O coração de Jessy batia de forma descompassada ao ir de encontro a Jon, o qual a olhou com um sorriso na face. Acenou para um taxi e logo seguiam pela cidade, entretanto ao mesmo tempo em que estavam tão pertos um do outro, estavam distantes. Jon não percebera as mãos trêmulas de Jessy e nem o seu olhar perdido. Ela ainda recordara-se de cada sensação que tivera com Valentin naqueles segundos.
FlashBack on
As mãos de Valentin percorriam o corpo de Jessy a medida em que ele a imprensava contra a parede. Protegidos pelos arbustos se entregavam a paixão que os consumia e aos sentimentos confusos que estava em seus corações. Jessy apenas se mostrava receptiva. A palavra dele ainda ecoava em sua mente, mas tentava não pensar nisso ao fechar os olhos, entregando-se mais uma vez a sensação dos lábios dele sobre os seus. Valentin optara por não pensar. Não naquele momento. Ele estava apenas se entregando sem pensar em nada. Em seu intimo não sabia se as palavras ditas haviam sido pela vingança ou não, e isso o atormentaria. Ele sabia disso, mas não se importava. Não naquele momento. Suas mãos apertavam os braços dela com consciência do que estava fazendo, ele desejava marcá-la para que ela fosse sua, apenas sua.
As mãos de Valentin começaram a ir de encontro a perna dela, e em seguida subia por dentro de sua saia. Jessy estava tão concentrada nas sensações em que ele lhe transmitia que se esquecera de onde estava por alguns minutos. Ao abrir os olhos percebeu a realidade e lembrou-se de Jon. Com a culpa contida em seus olhos, afastou Valentin de si. Sem nada dizer, caminhou para longe dele, mas logo sentiu a mão dele segurar o seu pulso com força.
–Deixe-me – ela disse sem encará-lo.
–Não, não irá com ele.
–Isso é ridículo – confessou ao respirar fundo – não sei porque insiste tanto nisso, mas já esta na hora de acabarmos com essa loucura. Me largue, eu já decidi seguir em frente com ele.
–Seguir em frente? Acha mesmo que eu lhe deixarei fazer isso?
–Então quer que eu continue a me culpar, a me odiar, a querer acabar com a minha vida por me sentir culpada pela morte dele? – Jessy virou-se ficando de frente para Valentin. Ela não queria demonstrar fraqueza, não mais para ele, mas fora impossível. – o que deseja de mim afinal? Eu já decidi acabar com tudo isso. Eu sinto muito, eu sinto muito, sinto muito – falou com a voz chorosa ao encará-lo – eu sinto muito por ele não estar aqui. Eu... queria poder voltar no tempo, mas não posso...me deixe seguir em frente, estou realmente cansada.
Valentin permaneceu quieto ao escutar as palavras e antes que percebesse o que fazia, a puxou para seus braços, abraçando-a. Não disse nada, apenas a manteve em seus braços. Jessy sabia que deveria se afastar, mas não desejava isto. Ela recebeu o carinho dele e o calor do seu corpo ate o seu celular tocar, despertando-os. Ela se afastou e ao pegar o celular, olhou para Valentin com pesar.
–Tenho que ir – disse ao encará-lo e pela primeira vez viu surgir um lampejo de compaixão em seu olhar. – Não me impeça, por favor – pediu consciente de que se ele fizesse algo não teria mais força para ir embora. O viu permanecer quieta e antes que perdesse a sua coragem foi embora. Assim que olhou para a entrada viu Jon, parado olhando para o relógio. – Sou muito cruel – murmurou ao passar a mão pelos cabelos e seguir em direção a ele. – me perdoe pela demora – disse ao parar ao lado de Jon, o qual apenas sorriu e lhe estendeu a sua mão para que ela segurasse.
–O importante é que esta aqui agora.
Valentin olhou para Jessy afastar-se ainda mais dele e segurar na mão do homem quando o encontrou. Viu o sorriso em sua face e o modo acanhado dela.
–Sou realmente um tolo louco – disse a si mesmo ao ir em direção a seu carro. Entrou e começou a dirigir em alta velocidade.
Flashback off
“Estar pensando nele, enquanto estou com outro.. o que isso faz de mim? Não posso pensar nisso. Valentin é o irmão de Victor, posso estar apenas usando-o para não sofrer ainda mais. Será isso?” se perguntou ao fechar as suas mãos em forma de punho e olhar pela janela do carro em movimento.
–Tem algo errado? – Jon perguntou ao ver a expressão na face de Jessy – esta preocupada ou... não desejava vir? Posso deixá-la em sua casa se esse for o problema – tornou gentil ao ver o olhar dela arregalar-se.
–Não.. não é nada disso – desmentiu – estou apenas cansada.. cansada – “de tudo isso..e de Valentin” completou em pensamento.
Jon assentiu sem saber o que falar, mas tinha a sensação que algo estava errado, não com ela, mas neles dois como um casal.
–Jessy... – tornou com a voz vacilante, mas ao ver o olhar dela de encontro ao seu, sorriu sem jeito. Ele não tinha coragem para indagar o que estava acontecendo. – “Me tornei um covarde. Um covarde por gostar de alguém” pensou ao apertar a mão dela.
–Jon... podemos ir para outro lugar? - Jessy perguntou de forma abrupta ao perceber que não conseguiria ficar sentada de frente para Jon. Não da forma como estava se sentindo – podemos andar um pouco?
–Claro – disse dando as coordenadas em seguida para o motorista – porque a mudança?
–Apenas... a noite esta muito boa para ficarmos presos em um lugar.
–Sim, realmente esta.
Jessy tentou sorrir, mas logo a imagem de Valentin surgiu em sua mente.
–O que estou fazendo? – se perguntou assim que o taxi estacionou. O local escolhido por Jon fora um parque onde muitos costumavam ir tarde da noite para se exercitar ou conversar nos, diversos, bancos existentes. Caminharam um do lado do outro sob o céu estrelado. Apesar de ser uma caminhada romântica a se fazer, ambos aparentavam estar com a mente distante.
–Algo... aconteceu? Estais.. diferente – Jon disse após reunir a sua coragem – imaginei que ficasse feliz com nosso encontro.
–Não estou triste – respondeu ao parar e fitá-lo, carinhosamente – me perdoe, sou realmente má. – suspirou ao olhar para o lado e ver um casal sorridente – estou apenas confusa.
–Confusa? Com o que?
–Com o presente e com o meu passado.
–Eu..não entendo – murmurou.
–Não precisa entender – disse sorrindo levemente ao estender a sua mão para ele – vamos caminhar um pouco? Esta tão agradável.
Jon segurou a mão que ela lhe oferecia aceitando aquele, pequeno, gesto como algo grandioso. Ele sabia que ela ainda não confiava nele, mas percebeu que ela estava disposta a mudar. Mudar por ele.
–Pelo menos é nisso que quero acreditar – sussurrou para si mesmo.
–Disse algo?
–Não – sorriu sem jeito – diga-me Jessy porque me chamou para esse encontro assim? Quero dizer.. foi..
–Repentino, eu sei – sorriu levemente – pensei que seria uma boa oportunidade.
–Para que?
–Não sei, talvez.. nos conhecer?
–Isso é verdade.
–Então eu começo as perguntas, certo?
–Sem problemas. – sorriu entusiasmado.
–Porque medicina?
–Acredito que foi pela minha mãe – falou tornando-se sério em seguida – quando tinha oito anos, ela ficou doente. Muito doente. Eu não entendia o que estava acontecendo, sabe? Ate que ela veio conversar comigo em uma noite como essa e descobri que ela tinha câncer. Foi realmente triste vê-la perder o brilho nos olhos, dia após dia. Apesar de ser pequeno, me sentia culpado por não poder ajudá-la e isso.. acabou me ajudando a estar onde estou. História um pouco, triste, não? Deveria ter mentido e falado sobre algum cachorro? – sorriu sem jeito ao observar as reações dela.
–Eu..nao deveria ter perguntado. Sinto muito.
–Não se preocupe, faz muito tempo alem do mais, me ajudou a ser um medico importante – brincou ao piscar para ela. – e o que pode me contar sobre você?
–Algo em mente?
–Não – mentiu, pois o que ele mais tinha era perguntas para ela.
Caminharam entretidos em si mesmos, conhecendo um ao outro sem perceber que estava sendo seguidos a um tempo. Valentin caminhava distante do casal. Apesar de não escutar nada, via os sorrisos de Jessy e o modo receptivo com que Jon estava agindo e isso estava deixando-o louco.
Em um dado momento parou ao ver Jessy sentando-se em um banco sendo acompanhada por Jon. Viu quando ele passou o braço pelo ombro dela, puxando-a para si e antes que pudesse pensar em algo o viu se inclinar e a beijar. Sua respiração parou, seu coração bateu violentamente e nada passava pela sua mente. Seu corpo não o obedecia, pois por mais que quisesse ir ate ela ou ir embora, permaneceu parado, quieto, em silencio olhando-a de longe. A vendo ser beijada por outro homem sem poder fazer nada. Valentin esperou que ela o afastasse, mas isso não aconteceu. Longos minutos, talvez horas, depois o casal levantou-se do banco e caminhou. Valentin sentia-se um inútil agindo daquela forma, entretanto nada lhe passava pela mente que não fosse vê-la mesmo que de longe e mesmo que fosse sendo beijada por outro.
–O que esta acontecendo comigo? – se perguntou ao virar-se de costas e caminhar na direção oposta deles.
***
Jon sorriu ao ver Jessy abrir a porta de seu apartamento com o semblante mais suave do que quando se viram.
–Espero que tenha se divertido – Jon disse ao lhe estender a mão.
–Sim, foi muito divertido – segurou a mão dele, olhando-a concentrada – eu.. não sei se.. é o certo.
–O que?
–Sairmos – respondeu ao encará-lo – estou confusa demais e tenho medo que esteja lhe usando de alguma forma.. você é.. bom demais para isso.. bom demais para ter alguém como eu como sua companhia.
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Os comentários dos leitores sobre o romance: Segunda Chance(Completo)
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