Elizabeth
Os dias seguintes passaram lentos, arrastados. Elizabeth passava a maior parte do tempo no quarto de hóspedes, repousando, lendo um livro ou trechos da Bíblia ou apenas olhando para o jardim pela janela.
Alice sempre atenciosa e também era boa de conversa, as duas conversavam sobre amenidades como tempo, jardinagem e culinária.
Seu tornozelo já não doía tanto e ela conseguia caminhar quase normalmente, mas continuava ali, sentindo-se uma estrangeira naquela casa que, tecnicamente, era sua.
John saía cedo todas as manhãs para o trabalho, e voltava para o jantar. Primeiro ia visitá-la rapidamente e depois do jantar ia para o escritório onde ficava até tarde. Sempre estava ao telefone tratando de negócios.
Durante o período de recuperação de Elizabeth, John quase não saia às noites. Às vezes quando subia mais cedo para o quarto dele, primeiro passava pelo quarto de Elizabeth, mas não entrava, da porta mesmo lhe deseja um “boa noite”.
Em um desses dias ele ficou na porta só a observando, antes de se virar e ir para seu quarto que ficava ao lado.
Elizabeth o viu se afastar, com um suspiro recostou a cabeça no travesseiro atenta a qualquer barulho vindo do quarto ao lado, mas ela ouvia só o silêncio.
Naquela noite nenhum dos dois conseguiu dormir bem, ambos ficaram olhando para a parede que os separava. Tão perto um do outro, mas ao mesmo tempo tão longe.
*****
Em outra ocasião, John chegou tarde após um jantar de negócios e ao passar pelo quarto de hóspedes viu que a porta estava apenas entreaberta o suficiente para vê-la.
Ele abriu a porta devagar, ela dormia com o rosto voltado para a porta, a luz do luar entrava o suficiente para banhar o contorno de seu corpo adormecido sob os lençois. Parecia dormir tranquilamente, sem se mexer. Não era possível ver seu rosto, e John não sabia se ela estava dormindo ou não.
Ele permaneceu ali por alguns segundos ou minutos, observando-a em silêncio. Sentiu algo apertar em seu peito. Quis entrar, tirar os sapatos, se aproximar, deitar e apenas dormir sentindo que ela estava ao seu lado. Mas balançou a cabeça, fechou a porta devagar e seguiu para o próprio quarto.
Elizabeth não estava dormindo quando viu a silhueta de John parado na porta, ela ficou apreensiva na expectativa se ele ia entrar ou não. Ficou em silêncio, aguardando e desejando que ele entrasse, ela queria reagir ou falar, mas a expectativa era tão grande que ficou paralisada, mas ao vê-lo fechar a porta, suspirou decepcionada.
*****
Quando Elizabeth já se sentia totalmente recuperada, numa manhã acordou determinada. Decidiu que não ficaria mais naquele quarto grande e frio, decorado com móveis caros. Aquele não era seu lugar. Queria voltar para seu pequeno quarto dos fundos, seu refúgio, onde ao menos podia sentir-se em paz, longe dos olhares frios e indiferentes de John.
Elizabeth estava na cozinha com o chef Jofre e a ajudante Amalie, depois que ela se sentia melhor e já podia andar sem esforço, ela passou a ficar mais tempo na cozinha onde trocava receitas e dicas com o chef Jofre que ficou surpreso ao saber que a senhora Walker era uma chef excepcional e até mesmo sentiu que ela era mais talentosa que ele.
Enquanto eles estavam falando sobre o cardápio do jantar, ela ouviu o carro de John, ele chegou mais cedo do que o habitual. Ouviu ele entrar com seus passos firmes e ir direto para o escritório. Ela deixou a cozinha e foi procurá-lo no escritório.
Parou na porta ao ouvir sua voz firme, discutindo algo com alguém ao telefone. Sua voz era fria, dura, sem qualquer emoção. Ficou parada na porta por alguns minutos, ouvindo até que o silêncio voltou a reinar.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Amargo Contrato de Casamento
Olá, quero deixar aqui meus sinceros parabéns por essa linda história, eu amei. Que Deus abençoe vc e toda a sua família...
História linda e emocionante como a fé e o amor são capazes de transformar vidas....
Maravilho...