Um mês havia se passado desde a sangrenta batalha que mudara para sempre o destino das alcateias. O vento frio do fim de tarde soprava pelos campos da Ventos Sombrios, trazendo o cheiro de terra úmida misturado com madeira recém-cortada. A destruição deixada pelos anciãos ainda era visível, mas agora, o som que ecoava por toda a área era de marteladas, serrotes e vozes coordenando a reconstrução.
Depois da batalha os que foram para o esconderijo nas montanhas voltaram sãos e salvos, e agora juntos, queriam reconstruir o lar que haviam pedido para o fogo e para a ira dos anciãos.
Casas de troncos e pedra estavam sendo erguidas novamente, muros reforçados eram construídos para substituir os portões destruídos, e jardins que antes estavam cobertos de cinzas agora recebiam flores replantadas por mãos dedicadas. Membros da Lua Sangrenta estavam espalhados por todos os cantos, ajudando a reconstruir a alcateia aliada. Era uma visão de união e força, nascida de uma guerra brutal.
Bruxas haviam sido chamadas e ao redor de todo o terreno da alcateia símbolos de proteção estavam sendo gravados por elas em terra para esconder a alcateia dos olhos de novos inimigos e também de humanos curiosos.
No meio dos jardins da Ventos Sombrios, Camilla se destacava. De pé, com uma postura firme e elegante, coordenava os trabalhos com autoridade. Um tapa-olho branco cobria o lado esquerdo de seu rosto, e abaixo dele seguindo até a lateral de sua boca as cicatrizes fundas e visíveis do ataque do ancião faziam relevos em sua pele delicada. Ainda assim, havia um brilho feliz em seu rosto, uma força que parecia impossível de quebrar.
Vestia um vestido branco simples, que se movia com a brisa leve, e em sua mão direita segurava uma prancheta improvisada, onde anotava o progresso da reconstrução. Sua voz ecoava firme:
— Quero que reforcem aquela parede antes de começar o telhado! E vocês dois, levem essas madeiras para a lateral do muro. Precisamos levantar os portões até o fim da semana!
Dois jovens lobos acenaram e correram para cumprir as ordens. Camilla respirou fundo, sentindo o cheiro da terra e da madeira, quando sentiu braços fortes envolvendo sua cintura por trás.
— Você é a Luna perfeita… — disse Tommy, com a voz baixa e um sorriso audível mesmo sem ela precisar vê-lo.
Camilla relaxou nos braços dele, fechando os olhos por um instante.
— Eu só estou fazendo o que precisa ser feito… — respondeu, mas havia um sorriso em sua voz. — Não posso deixar que nossa casa fique caída para sempre.
— Vamos, ainda temos muito o que fazer. — Ela se virou e o puxou pela mão. — Se quiser ficar me elogiando, que seja enquanto carrega aquelas madeiras.
Tommy riu e obedeceu, pegando um feixe pesado de tábuas e caminhando ao lado dela, enquanto os dois seguiam ajudando os outros lobos na reconstrução.
***
Enquanto isso, naquela noite na Lua Sangrenta, os lobos se preparavam para um momento de celebração que há muito era esperado. No grande jardim da alcateia, decorado com lanternas penduradas nas árvores e flores brancas colhidas da floresta, a união de Solomon e Petra finalmente aconteceria.
Petra surgiu entre as árvores usando um vestido de linho branco com bordados prateados que refletiam a luz da lua. O cabelo, solto e ondulado, parecia brilhar sob a iluminação natural, e seu sorriso emocionado encantava a todos que a viam. Solomon a aguardava no centro do jardim, usando roupas cerimoniais escuras com detalhes prateados, a postura firme, mas o olhar carregado de ternura.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Rejeitada: A Luna do Alfa supremo
Excelente pena que nao tem o livro impresso....
Muito bom! Livro excelente! História bem amarrada! Estou quase no final! Recomendo!...