Cerca de meia hora depois, Lily andava pelo shopping tentando parecer natural. Fingiu interesse por vitrines, entrou numa loja de departamentos, experimentou uma blusa, comprou um sorvete. Mas o arrepio constante em sua nuca denunciava: havia um homem sempre por perto, observando-a.
O coração batia tão forte que parecia que todos podiam ouvir. Quando um grupo de adolescentes passou rindo e empurrando-se, Lily aproveitou a confusão para se infiltrar no meio deles. O homem perdeu o contato visual.
Ela se escondeu atrás de araras de roupas em outra loja, espiando cautelosa. Viu o perseguidor girar a cabeça em todas as direções, frustrado, antes de seguir em frente.
Só então, respirando com dificuldade, deixou o shopping pela saída lateral, caminhando rápido na direção contrária. Quando se sentiu segura, tirou o guardanapo do bolso e ligou para o número que Logan havia lhe dado.
*****
Uma hora depois, numa rua da periferia escondida por árvores, um carro simples estacionou. O vidro do banco do motorista se abaixou e revelou um homem de aparência desleixada, barba por fazer e olhar duro.
— Você é Lily? — perguntou sem rodeios.
Ela assentiu, hesitante.
— Entre.
Lily abriu a porta e entrou, os olhos percorrendo o interior vazio do carro. O homem ligou o motor e, sem olhar muito para ela, murmurou:
— A madame mandou te esconder por um tempo.
Lily sentiu um frio percorrer-lhe a espinha. Apertou as mãos no colo e não disse nada. O silêncio no carro pesava. Não sabia quem era essa “madame”, mas tinha certeza de uma coisa: quem quer que fosse, era alguém com poder suficiente para mexer nas sombras sem deixar rastros.
E agora, sua vida estava nas mãos dela.
*****
Carlson
Ao receber a notícia de que o investigador havia perdido Lily de vista, Carlson não perdeu tempo. Caminhou a passos firmes pelos corredores até o escritório de John Walker. Bateu uma única vez e entrou.
O olhar de John, que examinava documentos com Bruce, se ergueu imediatamente, carregado de expectativa.
— O que foi, Carlson?
Bruce percebeu o tom grave na voz do patrão e fechou a pasta que estava mostrando, permanecendo em silêncio.
Carlson manteve-se ereto diante da mesa.
— Senhor… infelizmente perdemos Lily Wattson.
John arregalou os olhos, incrédulo.
— Como assim, perderam?
— Ela deve ter percebido que estava sendo seguida. Depois do último registro no shopping, desapareceu. — Carlson não desviava o olhar, mas a tensão era evidente.
John levantou-se da cadeira de imediato, o corpo rígido, a expressão carregada.
— E a pessoa por trás dela? — perguntou, a voz baixa, mas firme.
Carlson fez uma pausa, escolhendo as palavras.
— Infelizmente ainda não sabemos. Mas garanto que vamos descobrir.
John caminhou até a janela, encarando a vista da cidade como se buscasse respostas no horizonte. Depois se virou com um gesto brusco.
— Redobre a segurança da minha casa e, principalmente, das crianças. — sua voz agora era um comando inegociável. — E me traga o nome de quem está por trás dessa garota, custe o que custar.
— Sim, senhor. — Carlson inclinou a cabeça e se retirou.
O silêncio ficou pesado na sala. John apoiou as mãos sobre a mesa, respirando fundo. Depois, pegou o celular. Assim que Elizabeth atendeu, sua voz endurecida se transformou em doçura.
— Oi, amor. Onde você está?
— No La Brise. — respondeu ela, tranquila. — Hoje é o meu dia nas montanhas.
John fechou os olhos por um instante, aliviado por saber a localização dela.
— Eu sei, meu amor. Você levou quem com você?
Elizabeth franziu o cenho do outro lado da linha.
— A Emily e a Dolores… — respondeu devagar. — Por quê?
John soltou um suspiro contido, quase imperceptível.
— Ótimo. E os seguranças, estão por perto?
Elizabeth olhou para os dois seguranças sentados do lado de fora como se fossem turistas, uma exigência de Elizabeth para ter uma sensação de mais liberdade, no entanto, percebeu a mudança no tom dele.
— Sim. John… o que está acontecendo?
— Nada. — tentou suavizar. — Só senti saudades, sabe que me preocupo com vocês
— John. — a voz dela mudou, mais aguda, urgente. — Está acontecendo alguma coisa? As crianças… está tudo bem com as crianças?
— Está tudo bem. — ele respondeu rápido, talvez rápido demais. — Elas estão na escola.
Elizabeth se calou por um segundo, mas sua intuição não falhava.
— Não me esconda nada, John. Se há algum perigo, eu preciso saber.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...