CAPÍTULO 179
Débora Andrade
Meu coração batia feito louco, estava dividida, tentando saber se ele estava sendo sincero, mas também pensando que poderia estar me enganando pra depois me apunhalar.
— Compromisso?
Uma voz familiar e um barulho esquisito me chamaram a atenção à minha esquerda, e quando me virei, a Gleice estava com a mão no peito, curvada para frente, segurando numa cadeira, parecendo engasgada, Silvestre se apressou a ir até a ela e começou a dar batidas fortes nas suas costas.
— Não se preocupem, eu resolvo senhor! Ela engasgou com um chiclete! — Silvestre disse, e coloquei a mão na boca quando começei a rir, tentando me conter.
Silvestre claramente não gostava dela, pois era só bater com calma e no lugar certo, e ele simplesmente meteu o tapa na folgada que estava com o rosto sujo de terra, até que de repente ele a puxou do local, levando sei lá pra onde.
— Bom, acho que me deve uma resposta! — Luigi veio mais perto, uma das suas mãos segurou a minha, e a outra, a caixinha.
— Ah, é? — provoquei lançando um olhar diferente, ousado.
— Sim. Mesmo que seja um “não”, me diga logo!
— Já colocou essa aliança no dedo alguma vez? — perguntei e ele franziu a sobrancelha.
— Não. Nunca pensei nisso, antes...
— É que disse que tinha uma namorada, e sinceramente... eu não usaria se tivesse usado com ela! — ele sorriu, virou rapidamente o rosto para o lado, depois voltou a me olhar, daquele jeito sedutor que tem, lambeu os lábios.
— Isso é um “sim”? — soltou da minha mão e tirou o anel, colocando no seu dedo.
— Se ela não usou... é, acho que podemos... — eu nem terminei de falar e ele me roubou um beijo, chegou a me virar pra trás e depois me trouxe de volta.
Luigi estava com um sorriso imenso, pegou a outra aliança e colocou no meu dedo, só que ficou um pouco larga.
— Depois vamos levar para ajustar, coloque seu outro anel depois dela, por enquanto. — tirou novamente, arrumando. O meu anel impediria que a aliança prata caísse.
— O seu, parece ser sob medida... seu avô, seu pai e você, parecem ter o mesmo número...
— Não, só o meu avô!
— Mas... e seu pai?
— Não serviu, então não usou! — o vi guardar a caixinha dentro da outra.
— Ah... — então saiu andando até a cozinha. Provavelmente entregou para o Silvestre guardar.
— Ainda não sentou? Tem muita comida aí, Débora! — sorriu e veio puxando a cadeira. Quando me sentei, veio por trás de mim e sussurrou no meu ouvido: — Está maravilhosa nessa roupa!
— Obrigada. — fiquei pensando um pouco — Luigi... porque estava me tratando mal e de repente mudou tanto? — começou a servir um suco.
— Quer a verdade, não é?
— Apenas a verdade.
— Eu gostei da sua aparência... e seu jeito desafiador me fez querer te ter pra mim, como uma meta. Você sabe que cheguei a dizer que eu a escolhi e pronto! Só que depois eu percebi mais, descobri que não era isso, que com você era diferente, e agora escolhi ter a sua confiança, talvez mais que isso. Débora, sabe o que significa pra mim te dar essa aliança, hoje?
— Me diga você, Luigi... por que me deu essa aliança?
— Eu sempre esperei o momento certo de usar... pra ser sincero, eu até mostrei para a Bete, joguei um verde, disse que era de família e tal...
— E, então desistiu? Ou não deu tempo?
— Não, ela disse que era antiquado demais, queria no mínimo uma com ouro branco e pedras de diamante, então comprei do seu gosto.
— Nossa, uma aliança tão linda...
— É o destino... Era pra você usar, está vendo? — olhei de novo para a aliança agora no meu dedo, era linda demais.
— Você deve ter gastado uma fortuna na outra aliança, porque essa é simplesmente maravilhosa...
— Nada... vinte e quatro mil dólares! — arregalei os olhos, praticamente o que ganho no ano inteiro trabalhando — Essa que está usando vale milhões... é uma peça completamente trabalhada, parece prata, mas também é ouro branco, foi leiloada na época dos meus avós, hoje eu jamais conseguiria comprar se fosse o caso.
— Meu Deus, seu doido! Tem certeza que vai deixar comigo? E, se eu perder? Nunca que eu conseguiria pagar por ela... ainda tem a sua mãe, ela vai concordar? — falei as coisas, toda atrapalhada.
— Eu escolhi você, já disse! Você já aceitou, não pode voltar atrás. Agora espero compromisso da sua parte, e do meu lado, te prometo o mesmo. Estamos juntos, agora.
— Caramba, você é mais louco do que eu pensei!
— Eu, também estou louco por você! Agora vamos comer e tirar um raio-x desse tornozelo.
— Onde vamos? No hospital?
— Não, o médico da máfia irá te atender, vou com você! — o olhei dando risada.
— Está é querendo mostrar para o médico que estamos de alianças! — zombei.
— De alianças não... que estamos juntos! Uma aliança não significa que terá fidelidade, mas pretendo confiar na sua palavra, assim como confiou na minha! — o olhar dele estava um pouco diferente, acho que ele também ficou com coisas guardadas, pode ter dificuldades em confiar.
— Pode confiar em mim, Luigi. Assim como confiarei em você! — colocou a mão sobre a minha e beijou.
— Não me faça sofrer, Débora... porque já estou me sentindo mais próximo de você, não suportaria.
— Não vou, e você?
— Também não.
— Então pronto, está tudo certo!
CAPÍTULO 180
Peter Caruso

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: A prometida do Capo italiano