Os dois retornaram no salão principal e foram conduzidos até uma fila, onde aguardavam para serem introduzidos à sala de jantar.
Os lugares à mesa eram marcados. Ninguém se importava em ficar na última cadeira, afinal era uma honra se sentar à mesa de um Walker.
Assim como o imenso salão de festas, o salão de jantar exalava luxo. Lustres de cristal pendiam do teto alto, lançando brilhos sobre uma mesa longa e imponente, preparada para cento e vinte convidados.
Estava ricamente adornada com uma toalha branca bordada, talheres de prata, porcelana fina, taças de cristal e arranjos delicados de flores amarelas, compondo uma atmosfera de ostentação calculada.
Elizabeth e Adam aguardavam sua vez.
Quando ela informou seu nome, não foi conduzida à cabeceira, onde John se encontrava ao lado de Oliver e das filhas com suas respectivas famílias.
Em vez disso, foi levada ao lado oposto da mesa e seu coração quase parou ao perceber que a loira estonteante estava sentada ao lado de John.
Sentiu os olhares se voltarem para ela, inquisidores, maliciosos. Ainda assim, manteve a compostura. Ergueu o queixo e caminhou com elegância, sem desviar os olhos nem permitir que a insegurança transparecesse.
Ao ser acomodada na última cadeira, agradeceu com um sussurro contido ao garçom:
— Obrigada.
Com delicadeza, pegou o guardanapo, repousou-o sobre o colo e fixou o olhar no prato à sua frente.
Não ousou levantar os olhos, tampouco mirar a cabeceira oposta.
Justamente daquele lado da mesa, ela tinha visão direta de John e da loira, mas se recusava a conceder a ele o prazer de notar qualquer fragilidade sua.
Por fora, sua postura era firme, quase majestosa. Por dentro, porém, ela se desfazia em pedaços. Cada segundo era uma batalha silenciosa para preservar a dignidade.
Nem sequer olhou para quem se sentava ao seu lado. Temia encarar olhares de desdém, de desprezo ou pior, de escárnio.
— Que sorte a nossa. — disse Adam, ao sentar-se ao lado dela com um sorriso leve — Nos colocaram juntos.
Elizabeth o fitou com um misto de alívio e gratidão. Ele não precisava dizer mais nada; o olhar de Adam parecia lhe dizer: Força. Você não está sozinha.
Do outro lado da mesa, John observava tudo. A princípio, ficou contrariado ao saber que sua mãe havia trocado os lugares de Elizabeth por Pamela.
- Ela retornou a cidade a pouco tempo - Havia dito. - Não conhece quase ninguém e vocês têm muitas afinidades.
Quando Elizabeth entrou no salão, ele percebeu a surpresa dela ao ver Pamela ao seu lado. Ela desviou o olhar rapidamente e seguiu o garçom até o extremo oposto da mesa.
Ele achou que sua mãe havia exagerado… até vê-la caminhar com postura altiva, ignorando os olhares surpresos e os risos abafados de algumas mulheres. Sentou-se com uma dignidade inquestionável e, em momento algum, voltou a olhar para ele.
John pensou que Elizabeth era uma fortaleza envolta em mistério. Havia nela uma força que ele jamais vira em outra mulher. Qualquer uma, naquela situação, estaria à beira da histeria.
Pensou em reclamar com a mãe pela distância absurda entre eles, mas parou ao ver Adam se sentando ao lado dela, sorridente.
O sangue ferveu. Sabia que Adam e Elizabeth eram amigos de infância e aquilo, provavelmente, fazia parte dos jogos de sua mãe.
Lançou um olhar a Martha, que retribuiu com um sorriso satisfeito, como se lhe fizesse um favor.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...