Luiza folheou a revista de forma desinteressada. Ela encontrava-se sentada em um café em frente ao hotel Magno. Por mais que não quisesse admitir tinha se interessado por Valentin. Não, ela não tinha se interessado por ele e sim por sua frieza. Desde pequena conseguia tudo o que desejava e ao vê-lo soube no primeiro instante que ele nunca seria dela e isso a fez querer lutar, mostrar que estava errada e que conseguia qualquer coisa. Olhou em seu relógio mais uma vez cansada de esperar por ele. Havia marcado com a sua secretaria uma semana antes para que ele comparecesse naquele encontro e ele estava atrasado. Ela já estava arrumando as suas coisas para ir embora quando o viu atravessar a porta, olhar para os lados e ir em sua direção com o semblante impassível.
–Pensei que não fosse vir, como esta? – Luiza o cumprimentou de forma calorosa sendo recebida por um olhar gélido.
–Porque me chamastes? Imaginei que falasse com a minha mãe caso precisasse de algo.
–Sim, é verdade – assentiu ao olhar para ele com interesse – o problema é que ela não pode me ajudar nisso.
–Em que? – indagou sem paciência – estou com uma importante reunião marcada, não posso me atrasar e imagino que me chamou para falar futilidades. Se for desta forma, é melhor eu sair primeiro.
–Não deveria ser tão rude com a sua futura esposa – Luiza tornou séria ao encará-lo – o único que irá lucrar com nosso casamento é sua família, eu poderia muito bem cancelá-lo.
–Então o faça – Valentin não conseguiu deixar de achar divertido a forma como ela lhe falava. Para ele, Luiza não passava de um incomodo, um incomodo que teria que aturar a sua vida toda.
–Se eu o fizer, sua mãe não ficará nada feliz com isso, sabia?
–Quem escutar isso pensará que eu tenho 13 anos de idade e tenho medo de minha mãe – a olhou com desprezo ao levantar-se da cadeira – saiba que nada nesse mundo me mete medo. Se quiser cancelar, cancele-o estará me fazendo um favor ao me poupar de passar a vida ao lado de uma mulher como você, se não o fizer apenas aprenda a se comportar como alguém descente. – virou de costas sentindo uma dor em seguida. Ao se virar percebeu o motivo, Luiza havia jogado uma xícara contra as suas costas – isso é o máximo que pode fazer? – indagou com um sorriso sarcástico deixando-a para trás com ódio em seu olhar.
Assim que Valentin entrou no hotel retirou o seu paletó sujo pelo café que Luiza arremessou nele. Parou em frente ao elevador pensativo e ao parar em frente ao painel com os botões dos andares optara pelo ultimo. Ele necessitava relaxar, espairecer a sua mente. Não demorou para abrir a porta para o teraço e assim que avançou percebeu não estar só. Avistou Jessy de costas para ele, apoiada no parapeito de ferro pensativa. Pegou-se imaginando o que poderia acontecer se ela sofresse um acidente caindo dali.
–O que estou pensando? – se recriminou. Já estava virando as costas quando a viu voltar-se em sua direção e o encarar com uma expressão entristecida.
–Me perdoe, acabei vindo para o seu lugar – Jessy desculpou-se ao olhar para Valentin.
–Eu já vou de qualquer forma.
–Não vá por minha causa, Sr Magno – disse indo em sua direção – já estou saindo vim apenas pensar um pouco.
–Esta com problemas?
–Quem neste mundo é isento de problemas? – ela lhe respondeu com outra pergunta. – e obrigada – agradeceu sem jeito.
–Pelo que?
–Por ter me ajudado no hospital quando desmaiei aqui. Me entregaram o seu cartão de visitas, posso ressarci-lo da conta do hospital.
–Não é necessário, afinal isso ocorreu dentro da minha propriedade. O que mais poderia fazer se não arcar com isso?
–Entendo - murmurou.
–Sobre aquela vez.. ninguém ficou sabendo – falou sério – ninguém do hotel sabe o que aconteceu naquele quarto, pode ficar tranquila.
–Rumores são a ultima coisa que me preocupa, Sr Magno.
–Imagino – murmurou ao olhar para ela duramente- dizem que a culpa é um sentimento pior que a vergonha, concorda?
Jessy o encarou por alguns instante ate esboçar um sorriso triste em sua face.
–Me pergunto...quem é o senhor na realidade. Não é a primeira vez que fala de culpa comigo, parece saber de algo e faz questão de me lembrar. Lhe pergunto, quem és na realidade?
–Posso ser um anjo – respondeu aproximando-se dela – ou... um demônio – murmurou em seu ouvido – basta escolher, e eu serei um deles.
–Do que esta falando? – indagou afastando-se dele – não entendo o que quer dizer.
–Um dia..um dia entenderá, Jessy – falou com um sorriso estranho nos lábios ao lhe dar as costas e sair do teraço deixando-a com uma sensação ruim. Assim que Valentin chegou em sua sala chamou Vanda para que entrasse – Preciso que faça uma coisa para mim – disse a sua secretaria que o olhou com curiosidade.
–Só falar que eu irei realizar.
–Promova Jessy Smiths.
–Como? Ela acabou de chegar.
–Eu sei e isso torna tudo interessante – sorriu enigmático – transforme-a em supervisora do setor de arrumação.
–Mas...
–Apenas faça Vanda – falou sério lembrando-a de quem era o chefe.
–Estará feito hoje a tarde – Vanda disse séria antes de sair da sala dele. Sentou-se em sua mesa, pegou um cartão de visita e suspirou antes de discar os números ali impressos, não demorando para escutar a voz de Alejandro – precisamos conversar. Sim, estarei lá – desligou em seguida ao começar a fazer os documentos para enviar ao RH – ele esta louco. – falou sozinha ao perceber ate onde Valentin estava chegando.
Todos os funcionários do hotel ficaram estupefatos com a noticia da promoção de Jessy e logo boatos começaram a correr os corredores. Todos insinuavam que eles tinham um caso.
–Tenho certeza que ela esta dando pra ele – uma funcionaria comentou com a outra no horário do intervalo delas dentro do banheiro – sabe o que eu escutei? Que ela vive dentro do escritório dele.
Jessy fechou os olhos ao encostar-se na porta da divisória onde estava. Já havia escutado o que algumas pessoas falavam só não esperava ser a culpada na mente de todos.
–Parece que já estou sendo crucificada – murmurou ao olhar para cima. Pensou no que poderia fazer e logo algo surgiu em sua mente
“-Posso ser um anjo – respondeu aproximando-se dela – ou... um demônio – murmurou em seu ouvido – basta escolher, e eu serei um deles.”
–Ele seria capaz? – se perguntou obtendo como resposta a porta sendo fechada. Ela saiu da divisória onde estava, lavou as mãos e seguiu decidida ate o escritório de Valentin. Ao entrar no elevador sentiu suas mãos tremerem e um nervosismo tomar conta de seu corpo, percebeu olhares indos em sua direção a mesa de Vanda – O Sr Magno está? – Jessy indagou séria.
–Sim. Devo avisar que..
–Jessy Smiths deseja vê-lo – tornou séria ignorando o sorriso de lado que Vanda lançou a ela antes de pegar o telefone e falar com Valentin.
–Ele mandou que entrasse.
–Obrigada – murmurou ao andar em direção a porta com detalhes em vidro. Optou por não bater anunciando a sua entrada e ao abrir a porta deparou-se com Valentin abotoando a sua camisa branca e ajeitando-a no pulso.
–O que deseja? – perguntou com um sorriso enigmático nos lábios ao olhar para ela de cima a baixo.
–O que pretende?
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