Valentin sorriu ao entregar o maço com notas para o homem a sua frente. Era inevitável não questionar a sua moral naquele momento, pois estava pagando ao homem que tentara violentar Jessy Smiths de acordo com o seu plano.
–Fez um bom trabalho – Valentin comentou ao vê-lo segurar o dinheiro com alegria – espero que não tenha feito nada demais a ela.
–Não se preocupe, Sr Magno, fiz tudo como me disse. Apenas a joguei na cama e insinuei-me de certa forma a ela.
–Muito bem, não poderá mais retornar a este hotel.
–Sabes tão bem quanto eu que não posso pagar por uma estadia aqui – sorriu ao pegar a sua mochila, colocando-a no ombro após guardar o dinheiro – até mais, foi um prazer fazer negócios com o senhor.
Valentin permaneceu em pé ate vê-lo sair de sua sala.
–O que estou me tornando por uma vingança? – se perguntou em silencio. Pensou em tudo que havia infringido. Todos os seus princípios para por fim lembrar-se de seu irmão. – Não importa, ela tem que pagar por isso.
Em seu interior, ele sabia que tudo que estava fazendo era errado, entretanto encontrava-se cego pela perda de seu irmão e sua única chance de continuar não se culpando era culpar alguém.
***
Jessy deixou que a água fria caísse sobre o seu corpo. Fechou os olhos para esquecer o que tinha passado. Já havia se passado dois dias e apesar disso ainda podia sentir as mãos do homem em seu corpo. Nada de grave acontecera com ela, entretanto a impotência dela tinha a deixado desnorteada. Abriu os olhos, olhando para cima, viu apenas o chuveiro de onde a água caia reta, diretamente sobre ela. Permaneceu daquela forma por um tempo ate sentir frio. Desligou o chuveiro, pegou a toalha, enrolou-se e foi ate o seu quarto, onde se deitou em forma fetal na cama.
–Por quê? Porque isso tudo esta acontecendo comigo? – se perguntou em meio ao seu desespero – o que fiz de tão grave? Será que te abandonar foi tão ruim? Eu quis...apenas te proteger – Jessy sussurrou ao lembrar-se de Victor – eu..quis apenas te proteger – repetiu ao sentir as lagrimas caírem sobre o seu rosto.
***
Jon andou para fora do hospital com uma colher na boca enquanto tentava abrir o pote de seu iogurte. Acenou para um de seus pacientes que sorria ao olhar para ele. Se sentou em um dos bancos e começou a comer pensativo ate ver uma pessoa conhecida, sorriu abertamente ao gritar o seu nome. Não conseguiu conter, rindo novamente, ao ver a expressão com que foi olhado por ela. Fez um sinal para que se aproximasse.
–Esta aqui novamente – Jon a saudou sorrindo.
–E o senhor me perseguindo – Jessy comentou séria ao apertar o casaco que vestia contra o seu corpo. De alguma forma aquele incidente havia a afetado.
–Estou apenas lanchando, quer? – olhou para ela com cuidado não passando despercebido o seu gesto. – Quer conversar? Estou com tempo livre.
–Eu não estou, se me der licença.
–Jessy, o que houve com você? – perguntou sério adquirindo a sua forma profissional de falar – Aconteceu algo contigo, não foi?
–N..na,..nada aconteceu – respondeu ao virar-se, mas logo sentiu a mão dele em seu pulso e a puxou contra o seu corpo.
–Fique calma – murmurou ao sentir a agitação em seu corpo – não farei nada contigo, apenas desabafe. Estou aqui para isso. – após muito insistir sentiu algumas lagrimas molharem a sua camisa. – quer falar o que houve?
–Na...não – murmurou entorpecida pelo aroma dele. Jessy admitiu a si mesma o bem que aquele abraço estava lhe fazendo. –Obrigada...- sussurrou ao tentar afastá-lo de seu corpo sendo apertada ainda mais contra ele – pode me soltar?
–Não, não estou com vontade – respondeu carinhoso – quero que fique em meus braços ate que seu coração se acalme e esse medo suma.
–Você... é mesmo real? – ela perguntou para si, entretanto falou em voz alta.
–Sou sim. Sou tão real que estou me segurando para não matar o cara que fez isso com você.
–Comigo?
–Sim, sou medico. Entendo algumas coisas e tenho certeza que algum homem lhe forçou a algo.
–Eu...como sabe?
–Quando se aproximou... fez algo irrelevante aos olhos dos demais, entretanto tenho experiência nisso. Já vi muitos casos.
–Não..aconteceu nada – falou envergonhada pela confiança que estava depositando nele.
–Sério?
–Sim, eu..sai antes.
–Graças a Deus – murmurou aliviado – porque não me ligou? Eu poderia ter ido te ajudar.
–Não..foi preciso.
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