Residência Walker
Como esperado, Lily não retornou à mansão dos Walkers. As crianças perguntavam o tempo todo por ela e Elizabeth dizia que ela estava cuidando de uma tia doente, pelo menos foi a versão que ela havia contado. Mesmo desconfortável em mentir para as crianças, ela não podia dizer a verdade para os pequenos.
— Mamãe, quando a Lily volta? — perguntou Mary, com voz triste. Ela havia se apegado a Lily mais que as outras crianças.
Elizabeth estava terminando de arrumar o laço azul no cabelo da filha. Sorriu com doçura, tentando esconder a própria apreensão.
— Querida, eu não sei. — Acariciou o rosto da menina, preparando-a aos poucos para aceitar o inevitável. — Talvez… talvez ela não volte.
Mary franziu os lábios, inconformada.
— Mas ela prometeu brincar de acampamento com a gente no fim de semana…
— Se ela não voltar, você pode brincar com a Dolores, a Susan e seus irmãos. Está bem?
— Eu tô com saudade da Lily. — insistiu Mary, com lágrimas contidas. — Mãe, pede pra ela vir só visitar a gente, pelo menos um pouquinho?
Elizabeth abraçou a filha com força, sentindo o coração apertar.
— Depois nós veremos isso, meu amor. Agora desça para tomar café com seus irmãos, ou vai se atrasar para a escola.
Mary assentiu com um sorriso tímido e saiu correndo, descendo as escadas. Elizabeth ficou alguns segundos imóvel, olhando para a porta, com a sensação incômoda de que aquele era apenas o começo de algo ruim.
Depois deixou o quarto e desceu, na sala de jantar, John estava com Luke e Luize sentados um em cada perna dele, enquanto eles riam e disputavam colheradas de fruta. Anthony, cada vez mais maduro para a sua idade, se destacava pela inteligência e seriedade, a ponto de a escola tê-lo adiantado dois anos, tomava seu café com a elegância e serenidade que lhe era característico.
O chef Joffrey se desdobrava para atender aos pedidos simultâneos das crianças, transformando o ambiente em uma mistura de caos e alegria. Parecia uma manhã comum. Mas quando Elizabeth ergueu os olhos para John, viu nele a mesma sombra de preocupação que a atormentava. Ele tentou disfarçar com um sorriso para tranquilizá-la, mas a inquietação estava lá, clara como o sol entrando pelas grandes janelas.
Após o café, a rotina seguiu: escovar dentes, mochilas arrumadas, seguranças atentos. As crianças entraram animadas no carro com Elizabeth, enquanto John seguia no outro veículo, com seu motorista. Desde o desaparecimento de Lily, Elizabeth fazia questão de acompanhar os filhos até a escola pessoalmente. Logo depois os carros partiram, sendo seguidos pelos carros de cobertura.
Na entrada, a cena era a de sempre: carros se acumulavam, buzinas soavam, motoristas impacientes brigavam por espaço. Mas quando os grandes veículos de luxo dos Walkers chegavam, o trânsito se abria em silêncio respeitoso.
James abriu a porta para Elizabeth e as crianças, após confirmar com os seguranças do outro carro já estavam posicionados. Ela foi a primeira a sair, seguida por Anthony, depois Mary e, por fim, os gêmeos. Elizabeth os conduziu até a entrada.
— Benção, mãe! — disseram em coro antes de entrar.
— Deus os abençoe, meus amores. — Ela beijou um a um, demorando um pouco mais em Mary.
Essa despedida sempre chamava a atenção dos que estavam em volta admirando a simplicidade e educação entre os irmãos e a mãe. Muitos dos outros alunos entravam em disparada sem sequer se despedir dos pais.
As crianças correram para dentro, acenando. Elizabeth, porém, permaneceu parada, com a mão sobre o coração. Um frio percorreu-lhe a espinha, como se uma sombra invisível pairasse sobre eles.
— Tudo bem, senhora? — perguntou James, percebendo seu semblante tenso.
— Acho que sim… — respondeu, mas antes de entrar no carro lançou mais um olhar demorado para a fachada da escola. Algo dizia que aquele poderia ser um dos últimos momentos de paz.
Os carros partiram logo em seguida, sem perceberem o veículo de vidros escuros estacionado do outro lado da rua.
Dentro dele, David observava atento cada movimento, anotando mentalmente os detalhes da rotina. Ao seu lado, Lily permanecia cabisbaixa, o rosto sombrio.
— Muito bem — murmurou David, os olhos fixos na entrada da escola. — Nada mudou. Já sabe o que fazer quando chegar a hora.
Lily assentiu, mas sua expressão era de quem marchava para um destino inevitável, contra a própria vontade.
*****
No escritório de John Walker
Ao chegar ao escritório, John foi direto ao telefone exclusivo e ligou para Carlson.
— Descobriu alguma coisa?
A voz de Carlson soou firme, mas cansada:
— Ainda não senhor. Estamos monitorando a senhora Hamilton e sua agenda é bem agitada entre salão de beleza, ateliê e joalheria, nenhum encontro suspeito. E quanto a Paul Logan, o homem é esperto, usa telefone não rastreável e método antigo de observação, mais eficiente, sem deixar muitos rastros.
— E Lily?
— Infelizmente depois do shopping, não foi mais vista.
John suspirou profundamente, esfregando a têmpora com força.
— Certo. Continue.
Assim que desligou, chamou Bruce que não demorou muito a aparecer.
— E então, senhor? — perguntou, mantendo a formalidade.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...