Elizabeth
Ao abrir a porta e retornar à sala, encontrou John sentado em uma das poltronas, curvado para frente, os cotovelos apoiados nos joelhos, as mãos entrelaçadas.
Elizabeth parou, sem dizer nada.
John ergueu os olhos devagar, olhou para ela brevemente. Seu olhar não tinha mais raiva, mas também não havia ternura.
— Vamos. — disse John, dirigindo-se à porta.
— John! — ela o chamou com coragem.
Ele parou, mas não se virou.
— O que foi que eu fiz? — perguntou ela, a voz vacilante, mas firme. Queria entender. Tinha esse direito.
Ele fitou o chão por um instante. — Eu não sei... E talvez esse seja o problema.
Ela não se moveu.
— Você ainda quer que eu vá...?
— É o aniversário do meu avô. Ele quer ver você. — A voz dele era ríspida de novo, embora não a olhasse para seus olhos não o traírem.
Elizabeth respirou fundo, sem opção e resignada seguiu o marido.
Ao se aproximar do carro, o motorista os aguardava com a porta aberta para que Elizabeth entrasse, ele se adiantou e pegou a chave.
- Eu vou dirigir hoje. - Disse sem olhá-lo e entrou no carro, não queria especulações.
O motorista apressou-se em dar a volta para abrir a porta para Elizabeth, que lhe ofereceu um agradecimento silencioso.
A caminho da mansão Walker, o carro permaneceu mergulhado em um silêncio quase absoluto. As lágrimas de Elizabeth corriam silenciosas, escondidas pela cortina dos cabelos.
John sabia que ela chorava. Mas o orgulho o impedia de pedir desculpas.
Na sua mente distorcida, ela o havia provocado, ela era a culpada.
*****
A fachada da mansão Walker estava esplendorosamente iluminada, com holofotes projetando sombras sobre a arquitetura clássica.
John desceu do carro primeiro, a compostura forçada, a postura rígida como uma armadura invisível.
Contornou o veículo e abriu a porta para Elizabeth.
Por um breve e fugaz instante, seus olhares se encontraram, um lampejo gélido no dele, uma tristeza resignada no dela.
Se John queria humilhá-la diante da família, ela não ia permitir.
Com uma dignidade silenciosa, ergueu a cabeça, preparando-se para enfrentar a família de John e seus ilustres convidados.
O hall de entrada fervilhava com convidados impecavelmente vestidos. Garçons deslizavam entre eles, oferecendo taças de cristal e petiscos sofisticados, enquanto um quarteto de cordas tecia uma melodia suave.
- John, querido.
Se aproximou oferecendo o rosto para um beijo do filho, e então voltou-se para Elizabeth com certo espanto, a mulher estava pálida em um vestido preto totalmente sem graça.
Parecia um fantasma da mulher alegre e radiante que ela conheceu. Mas a surpresa passou e foi substituída por uma fria saudação.
— Elizabeth, como vai?
— Muito bem, senhora Sinclair — respondeu Elizabeth, mantendo um sorriso educado.
John surpreendeu-se com a doçura e a firmeza da voz de Elizabeth.
Ela parecia alheia ao fato de seu traje destoar completamente do luxo ostentado pelas outras mulheres no salão, todas impecáveis em vestidos caros, penteados elaborados e maquiagem perfeita.
Nem mesmo o trauma de menos de uma hora a havia quebrado.
John, contra sua vontade, sentiu uma ponta de admiração pela atitude da esposa. Mas ele não queria admirá-la, ele queria vê-la humilhada.
— Seu avô não para de perguntar por vocês. Vou levá-los até ele — anunciou Martha, tomando a iniciativa.
John pegou Elizabeth pelo cotovelo firme e enquanto a conduzia entre os convidados, que os saudavam com um "boa noite" formal ou um aceno de cabeça discreto.
— Se comporte diante do meu avô, entendeu? — sussurrou John, a voz baixa e ameaçadora próxima ao seu ouvido.
A pressão dos dedos de John em seu braço, a proximidade de seu corpo e o hálito quente tão perto de seu rosto desencadearam uma reação física inesperada em Elizabeth, como se uma corrente elétrica a percorresse.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...