YANKA
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Aparentemente, o Rodrigo estava tentando, ele estava demonstrando preocupação comigo, e isso era algo que eu não tive dele antes de tudo...
Para mim, era difícil diferenciar sinceridade de manipulação, associar o Rodrigo antes da prisão, aquela nova realidade, parecia impossível, mas eu estava ali, com o pé dentro e outro fora, tentando juntar as peças de um quebra-cabeça que ainda não fazia sentido para mim.
Afinal, quem era o Rodrigo?
Eu era jovem, mas não era idiota.
Ele tentou mudar o assunto sobre o Matheus, na tentativa de me deixar mais confortável, mas a verdade era que eu não estava confortável, eu fui tomada por medos e ainda mais dúvidas, então eu decidi ir para casa.
Mesmo com ele querendo passar a noite comigo, eu precisava ficar sozinha e ter um tempo só meu, para colocar as ideias em ordem.
Uma coisa era sentir o toque dele em cada célula do meu corpo, outra totalmente diferente, é eu me entregar de corpo e alma para alguém que eu já não conhecia mais.
Ele me deixou no carro, me beijou e eu voltei para o meu apartamento.
Eu subi no elevador em silêncio, abri a porta com os olhos ardendo, mas quando me deitei na cama, sozinha, eu finalmente me permiti chorar.
Não foi um choro bonito, foi um choro feio, trêmulo, daqueles que vêm da alma.
Eu amava o Rodrigo, com tudo o que eu tinha, com tudo o que sobrou de mim.
Mas o que me dilacerava por dentro era perceber que, talvez, ele nunca fosse me amar do mesmo jeito que amava ela.
Ele falava da Melissa com uma admiração quase sagrada. Era como se ela tivesse sido um capítulo imaculado da vida dele e eu, apenas uma nota de rodapé. Eu queria que ele falasse de mim com a mesma intensidade. Queria que me olhasse com o mesmo brilho nos olhos. Que me venerasse como fazia com ela.
Seria egoísmo demais querer ser única na vida de alguém?
Seria absurdo desejar ser o grande amor da pessoa com quem estou?

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