RODRIGO
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Quando eu era pequeno, eu sempre vi o meu pai dando flores pra minha mãe.
Eu me lembro de vê-la sorrir, e de beijá-lo com carinho.
Me lembro quando eles dançavam no meio da sala, e ele dizia o quanto ela era linda.
Ele sempre foi um cara amoroso, paciente e presente, e dificilmente eu os via discutindo por algo.
Com um tempo, era cada vez menos frequente as presença da minha mãe em casa, ela estava indo bem no trabalho, e o nome dela começou a entrar em destaque, e ela ficou conhecida pelo trabalho incrível que ela fazia.
Enquanto a minha mãe viajava, o meu pai saía, e me deixava com a babá.
O meu pai sempre foi cheio de grana, ele era muito rico, e sempre gastava dinheiro como se não houvesse amanhã.
Então pra justificar as saídas dele, e a falta de atenção dele, ele comprava vários brinquedos caros pra mim.
Naquela época eu não entendia, mas depois percebi que ele tentou me comprar.
Certa vez, a minha mãe pegou conversas dele com várias mulheres, e uma delas era a tia Elsa.
Ela era a melhor amiga da minha mãe.
Quando a minha mãe foi questioná-lo, ele não negou, apenas pediu perdão um trilhão de vezes, e se ajoelhou nos pés dela.
Eu estava com a Melissa, quando cheguei e vi toda a confusão dos dois, e quase quebrei a cara do meu pai, e prometi pra mim mesmo que nunca seria como ele.
Eu estava firme nessa missão, até a Yanka chegar, com aquela cara inocente, piercing no umbigo, e com aqueles peitos fartos, capazes de levar qualquer um a loucura.
Eu tentei lutar contra os meus instintos, tente ignorar os peitos dela dentro daquele camisola transparente, mas foi impossível.
Eu nunca pensei que uma mulher pudesse me levar à loucura do jeito que a Yanka me levou.
E eu também nunca pensei que um dia eu fosse perder a Melissa.
Eu estava me sentindo perdido, sem rumo e sozinho.
Foi quando pensei em fazer uma proposta pra Yanka.
Eu a chamaria pra morar comigo, e poderia comer ela a hora que eu quisesse, sem me importar com a opinião dos outros e sem medo de sermos vistos.
Eu não tinha como justificar as minhas atitudes, elas foram machistas, egoístas e provocaram dores nas pessoas que eu mais amava.
Eu perdi tudo, perdi a minha noiva, a casa da minha mãe que eu sempre chamei de lar, e o pior, perdi a decência, a credibilidade, o caráter.
E eu não sabia se algum dia eu teria outra chance de ser feliz.
Eu estava a caminho da minha casa, a mesma que eu comprei pra fugir da Yanka, a mesma em que eu viveria uma vida com a Mel.
Estava sozinho.
E talvez sozinho eu podia encontrar a porta de saída daquele inferno que eu me coloquei.
A Melissa tinha razão, o meu pai não tinha nada haver com o homem que eu me tornei, foi escolha minha.
Eu tive diversas chances de fazer diferente, eu tinha dinheiro pra poder ir pra qualquer lugar do mundo ou pra pagar o melhor terapeuta, mas eu optei por viver o errado, somente pelo prazer momentâneo do sexo.
Eu tive como fugir, mas escolhi ficar.
E foi ficando que eu me deixei ir.
E naquele momento eu precisava me reencontrar.

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