A fumaça subia espessa e escura no horizonte, tingindo o céu com tons de cinza e laranja. O cheiro queimado chegava fraco, mas inconfundível. River diminuiu o passo por um instante, seus olhos estreitados enquanto observava a nuvem que dançava acima da floresta. Ao seu lado, Lyra sentiu o coração acelerar, reconhecendo o odor distante de destruição.
Camilla, que corria entre eles em forma de lobo, soltou um rosnado profundo e gutural. Seu corpo tremeu, e quando ela voltou à forma humana, nem se preocupou em cobrir o corpo. Os olhos estavam marejados de raiva e dor.
— Eles… eles destruíram minha alcateia… — disse com a voz falhando.
— Eu sei — respondeu River, também de volta a forma humana, falando com a voz firme, mesmo sentindo a mesma fúria queimando no peito. Ele colocou uma mão sobre o ombro dela. — Eles vão pagar por isso, eu prometo, Camilla. Depois da guerra, reconstruiremos tudo, mas agora precisamos nos preparar para o que está vindo.
Ela respirou fundo, tentando controlar a raiva e o desespero que a consumiam, e voltou a correr. O grupo aumentou o ritmo, mesmo com o cansaço pesando em cada músculo, não podiam parar e nem iriam o fazer, chegar na Lua Sangrenta era prioridade, reagrupar para se preparar para a luta.
Horas se passaram entre uivos e respirações ofegantes. Finalmente, quando a lua já iluminava o céu por completo, os portões da Lua Sangrenta apareceram diante deles, enormes e reforçados. Os guardas da entrada correram ao vê-los se aproximar, abrindo passagem.
Assim que entraram, perceberam que a alcateia já estava em movimento. Lobos passavam em disparada de um lado para o outro, soldados corriam carregando armas e reforçando barreiras, e no pátio principal já havia dezenas de guerreiros reunidos, guerreiros da alcatéia e de fora dela. A chegada do grupo foi recebida com olhares tensos e ao mesmo tempo aliviados. O medo dos guerreiros da alcatéia central terem os encontrado antes de chegarem era real.
Não demorou para que outros lobos surgissem das trilhas da floresta. Em questão de minutos, cerca de dez alfas aliados chegaram com seus soldados. O pátio da Lua Sangrenta se encheu de corpos e vozes, o ar vibrando com o peso da guerra que se aproximava.
River se transformou em humano e subiu na escadaria do prédio central para falar com todos. O silêncio se espalhou aos poucos a medida que notavam o alfa supremo esperando nas escadarias, quebrado apenas pelo vento frio e pelos passos apressados dos que chegavam para ouvir.
— Obrigado por virem — começou, sua voz firme ressoando entre os muros. — Esta não é apenas a guerra da Lua Sangrenta. Não é apenas sobre Ventos Sombrios ou sobre vingança. Os anciãos da Alcateia Central querem dominar todos nós, querem nos ver de joelhos. Sequestraram minha companheira e quase a mataram para me subjugar. E nos matamos um deles, e esse era o recado que precisavam.
Ele olhou para os alfas reunidos à frente, cada um deles com a postura ereta e os olhos atentos.
— Hoje, lutamos para provar que não seremos destruídos. Lutamos para proteger nossos filhos, nossas fêmeas e nossa liberdade. Sei que não será fácil… — ele fez uma breve pausa, sentindo o peso do momento. — Mas juntos, podemos vencer!
Um burburinho de aprovação percorreu a multidão, seguido por uivos que ecoaram pelo pátio. O som encheu a noite, e até os lobos mais jovens sentiram a coragem crescer no peito.
Lyra deu um passo à frente, ao lado de River. Sua presença imponente e serena fez com que muitos se calassem imediatamente.
— Eles destruíram uma alcateia esta noite — disse, a voz firme mas carregada de emoção. — Que isso seja a prova de que não podemos hesitar. Não vão parar até que todos nós sejamos cinzas. Hoje, lutamos por tudo que amamos!
Os uivos recomeçaram, mais altos, vibrando nos muros e nas árvores ao redor.
Quando o último grupo desapareceu entre as árvores, o pátio da Lua Sangrenta ficou apenas com os guerreiros. O ar parecia mais denso, a tensão parecia que poderia ser cortada com uma faca.
River caminhou entre os soldados, observando cada rosto, sentindo a vibração da guerra iminente. Podia ouvir, ao longe, o eco de uivos que vinham da floresta, não os deles, mas dos inimigos que se aproximavam. O exército da Alcateia Central estava chegando.
— Todos aos seus postos! — ordenou River, a voz grave ecoando entre as muralhas. — A partir de agora, ninguém vacila. Eles estão perto.
Lentamente, os guerreiros foram ocupando as posições designadas. Alguns se deitaram nas torres de vigia, outros patrulhavam as trilhas externas, e os mais fortes aguardavam no pátio, prontos para se lançar na primeira oportunidade.
Lyra caminhou até Camilla, que observava os portões ainda com raiva, iria vingar o que os anciãos destruíram.
— Está pronta? — perguntou Lyra.
— Estou — respondeu Camilla, respirando fundo. — Eles vão pagar pelo que fizeram.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...