois.
Lyra cruzou os braços, sem disposição alguma para ceder.
— Eu não vou a lugar nenhum. — Sua voz saiu firme, cortante. — River, este é o nosso lar. Eles queimaram a Ventos Sombrios, querem destruir tudo que amamos, tentaram me matar e matar nosso filho. Você acha mesmo que vou correr e me esconder?
— Amor… — Ele tentou se manter calmo, mas a tensão em seu maxilar denunciava o desespero. — Não é sobre coragem, é sobre sobrevivência. Não ligo se algo acontecer comigo, mas não posso permitir que…
— Se algo acontecer com você, eu vou estar aqui — interrompeu ela, firme. — Eu vou lutar ao seu lado, não vou abandonar você. Nunca.
River passou a mão pelo cabelo, respirando fundo, sentindo-se dividido entre o medo e o amor que sentia por ela. Não a queria na luta, mas entendia que ela não iria fugir, era a guerra dos dois o lar dos dois, aquela luta era por todos, não só por eles.
— Pelo menos… se algo der errado, promete que vai fugir. — Sua voz agora era mais baixa, quase um sussurro suplicante.
Lyra balançou a cabeça.
— Se algo der errado, eu morro ao seu lado. — Seus olhos brilhavam com determinação. — Eu prometi que nunca deixaria você para trás, River, e não vou quebrar essa promessa, nem agora, nem nunca.
O silêncio entre eles durou alguns segundos, apenas o vento frio passando entre os dois. Então River a puxou para um abraço apertado, enterrando o rosto no cabelo dela por um instante. Ela sentiu o tremor em seu peito e retribuiu o abraço com força.
Dois lobos gigantescos apareceram primeiro, seus pelos grisalhos refletiam a luz da lua. Os dois anciãos da Alcateia Central avançaram com passos lentos e ameaçadores, seguidos por um mar de soldados, dezenas e dezenas de lobos e humanos armados.
O ar pareceu vibrar com uma energia estranha, a voz mental do ancião negro ecoou na mente de todos, profunda e fria como quem já tem certeza da vitória:
“RENDAM-SE. Entreguem o Supremo e sua companheira. Se fizerem isso, ninguém mais precisa morrer.”
Os guerreiros da Lua Sangrenta se entreolharam, rosnando baixinho, o silêncio pairou por alguns segundos, tenso, até que um uivo poderoso rompeu a noite. River ergueu a cabeça e uivou alto, o som ecoando pelos muros e alcançando cada guerreiro. Logo em seguida, sua voz mental retumbou com autoridade e fúria:
“Saiam daqui, ou enfrentem a batalha! Não iremos nos render se ficarem, vamos estraçalhar cada um de vocês!”
Os anciãos rosnaram em uníssono, e o exército da Alcateia Central avançou, rugindo e uivando, enquanto a Lua Sangrenta se preparava para receber o impacto da primeira onda da guerra.
A batalha tinha começado.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...