Naquela noite, como de costume, Elizabeth aguardava pelo carro de John subir a alameda. Mesmo que fosse apenas para receber um seco "boa noite", ou vê-lo lhe virar as costas, era um dos poucos momentos que ela conseguia vê-lo e ela ainda desejava encontrá-lo, nem que fosse por um instante.
— Boa noite, John — disse com polidez, sem esboçar um sorriso.
— O que você conversou com meu avô? — perguntou ele, com a habitual rispidez com que sempre lhe dirigia a palavra.
— Falamos sobre vários assuntos… jogamos… - Elizabeth ainda não havia se acostumado com a rispidez do esposo.
— Sobre filhos. O que você disse sobre filhos? — Interrompeu, a voz carregada de tensão.
— Bem… ele comentou… comentou que gostaria muito de ter um bisneto — balbuciou ela, hesitante.
— E você alimentou essa esperança? — acusou, aproximando-se com hostilidade.
Elizabeth recuou um pouco e arreganhou os olhos surpresa.
— Não… eu disse apenas que ainda não tínhamos conversado sobre isso.
— Ele me ligou exigindo um filho — os olhos de John faiscavam. — Eu não vou ter um filho com você. Nem ouse cogitar isso. Entendeu?
— Eu sei, John. Você já deixou isso bem claro… Mas o que eu poderia dizer? — A voz dela tinha um tom de indignação e os olhos sustentavam os dele, firmes. — Que sou sua esposa apenas no papel? Que assim que completarmos três anos de casados, iremos divorciar?
Ele se aproximou ainda mais, ameaçador, mas Elizabeth desta vez não recuou. Não havia raiva em seu olhar, tampouco mágoa. Apenas dignidade. Ele a acusava, a desprezava e a humilhava, mas não permitiria que lhe tirasse sua dignidade.
John não respondeu. Ela estava certa. Assentiu de leve a cabeça e virou-se bruscamente em direção à escada.
— Vai jantar em casa hoje? — perguntou ela, com voz firme, embora por dentro estivesse tremendo.
Ele parou, pensativo, antes de responder:
— Vou. — E subiu a escada.
Naquela noite, mais uma vez, John jantou sozinho na imensa mesa de jantar. Enquanto Elizabeth também jantava sozinha na cozinha. Cada um em sua solidão.
Elizabeth
Sozinha em seu quarto, Elizabeth sentou-se à beira da cama. Olhou para o crucifixo sob a escrivaninha e, ao lado, seu terço como um convite à oração. Mas, pela primeira vez, ela não encontrou forças para rezar.
Sentia-se vazia. Ferida. Cansada de suplicar.
Parecia que quanto mais rezava, mais distante John se tornava. Pedia a Deus para tirar esse amor de seu peito, mas o coração dela ainda sentia amor. Muito amor. Amava-o profundamente
Não queria chorar mais uma vez por um amor que parecia não ter retorno.
Recordou das histórias que lia sobre a vida dos santos que conhecia. Muitos haviam passado por sofrimentos profundos antes de verem suas orações atendidas. Muitos experimentaram desprezo, injustiça, solidão. Mas não desistiram.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...