Segunda Chance(Completo) romance Capítulo 37

O dia encontrava-se nublado assim como o humor de Luiza, a qual caminhava pelas ruas próxima ao hotel Magno, pensativa. Ela desejava vê-lo, mas temia pelo seu temperamento. Ela sabia que eles mal conversavam, mas sentia vontade de estar com ele. Descobrir mais e mais sobre ele.

–Isso não é errado, certo? – se perguntou ao ir em direção ao hotel Magno. Ao passar pelo saguão viu o olhar que os homens lhe lançavam e perguntou-se em pensamento o motivo de Valentin não a olhar daquela forma. Entrou no elevador, sozinha, e segundos depois caminhava ate a secretaria de seu, quase, noivo. – Avise a Valentin que desejo vê-lo – Luiza tornou altiva ao olhar para Vanda, a qual assentiu sem antes lhe dar um olhar de compaixão, pois sabia como Valentin poderia ser quando não encontrava-se de bom humor, o que estava acontecendo a semanas. – Senhor, a senhorita Luiza esta aqui e... Sim a mandarei entrar – antes que desligasse o telefone viu o sorriso brotar nos lábios de Luiza e a sua rapidez em seguir para a sala de Valentin.

–Imagino que veio implorar pela minha atenção, mais uma vez – Valentin falou frio ao escutar o barulho da porta sendo aberta. Nem sequer olhou para Luiza ao escutar o som de seus sapatos no assoalho de sua sala.

–Sim, vim para isso – Luiza respondeu ao observá-lo – provavelmente deve ter alguém com quem se encontra, estou certa? – perguntou o que tanto a afligia já fazia dias. – quem é ela?

–Não conhecia o seu lado ciumento – sorriu levemente ao prosseguir com o seu trabalho.

–Não sou contra que tenha seus casos antes de nos casarmos – ponderou ao sentar-se na cadeira em frente a ele – mas serei contra se este caso estiver atrapalhando os nossos planos futuros.

–Nossos planos? Porque não diz que é apenas seu e de minha mãe? Isso seria o mais certo a se fazer.

–Pode colocar como quiser, mas o importante é que iremos nos casar e não aceitarei ser traída.

–Então como espera que eu passe a minha vida sem mulher alguma? Porque não irei lhe tocar em nenhum momento – falou frio ao erguer a cabeça e a olhar – não me diga que romantizou este contrato? Não seja tola, Luiza. Seja racional e veja as coisas da forma que são. Nunca iremos nos tocar ou termos nada um com o outro.

–Como espera que tenhamos filhos, então? Precisara de um herdeiro.

–Existe inseminação artificial. Este será o menor de nossos problemas.

–És realmente frio, ridículo e..

–O que? Cruel? Tais ofensas não me dizem nada, querida – ironizou ao passar mão pelos seus cabelos. – devo lhe dar um dicionário de presente?

–Maltratar-me deve ser o ápice de seu dia – disse ao erguer-se da cadeira e ir ate ele – mas saiba que nada do que fala me atinge. Sabe por quê? Porque logo estaremos casados e terá que ser gentil – depositou a bolsa dela em cima da mesa e surpreendo-o ao sentar-se em seu colo, colocando os seus braços envoltos em seu pescoço. Aproximou o seu rosto do ouvido dele e sussurrou – por mais que fuja, eu sempre estarei ao seu lado e farei você me amar, mesmo que odeie isso. O motivo é porque eu não suporto perder – depositou um beijo em sua bochecha ao olhar em seus olhos – não deveríamos nos beijar agora?

Valentin olhou friamente para Luiza deixando que um sorriso torto estivesse presente em sua face. Por mais tempo que continuava na presença dela, sabia que seu casamento seria um tormento. Seu casamento seria equivalente ao preço que pagaria por tudo que havia feito de errado em sua vida. Estava prestes a responder a provocação de Luiza quando escutou um barulho e avistou Jessy, petrificada, em frente a porta segurando alguns papeis. Se olharam sem nada dizer, entretanto Valentin permaneceu com o rosto inexpressivo e a viu ficar confusa, magoada e por fim resignada ao pedir desculpas e fechar a porta.

–Seus empregados são bem mal educados – Luiza tornou ao acomodar-se ainda mais em seu colo – Deveria dar uma lição nela.

–Não se meta nos meus negócios – a voz antes inexpressiva e sarcástica tornou-se dura e cruel ao retirar os braços dela, com força, de seu corpo e em seguida a empurrou afim de livrar-se dela. A viu o olhar confusa e levantar-se de seu colo sem jeito – Não se atreva a se comportar como algo em minha vida ou algo para este hotel. És demasiada ingênua ou burra para acreditar em suas ilusões. Passou de boba para devassa e em seguida quer mostrar que face para mim? Sou um homem maduro o suficiente para saber que tais truques são patéticos e funcionam apenas em livros e filmes de romance. Agora irei lhe dar suas escolhas: sair da minha sala por bem ou será escoltada por seguranças e a partir de hoje não venha sem antes me avisar com antecedência. Estou farto de suas intervenções em minha vida. Vamos casar? Sim iremos, mas saiba que este casamento será um fardo. Um fardo que carregarei em nome deste hotel. Deseja que eu esclareça mais alguma coisa?

Luiza nada dizia apenas se controlava para não chorar ou emitir algum som diante dele. Ela sempre soube o quão cruel ele poderia ser, só não imaginava que fosse demasiado. Todavia ao olhar para a porta, um sorriso lhe veio aos lábios. Um sorriso vitorioso.

–Não estava assim antes, mudou quando aquela mulher apareceu. Ela é seu affair, não é? – viu a expressão dele alterar-se por segundos, mas o suficiente para que percebesse – patético. Um homem tão arrogante sendo conduzido por alguém como ela. – sorriu ao pegar a sua bolsa com calma – não ouse me destratar novamente ou sua amante pagará caro por isso. Não tenho pena de meus inimigos ou de pessoas que interrompem meus planos, sejam eles quais forem. Estarei de olho, querido – dirigiu-se ate a porta e ao passar pelas secretarias olhou com desprezo para Jessy, a qual se mantinha pensativa – Qual o seu nome? – Luiza perguntou de forma orgulhosa em frente a Jessy.

–Jessy Smiths. – respondeu confusa e ao mesmo tempo com mal estar ao recordar-se da cena que vira.

–Lembrarei deste nome – falou antes de dar as costas e caminhar ate o elevador.

Vanda olhava tudo em silencio e ao voltar a sua atenção para Jessy percebeu que ela estava abalada por algo.

–Esta tudo bem? – Vanda indagou preocupada ao ver a mão de Jessy tremer involuntariamente.

–Sim.. eu.. preciso sair rapidamente. Voltarei daqui a pouco – a voz de Jessy saiu mais abalada do que pretendia. Levantou-se e foi em direção ao elevador. Os minutos que esperou fora os mais agonizantes para ela. Assim que entrou apertou o botão para o ultimo andar. Ela pretendia ir para o único lugar que se sentia próxima. Próxima dos dois irmãos.

***

A sala de operação encontrava-se no mais sublime clima de tensão, pois aquela era uma operação altamente perigosa e excitante para os médicos que a executavam, apesar de sua importância a mente de Jon encontrava-se na mulher que não via a alguns dias, pois todas as vezes que ligava para ela, lhe dava alguma desculpa.

–Henry – Jon chamou a atenção de seu colega de cirurgia e amigo intimo ao pronunciar o seu nome – diga-me quando uma mulher lhe da desculpas para não sair contigo, é um mal sinal?

–Me surpreende perguntar isto nesta situação – Henry gracejou ao continuar o procedimento concentrado agora com um sorriso nos lábios – é a primeira vez que se interessa por uma mulher após a sua esposa, não é?

–Sim, acho que estou enferrujado.

–Todos estamos, meu amigo – sorriu divertido – bem.. deve ir atrás dela se isso não ajudar, comece a enche-la de presentes.

–Isso me soa clichê.

Uma das enfermeiras sorria com o assunto, o qual acabou dissipando a tensão, e como agradecimento resolveu intervir e auxiliar o cirurgião chefe.

–Me perdoe por me intrometer – Nelia disse diante dos olhares surpresos – mas como mulher acho que minha opinião seria interessante.

–Tudo é bem vindo – Henry respondeu divertido.

–Acredito que deveria perguntar a ela se tem alguém em sua vida e a depender da resposta, atacar. Digo.. mulheres apaixonadas são propensas a enxergar apenas um homem em sua frente. Se ela tiver um, mas seja unilateral terá muitas chances basta lhe dar atenção, carinho e não ser muito disponível.

–Não ser disponível? – Jon repetiu confuso.

–Sim, deve mostrar que esta presente quando ela precisar, mas não estará o suficiente para pressioná-la.

–Entendi – murmurou pensativo – estabilizando a pressão do paciente – disse ao pressionar um ponto em que estava fazendo a operação – então devo ir ate ela?

–Não, ligue primeiro e se ela não atender faça uma surpresa como lhe dar de presente dois ingressos para alguma coisa, mas deixe-a livre para escolher a companhia.

–Entendi – sorriu diante do que escutava – acredito que assim como esta operação acabará tudo bem.

Entre o céu e o inferno 1

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