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A Redenção do Ogro romance Capítulo 48

Bernardo Thomson

Chego na porta do clube e suspiro.

Há tempos não ponho meus pés aqui. Me encaminho para o bar e o cheiro de cigarro, charuto, suor e sexo penetra as minhas narinas.

Estou na parte liberal do clube. O "salón", como é conhecido. Onde as pessoas são o que elas querem ser. Elas usam este lugar para libertar a sua sexualidade.

Eu resolvi sair da toca, porque já estava cansado de olhar para as paredes da minha casa... Precisava de ares novos e pessoas novas.

Na verdade, estou de saco cheio de sentir pena de mim mesmo.

E como tirei uma semana sabática para mim... Aqui estou eu... Em pleno dia de semana no clube da Margô, em busca de uma boceta que não me faça lembrar de Camila.

Será que conseguirei? Claro... Existem muitas submissas prontas para me satisfazer. Não será um problema.

Me sento no banco alto ao lado de um casal em que a submissa chupa o pau do seu dono.

Mexo com a cabeça o comprimentando e faço sinal para o barman.

-Uma dose pra mim, sem gelo Pietro.

-É pra já Mestre Bernardo!

Apesar de eu não frequentar muito esses lugares, sou conhecido aqui porque sou muito amigo da Margô. Uma das heranças de meu irmão.

Na verdade, ela foi namoradinha dele antes de voltar para o Reino Unido. Ela era figurinha carimbada lá em casa. Meus pais se afeiçoaram a ela, e acabou que nos tornamos amigos por tabela.

Há coisas que não tem explicação!

Nunca rolou nada entre nós... Apesar de ela ser apenas alguns anos mais velha que eu, e lindíssima. Logo depois do término dos dois, ela se descobriu como uma Dominatrix. E descobriu seu lugar no mundo!

O clube Fantasie também é uma empresa passada de pai para filho. O que o pai dela nunca deve ter imaginado, que seria a filha de olhar doce, que assumiria a parte do negócio mais sórdida.

Tomo um gole do meu copo e vejo ela se aproximando. Lindíssima como sempre. Dentro de um vestido preto colado ao corpo e um salto bem alto nos pés. Em suas mãos ela segura a guia de uma coleira, de um dos seus submissos. Ele engatinha atrás dela com a cabeça abaixada, mas dá para perceber uma máscara no rosto. Um novato, porque só eles vão para o clube de máscara.

Depois a vergonha some... Essa parte do clube é vip. Diferente da boate que rola lá embaixo. Todos que vêm aqui são protegidos por contrato de sigilo e exames médicos. É muito privativo! Por isso não precisamos de máscaras.

Mais os novatos, são sempre medrosos e envergonhados. Se escondem através de uma, para manter o anonimato.

Ela se aproxima de mim e sorri.

-Então os boatos são verdadeiros? -Eu sorrio

-Que estou na pista? -Ela confirma.

-Achei que isso nunca mais ia acontecer.

-Porque?

-Sua mãe já estava fazendo enxoval.

Eu reviro os olhos. Claro que estava…

-Não conhece D. Irene, Margô?

Exagerada para tudo.

Ela beija minha bochecha e diz:

-Tudo bem?

-Tudo indo... Toma uma bebida comigo?

-Claro!

Ela se senta ao meu lado, e seu bichinho senta aos seus pés.

O garçom trás o seu habitual vinho branco e ela brinda comigo, tomando um gole da bebida.

-Está com um novo bichinho? Esse eu não conheço.

Vejo o rapaz com as "bolas" amarradas em pesos. Além de ter o pau dentro de um cinto de castidade de metal. Adeus ereção para ele hoje. Porra, isso deve doer! Mas como eu sou um bom sádico, na verdade fico excitado em ver aquilo.

Tá vendo? Era só sair da minha toca. Para me sentir vivo novamente.

- Por contrato não. Apenas treinamento? Quer provar?

Eu solto uma gargalhada.

-Não me apetece bichinhos com tromba de elefante, se é que você me entende, Margô... -ela começa a ri. -Gosto de passarinhas…

-Em falar nisso, estou sabendo que se desfez das gaiolas.

Eu franzo a testa.

-Como sabe disso?

-Um pessoa me contou...Contou também que você se apaixonou…

Eu bufo.

-Eu vim pra cá para recomeçar... Não falo de passado... As gaiolas vão voltar para o seu lugar quando eu quiser, não é definitivo. A pessoa que te contou, contou a história pela metade.

- O que aconteceu Bê... Vocês estavam tão sintonizados na última festa que fui à sua casa... Ela estava feliz!

-Não quero falar sobre o passado Margô. Ela desistiu... Só isso... Não sei os motivos.

-Ok! Só quero entender…

Aí me vem à mente algo que nunca fez sentido para mim. Apesar de receber relatórios da Fernanda toda semana, eu ainda tenho minhas dúvidas. Acho que ela não me conta tudo…

Se me contasse eu realmente saberia o motivo da Camila ter ido embora. Não que eu esteja querendo saber o motivo, mas se não foi por chantagem, porque foi então? Eu ainda tinha essa curiosidade, já que estávamos bem.

Não fazia sentido a Fernanda não saber, já que ela estava colada a Camila 24h. Então eu sabia que ela não era totalmente sincera comigo.

Eu cheguei a pensar diversas vezes em confrontar ela neste período. Mas como Barreto e ela estavam envolvidos, não queria causar um estresse entre eles. Eu não podia substituir a Fernanda, porque a segurança da Camila era mais importante. E se eu mandasse outro segurança, ela não aceitaria.

Então eu fiquei na minha...

Mas eu não tinha esquecido isso... Se ela estivesse escondendo algo, ela ia ter que se ver comigo lá na frente. Ahhh se ia…

Será que Camila desistiu mesmo do BDSM? Então eu faço a pergunta que vem me remoendo.

-Ela tem aparecido?

-Não... -Eu dou graças a Deus. -O que me deixa com a pulga atrás da orelha... -ela completa.

-Como assim?

-Ela é viciada em dor. Como está se virando?

-Talvez a terapia esteja surtindo efeito.

Margô dá uma gargalhada e toma um gole de vinho branco.

-Duvido…

-Tenha um pouco de fé Margô.

-Ela fez terapia a vida toda, ela só mudou a forma de conseguir dor.

Eu também tenho minhas dúvidas. Mas eu não acredito que ela esteja se machucando... Isso não. Ela não abriria mão do que tínhamos para voltar a se mutilar. Ela tinha vergonha disso.

E como Margô sabe da terapia?

Duvido que Camila tenha dito.

-Como sabe disso?

-Camila nunca foi de conversar, mas Dominique sim…

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