Segunda Chance(Completo) romance Capítulo 39

Jessy sentiu o ar preso em seus pulmões. Ela ainda não conseguia acreditar no que estava sentindo, pois desejava continuar sendo abraçada e confortada por Valentin como ele estava fazendo. Estava tão inebriada pelo aroma dele, pela atmosfera que não percebera que alguém a observava de longe.

–Sr Magno... – Jessy murmurou ao tentar se afastar dele, recebendo como resposta seu corpo mais próximo do seu.

–Valentin.. me chame de Valentin.

–Valentin – falou sorrindo levemente – pode me soltar?

–Não.

–Porque?

–Porque não quero me afastar desse calor – respondeu misterioso ao olhar para o rosto dela. A encarou por longos minutos como se desejasse descobrir e desvendar os pensamentos da mulher a sua frente, mas ao perceber ser inútil, afastou-se dela. Ignorou a falta que sentiu do cheiro dela e a observou com cuidado – Pronto.

–Obriga..Obrigada – agradeceu sem jeito ao abaixar a cabeça – Em algum momento eu irei me arrepender disso, não vou?

–Disso?

–Sim, do que estamos prestes a fazer – tornou ao encará-lo com curiosidade – Em algum momento irá jogar isso contra mim.

–Não farei – prometeu sem saber se cumpriria tal promessa – mas não deveria pensar nisso ainda. Vamos sair daqui – a segurou pelo pulso enquanto a levava em direção ao seu carro. Jessy apenas o seguiu e a cada passo que ele dava, seu olhar direcionava-se para as costas largas do homem a sua frente.

“São realmente largas. Ao olhar para ela fico com a sensação de ser protegida. Sou realmente louca, certo?” pensou com um sorriso singelo e bobo em sua face.

Jon nada fez ao ver Jessy ir embora com Valentin, apenas manteve-se de longe a olhando. Observou cada singelo movimento, olhar e sorriso. E ao vê-la olhar para as costas de Valentin com um sorriso no rosto, percebeu que por mais que fosse atrás dela não conseguiria conquistá-la.

–Mas não será errado eu tentar, não é? – se perguntou com o coração partido e sem esperanças.

***

Alejandro sorriu ao se recordar de Valentin. Olhou pensativo para a paisagem na janela do apartamento de Vanda sendo despertado de seus devaneios pelo aroma do café, que ela lhe estendia sorridente.

–Estou muito pensativo, não é? – Alejandro indagou ao segurar a xícara com um sorriso na face – me perdoe, prometi que teríamos uma tarde calma e romântica.

–Não precisa se preocupar – Vanda tornou compreensiva ao sentar ao seu lado no sofá – esta pensando em Valentin?

–É tão visível assim?

–Sim, muito – assentiu sorrindo – quer conversar?

–Não sei se seria o correto – murmurou ao sorver o liquido quente – Mas seria bom ter outra opinião. Diga-me – a olhou com cuidado – percebeu se Valentin mudou o comportamento dele recentemente?

–Um pouco – respondeu após pensar – na verdade ele tem mudado desde que Jessy entrou no Hotel Magno para ser sincera. Eles estão em um relacionamento amoroso?

–Não, pelo menos não ainda – respondeu misterioso ao depositar a xícara na, pequena, mesa a sua frente e abraçar a mulher ao seu lado – Estou realmente feliz por ter me convidado hoje.

–Seria difícil não o fazer, afinal vive me ligando – sorriu ao se deixar ser abraçada – mas devo dizer que gosto.

–Toda mulher gosta de receber atenção –assentiu ao beijá-la levemente nos lábios – podemos ficar assim por muito tempo?

–Abraçados?

–Não, juntos.

–Acho que podemos sim – respondeu confiante ao apoiar a sua cabeça em seus ombros sentindo o aroma doce dele.

***

Valentin optara seguir pelo caminho mais demorado para chegar em sua casa. O som encontrava-se ligado tocando uma suave melodia, a brisa refrescava o interior do carro e ao seu lado, Jessy, mantinha-se em silencio apreciando o momento. O momento em que havia feito a sua escolha de segui-lo. Por breves momentos, Valentin, olhava para Jessy com o semblante relaxado, pois de alguma forma sentia-se relaxado naquela situação mesmo sabendo que estava indo contra muitas coisas.

–Para onde estamos indo? – Jessy indagou após alguns minutos ao olhar para o perfil de Valentin.

–Para a minha casa – respondeu ao ultrapassar um carro, olhar pelo retrovisar e acelerar. – Acredito que temos que conversar.

–Creio que sim – concordou e logo o silencio voltava a reinar dentro do carro. Por mais que Jessy tivesse inúmeras perguntas para Valentin, sabia que aquele não seria o momento ideal, afinal nem ela mesma sabia o que pretendia com aquilo tudo. O percurso demorou mais do que Jessy se recordara, entretanto ao ver o automóvel adentrar na garagem sentiu o seu estomago embrulhar, um indicio de seu nervosismo, algo que não sentira a muito tempo. Valentin estacionara, não demorando para sair e entrar em casa deixando a Jessy a escolha de segui-lo ou ir embora.

Jessy seguiu para dentro da casa de Valentin com o semblante sério. Ao passar pela porta, optou por permanecer na sala mesmo estando vazia. Escutou um barulho vindo da cozinha e ao olhar para o lado, viu Valentin ir em sua direção segurando duas xícaras. Segurou a xícara que ele lhe estendia e sentou-se no sofá indicado por ele. Ficaram em silencio sorvendo o liquido quente. Jessy nunca bebera algo como aquilo, pois era tão escuro quanto o café, entretanto tão doce quanto açúcar.

–É muito bom – elogiou ao olhar de relance para ele com receio de dizer algo que fosse mal interpretado.

–É uma receita especial – murmurou pensativo ao encará-la. Permaneceram em silencio ate ela beber todo o liquido e encarar o homem a sua frente, o qual encontrava-se sentado em uma poltrona.

–Eu..

–Sim – disse a interrompendo – Sei o que vai perguntar e a resposta é sim, eu sei o que estava fazendo e continuo sabendo o que estou fazendo.

–Como... sabia? – murmurou confusa.

–Não é difícil saber o que esta pensando – confessou ao depositar a xícara no chão, levantar-se e se sentar ao lado dela. Segurou em seu queixo, forçando-a a encará-lo – Esta pronta para isso?

–Poderia ao menos ter me falado quem era – sussurrou consigo mesma. Ela encontrava-se distraída de tal maneira que ao chegar ao ponto de ônibus não estranhou a mulher bem vestida que encontrava-se em pé, a olhando. Sem imaginar o que estava prestes a acontecer em sua vida, optou por ficar ao lado da mulher. A viu observar de cima a baixo com arrogância e em seguida esboçar um sorriso cruel.

–Jessy Smiths, eu esperava mais de você – Grace tornou diante da expressão de surpresa da mulher a sua frente – Meu filho realmente não tem bom gosto.

–Quem é..

–Sou Grace Magno, a mãe de Victor Magno.

–Victor Magno?

–Me parece que ele nem sequer disse a verdade para você – a olhou com desprezo, sorrindo em seguida – Victor é o herdeiro dos hotéis Magno, e sinceramente não entendo o motivo dele estar brincando com você por tanto tempo.

–Brincando comigo? – repetiu confusa – espere do que esta falando afinal?

–És mais lenta do que eu imaginava. Irei falar de uma forma mais direta, querida. Já viu um cachorro com pedigree cruzar com um vira-lata? Os filhotes são os piores possíveis, pois não possuem uma raça definida. E é exatamente por isso que não permitirei que fique com Victor.

Flashback off

Jessy espantou a lembrança que lhe angustiava ao levar a mão a sua testa e em seguida ensaboar o seu corpo. Ela não desejava continuar recordando tais lembranças e muito menos a mulher que tanto havia retirado a felicidade de sua vida. Seu corpo agia de forma mecânica ate escutar o barulho da porta sendo aberta. Olhou para trás, ficando surpresa por ver Valentin sorrir maroto.

–Nem me esperou. Estou decepcionado – Valentin disse travesso ao avançar ate onde ela estava sem preocupar-se com a sua nudez. Entrou no Box, e a enlaçou pela cintura aproximando os seus corpos – tenho certeza que as minhas costas estão em carne viva.

–N..não estão – Jessy tornou envergonhada diante do comportamento dele. Ela não estava acostumada a agir daquela forma. -Como entrou? Eu tranquei a porta

–Esta agindo como uma virgem. Jessy estou em minha casa, é coerente que eu tivesse outra chave, não?– sorriu ao passar a mão pelas costas dela, suavemente. Aproximou os lábios da orelha dela, e a mordiscou. Ouviu o seu suspiro e sorriu – Me enganei, és mais assanhada do que eu imaginava. – em resposta Jessy bateu levemente em seu ombro, e sorriu percebendo que pela primeira vez em anos estava sorrindo de verdade. Ela estava feliz.

“Espero não estar sendo egoísta, mas se pudesse desejar algo..seria para que o tempo parasse agora”.

–Jessy, diga-me – Valentin disse com a voz baixa – Podemos ficar assim mais vezes?

–Como?

–Abraçados.

–Sim.

–Isso é bom – murmurou ao apertá-la ainda mais contra o seu corpo com medo de que ela escapasse. – “Meu irmão.. Não sei dizer se ela é como uma maldição para nós ou uma benção, mas eu quero descobrir. Quero descobrir a.. felicidade mesmo que seja longe de você.”