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Amargo Contrato de Casamento romance Capítulo 27

Elizabeth

A semana passou lenta e a rotina da ausência de John continuava até que o toque do celular a sobressaltou.

Ao ver o nome de John no visor, uma onda de ansiedade a invadiu.

Era a primeira vez que ele telefonava diretamente para ela, geralmente Bruce que entrava em contato com ela, geralmente para avisar que John teria compromisso a noite ou sobre assuntos relacionados a casa.

Com as mãos trêmulas, atendeu.

— Alô — sua voz mal saiu em um sussurro.

Um silêncio carregado pairou na linha, seguido por uma respiração pesada.

— Elizabeth — John fez uma breve pausa, a voz desprovida de qualquer emoção

— Hoje é o aniversário do meu avô, e ele exige a sua presença. Esteja pronta às vinte horas.

Sem esperar por uma resposta, a ligação foi abruptamente encerrada.

Elizabeth permaneceu segurando o telefone, ansiando por ouvir novamente a voz de John, mas tudo o que ouviu foi o silêncio.

Levou um instante para processar as palavras frias e diretas.

Finalmente, John a levaria à imponente mansão Walker, e a ocasião era o aniversário do avô dele.

Uma ponta de preocupação a atingiu: não possuía um vestido adequado para um evento tão formal, apenas as roupas que John lhe dera no dia do casamento.

Com um sorriso esperançoso, ligou para James e pediu o carro.

Pela primeira vez em muito tempo, queria estar à altura de um momento ao lado do esposo imponente, belo e impecável.

*****

Às vinte horas, John desceu a escadaria impecável em seu terno azul-marinho sob medida.

Na sala de estar, Elizabeth o aguardava com o coração palpitante de expectativa. Arrumara-se com cuidado, na vã esperança de agradar o marido.

O vestido azul que escolheu realçava a profundidade de seus olhos; o tecido leve, o corte simples e sofisticado delineava suas curvas delicadamente, sem vulgaridade. Uma maquiagem leve apenas exaltava sua beleza natural, prendeu os longos cabelos levemente deixando-os cair como ondas.

Ao vê-la, a reação de John foi completamente diversa do que ela imaginara.

Primeiro, ele estacou, a surpresa estampada no rosto, observando-a com um olhar indecifrável.

Lentamente, sua expressão se transformou, e um temor frio percorreu Elizabeth.

Parado, John fitava Elizabeth em seu vestido azul, a beleza dela o atingindo como um choque. Pela primeira vez desde o casamento, a via sem as roupas escuras.

Ela irradiava um brilho, uma aura quase angelical. Linda, desejável. O desejo que ele vinha reprimindo com tanto esforço aflorou novamente.

Mas junto ao desejo de tomá-la em seus braços, algo mais se inflamou, uma raiva súbita e inexplicável que lhe retesou os músculos.

Caminhava de um lado para o outro, tentando em vão acalmar a tempestade interior.

Pegou outro copo, serviu mais whisky e bebeu avidamente, desta vez batendo o copo com força no balcão do bar.

Olhou para o reflexo no espelho e viu um rosto distorcido pela raiva e pela confusão, viu o reflexo de um homem que não reconhecia.

— O que deu em você? — rugiu para a própria imagem.

Sua imagem refletia tudo o que ele mais temia: um homem que perdeu o controle.

Elizabeth

Elizabeth permaneceu por longos minutos no chão frio de seu pequeno quarto, abraçada ao vestido rasgado como se ele pudesse protegê-la.

As lágrimas escorriam silenciosas, queimando sua pele. Tentava entender o que havia acontecido, mas não encontrava lógica, apenas dor.

Respirou fundo, tentando conter o soluço.

Levantou-se com dificuldade e vestiu um vestido preto todo fechado de mangas compridas, mas o tecido era leve e discreto, deixou os cabelos soltos, sem maquiagem.

Os olhos ainda estavam vermelhos, mas já sem lágrimas.

Sabia que precisava voltar. Ele havia ordenado.

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